ID Week 2022: Tratamento de infecções respiratórias ganha destaque

Doenças estão entre as principais causas de complicação e internação hospitalar.

Infecções respiratórias estão entre as maiores causas de internação e morte na prática clínica, podendo causar quadros graves em crianças, adultos e idosos. Nesse contexto, o tratamento mais adequado dessas condições ganha destaque, sendo tema de uma das sessões do ID Week 2022. 

Pneumonia comunitária e modalidade de tratamento 

Pneumonia bacteriana comunitária é a principal causa de hospitalização nos Estados Unidos e têm igual importância em outros países.  O tratamento empírico de pacientes que precisam de internação hospitalar envolve, muitas vezes, o uso de antibióticos por via intravenosa. 

Antibioticoterapia oral apresenta vantagens potenciais em relação à terapia IV, como menor risco de infecções e de formação de trombos, diminuição do tempo de hospitalização e menores custos associados. Apesar de guidelines recomendarem a substituição para via oral assim que possível, observa-se que troca precoce é raramente realizada na prática e grandes estudos de vida real em pacientes hospitalizados são raros. 

O estudo apresentado na conferência usou dados observacionais para avaliar diferenças nos desfechos de pacientes com pneumonia em que houve troca de via de tratamento de forma precoce em relação aos que receberam outra estratégia de tratamento. 

Métodos 

Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo, multicêntrico, conduzido em 642 hospitais norte-americanos entre os anos de 2010 e 2015. O estudo incluiu pacientes adultos internados com diagnóstico de pneumonia ou com sepse ou insuficiência respiratória com pneumonia associada. Pacientes com outros diagnósticos, como fibrose cística, transplante de pulmão e com outras infecções foram excluídos, assim como os que não completaram pelo menos 3 dias de antibióticos, foram a óbito com menos de 3 dias de internação ou que não poderiam receber medicação por VO no D3 de internação. 

O desfecho primário foi mortalidade intra-hospitalar em 14 dias e desfechos secundários avaliados incluíram tempo de hospitalização, piora clínica (definida como transferência para unidade de terapia intensiva ou evolução para ventilação mecânica depois do 3º dia), custos e tempo total em dias de uso de antimicrobianos. 

Resultados 

Foram incluídos 378.041 pacientes no estudo, dos quais 53% eram mulheres. A mediana de idade foi de 71 anos. Trinta e um por cento tiveram antibioticoterapia trocada para VO antes da alta hospitalar e 6% após o terceiro dia. A mortalidade intra-hospitalar global em 14 dias foi de 2,4%. 

A maioria dos pacientes foi inicialmente tratada com cefalosporinas de terceira geração (28%), fluoroquinolonas (22%) e macrolídeos (13%). Na realização de switch para terapia oral, as classes mais frequentemente prescritas foram fluoroquinolonas (44%), macrolídeos (20%) e beta-lactâmicos (9%). 

Quando comparados com os que receberam outras estratégias terapêuticas, troca precoce para terapia VO esteve associada a menor tempo de uso de antibióticos, menores custos hospitalares e menor tempo de hospitalização. Não houve diferença na mortalidade intra-hospitalar e nem na taxa de evolução para ventilação mecânica. 

Como as práticas assistenciais variam entre diferentes hospitais, os locais de estudo foram separados em quartis de acordo com a taxa de switch para terapia VO. Mesmo após essa estratificação, não houve diferença de mortalidade intra-hospitalar em 14 dias entre os grupos. Também não foi encontrada diferença em proporção de transferência para UTI. Os hospitais em que troca precoce era mais frequente apresentaram menor tempo total de uso de antibióticos, menor tempo de hospitalização e menor taxa de evolução para ventilação mecânica. Contudo, não se observou diferença em relação a custos hospitalares entre os diferentes quartis. 

Mensagens práticas 

Em pacientes hospitalizados com pneumonia comunitária, troca precoce para antibioticoterapia oral não esteve associada a piores desfechos clínicos, sendo associado a menor exposição a antimicrobianos e menor tempo de permanência hospitalar.

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