AIDS 2022: OMS atualiza guidelines da profilaxia pré-exposição

O primeiro dia da 24th International AIDS Conference (AIDS 2022), ontem (29), contou com apresentações de membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) e mostrou as principais atualizações dos guidelines a serem lançados esse ano.

O primeiro dia da 24th International AIDS Conference (AIDS 2022), nesta sexta-feira (29), contou com apresentações de membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) e mostrou as principais atualizações dos guidelines a serem lançados este ano.

Entre os temas revistos, as indicações de PrEP ganharam destaque. Veja agora as principais mudanças.

 

PrEP de longa duração agora é recomendada oficialmente

Cabotegravir injetável de longa duração (CAB-LA) foi incluído como uma opção adicional para prevenção em pessoas com risco substancial de infecção pelo HIV, como parte das estratégias combinadas de prevenção. O uso de CAB-LA aparece como recomendação condicional e como certeza de evidência moderada.

A nova recomendação foi baseada nos resultados de dois grandes ensaios clínicos randomizados conduzidos em homens que fazem sexo com homens e mulheres transgênero, e em mulheres cisgênero (HPTN 083 e HPTN 084, respectivamente). Em ambos, o CAB-LA mostrou-se altamente eficaz na prevenção de novas infecções pelo HIV, com redução no risco relativo de 79%, variando de 66% no HPTN 083 a 88% no HPTN 084.

O esquema de CAB-LA também apresentou maiores taxas de adesão quando comparado com o esquema oral tradicional de FTC/TDF. Adesão é essencial para a eficácia das modalidades de PrEP, sendo uma das principais causas de falha nos ensaios clínicos realizados até o momento.

Interessante notar, entretanto, que, no HPTN 083, a adesão tanto ao CAB-LA quanto ao FTC/TDF caiu ao longo do primeiro ano de seguimento após a retirada do cegamento do estudo. Esse fato demonstra que o reforço de adesão deve ser uma orientação permanente nos cuidados de pessoas em uso de PrEP.

Até o momento, a Food and Drug Administration (FDA) recomenda testes moleculares antes do início e a cada 2 meses em indivíduos que utilizam CAB-LA como PrEP. Em seu guideline, a OMS considera que a realização desse tipo de teste não é mandatória e os países devem seguir os algoritmos de diagnóstico de HIV já vigentes.

Apesar da incorporação do CAB-LA no guideline da OMS, ainda existem áreas de incerteza a serem exploradas, como ausência de dados da vida real e de populações específicas e poucos dados em relação à resistência, a eventos adversos em gestantes e lactantes e à interação com hormônios sexuais. Dados iniciais sugerem que não há interação importante entre CAB e hormonioterapia e a segurança em gestantes e lactantes está sendo avaliada no seguimento das participantes do HPTN 084.

Outro ponto importante é ralação custo-efetividade. Uma revisão realizada pela OMS – com 7 estudos publicados e 4 com resultados preliminares ainda não publicados – mostrou resultados conflitantes. Nos modelos utilizados, a relação custo-efetividade variou muito em diferentes cenários, com custo sendo um dos principais fatores.

 

PrEP oral: ampliação de indicações e simplificação do monitoramento

O uso de PrEP oral, com FTC/TDF, vem crescendo mundialmente, mas o número de pessoas utilizando essa estratégia ainda está bem distante dos alvos estabelecidos para 2025. Entre as atualizações do guideline está a retirada de infecção por HBV como contraindicação a FTC/TDF.

Serviços de PrEP podem fornecer uma oportunidade única para investigar múltiplos problemas de saúde, incluindo infecções por HBV e HCV. A OMS recomenda que usuários de PrEP devem ser testados para HBsAg pelo menos uma vez, no início da PrEP ou dentro de 3 meses. Para HCV, testagem diagnóstica é recomendada no início ou nos primeiros 3 meses de PrEP e anualmente após isso.

Importante destacar que infecções por HBV ou HCV não são contraindicações para PrEP oral e que FTC/TDF pode ser iniciado antes dos resultados de testes diagnósticos e que esses não são necessários para administração do medicamento.

Outra mudança é no monitoramento da função renal. Para indivíduos sem comorbidades, com até 49 anos e com TFG > 90, monitorar a função renal tornou-se opcional, uma vez que o risco de desenvolvimento de disfunção renal é considerado como muito baixo. Para os com comorbidades ou com 50 anos ou mais, recomenda-se avaliação inicial da função renal nos primeiros 3 meses após início da PrEP e a cada 6 a 12 meses se TFG < 90 mL/min.

Por fim, a OMS coloca os auto-testes para HIV como opção complementar para o monitoramento de pessoas em uso de PrEP, podendo resultar em menos visitas aos serviços e ser preferido pelos usuários pela conveniência e privacidade.

 

Confira mais da cobertura do Portal PEBMED na IAS 2022:

IAS 2022: TAF é tão bom quanto TDF em pacientes com coinfecção HIV/HBV?
IAS 2022: novidades dos guidelines da OMS – meningite criptocócica
IAS 2022: doxiciclina como profilaxia pós-exposição de IST
IAS 2022: antirretrovirais e ganho de peso – mais evidências
IAS 2022: TARV, hormonioterapia e aspectos metabólicos

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades