Governo vai distribuir 150 mil testes rápidos para enfrentamento à hanseníase

Com essa iniciativa, o Brasil será o primeiro país no mundo a oferecer gratuitamente insumos para a detecção da doença na rede pública. 

A partir deste mês, o Ministério da Saúde dará início à distribuição de 150 mil testes rápidos para o apoio ao diagnóstico da hanseníase no Sistema Único de Saúde (SUS). Com essa iniciativa, o Brasil será o primeiro país no mundo a oferecer gratuitamente insumos para a detecção da doença na rede pública. 

O anúncio da medida foi realizado durante a cerimônia de abertura do seminário “Hanseníase no Brasil: da evidência à prática”, que ocorreu no dia 24 de janeiro.

Na ocasião, a ministra da saúde, Nísia Trindade, destacou a importância da iniciativa, esclarecendo que a entrega dos testes rápidos é fruto de pesquisas realizadas por instituições brasileiras: a Universidade Federal de Goiás (UFG), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e os Institutos de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).  

As unidades divididas em dois tipos serão destinadas aos indivíduos que tiveram contato próximo e prolongado com casos confirmados da enfermidade: o teste rápido (sorológico) e o teste de biologia molecular (qPCR).

Já uma terceira modalidade, de biologia molecular (PCR), também será oferecida para ajudar na detecção da resistência a antimicrobianos. As três tecnologias foram incluídas no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da hanseníase em julho de 2022.   

A Hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae e é contagiosa mas com baixo potencial de transmissibilidade.

Valorização dos profissionais de saúde  

No evento também foi apresentado o resultado de vivências de sucesso no enfrentamento à infecção. No total, o Ministério da Saúde selecionou, por meio do Edital de Mapeamento de Experiência Exitosas em Hanseníase, 10 dentre 52 inscritos para trazer visibilidade às ações bem-sucedidas ao SUS e estimular os profissionais de saúde que atuam na linha de frente. 

Na ocasião ainda aconteceu o lançamento do Painel Interativo de Indicadores – Hanseníase no Brasil, com acesso a dados da infecção, com base no levantamento do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Os participantes do seminário receberam os dados atualizados do Boletim Epidemiológico da Hanseníase 2023. 

Outra novidade apresentada no seminário foi o AppHans, que será usado para a construção de uma política pública de maior acesso e com mais tecnologia. A iniciativa visa oferecer conteúdo textual e visual para apoiar os profissionais de saúde no diagnóstico, tratamento, prevenção de incapacidade física e reações hansênicas.

Os participantes conheceram a versão Beta do aplicativo e tiveram espaço para apoiar o MS com sugestões para consolidação das versões para Android e iOS, antes que a versão final seja disponibilizada para o usuário.

Estratégia nacional de enfrentamento 

A perspectiva é que os estados fomentem a implantação do Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase (PCDT), com novos testes nos municípios, apoiados pela definição da linha do cuidado da enfermidade e alinhada à adoção das ações propostas na Estratégia Nacional para Enfrentamento à Hanseníase 2023-2030, de forma a possibilitar o alcance das metas, que são:

  • Reduzir em 55% a taxa de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos de idade até 2030 – levando em consideração o ano-base de 2019, 3,44 casos novos por 100.000 habitantes;
  • Reduzir em 30% o número absoluto de casos novos com Grau de Incapacidade Física 2 (GIF2) — quando o paciente apresenta lesões consideradas graves nos olhos, mãos e pés — no momento do diagnóstico de hanseníase até 2030 – levando em consideração o ano-base 2019, que registrou 2.351 casos novos com GIF2 no momento do diagnóstico;
  • Dar providência a 100% das manifestações sobre práticas discriminatórias em hanseníase registradas nas Ouvidorias do SUS.

 

Números atuais  

O Ministério da Saúde aponta que nos últimos 11 anos, considerando a série histórica da taxa de detecção de 2010 e 2021, a hanseníase apresentou padrão de redução com pequenas mudanças no período de 2017 a 2019, o que pode ser associado ao fomento de capacitações dos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) com a estratégia de busca ativa dos contatos e de casos suspeitos na comunidade, apoiados pela epidemiologia espacial. 

Entre 2020 e 2021 ocorreu a maior redução da taxa de detecção geral. No entanto, o número pode estar relacionado aos efeitos da sobrecarga dos serviços de saúde e pelas restrições durante a pandemia da covid-19. Vale lembrar que durante os dois primeiros anos de crise sanitária do novo coronavírus, os diagnósticos da enfermidade reduziram cerca de 35%. 

Em 2022, mais de 17 mil novos casos de hanseníase foram diagnosticados no país, conforme dados do levantamento preliminar realizado pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde.

Devido à alta quantidade de registros anuais, a doença ainda é considerada um problema de saúde pública e a pasta estabelece como medida obrigatória o aviso compulsório e investigação dos casos suspeitos.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/janeiro/ministerio-da-saude-vai-distribuir-150-mil-testes-rapidos-para-enfrentamento-a-hanseniase

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