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As infecções são complicações frequentes em indivíduos hospitalizados, particularmente naqueles em tratamento oncológico. Além dos custos, os processos infecciosos aumentam as taxas de mortalidade. Joseph Menzin et al observaram que a ocorrência de infecção fúngica invasiva (IFI) resultou em menor sobrevida nos casos de transplante de células-tronco hematopoiéticas e de órgãos sólidos, tumores sólidos e neoplasias hematológicas, doença pulmonar obstrutiva crônica, diabetes mellitus e infecção pelo HIV. Por exemplo, na população estudada, a mortalidade entre os indivíduos submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas que apresentaram infecção fúngica invasiva foi de 29%, enquanto que, nos pacientes submetidos ao procedimento que não tiveram a complicação, a taxa foi de 6%.
A padronização de conceitos sobre infecção fúngica invasiva é importante, pois permite a comparação entre resultados de diferentes estudos, a realização de análises epidemiológicas e a avaliação de testes diagnósticos e antifúngicos. Tendo isso em vista, a European Organization for Research and Treatment of Cancer e o Mycoses Study Group Education and Research Consortium revisaram algumas definições acerca do assunto.
O diagnóstico de IFI pode ser possível, provável ou provado. Quando o paciente tem fator(es) de risco e sinal(is) e sintoma(s) sugestivo(s), considera-se o diagnóstico como possível. Se, associado ao risco e à clínica, houver evidência micológica, o diagnóstico passa a ser provável. A infecção fúngica invasiva é confirmada quando há demonstração histopatológica.
De uma forma geral, os principais fatores de risco para IFI são:
Em relação ao diagnóstico hematológico, observa-se maior incidência de infecção fúngica invasiva nos indivíduos com leucemias agudas, seguidos pelos pacientes com linfoma. Por isso, o risco de IFI é estratificado de acordo com a condição de base em baixo, intermediário e alto:
Como dito anteriormente, o diagnóstico de IFI é comprovado quando há demonstração histopatológica. No entanto, muitas vezes, isso não é possível devido às próprias condições clínicas do paciente. Por exemplo, indivíduos submetidos à quimioterapia para tratamento de leucemia aguda ou ao transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas apresentam, além da neutropenia, outras alterações laboratoriais, incluindo trombocitopenia, a qual é grave na grande maioria das vezes. Trombocitopenia grave é contraindicação para procedimentos invasivos, como biópsia pulmonar ou de lesão em sistema nervoso central.
Sendo assim, muitas vezes, a terapia é iniciada empiricamente, quando o diagnóstico de infecção fúngica invasiva é provável, ou seja, quando há fatores de risco, sintomatologia compatível e evidência micológica (exemplo: cultura ou PCR positivo). Tal evidência não é suficiente para confirmação diagnóstica, visto que vários fatores podem interferir na análise, gerando resultados falso-positivos, como uso de antibióticos, hemodiálise, colonização, bacteremia e presença de autoanticorpos. Fabianne Carlesse et al recomendam tratamento empírico para aspergilose nos pacientes neutropênicos com leucemia aguda ou pós-transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas, que mantêm febre por mais de 96 horas apesar da antibioticoterapia de amplo espectro, e que apresentam achados tomográficos sugestivos e galactomanana positiva. Se a tomografia for sugestiva, porém a galactomanana for negativa, a investigação de IFI deve prosseguir (por exemplo, pode-se tentar realizar broncoscopia para análise do lavado broncoalveolar), podendo-se considerar o início do tratamento empírico até a liberação dos resultados. Por outro lado, se os exames complementares forem negativos, outras causas para a febre devem ser pesquisadas.
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Referências bibliográficas:
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