Introdução alimentar: BLW e BLISS

BLW é uma sigla proveniente do termo em inglês “Baby-Led Weaning”, enquanto BLISS provém do termo “Baby-Led Introduction to SolidS”.

BLW é uma sigla proveniente do termo em inglês “Baby-Led Weaning” ou “desmame guiado pelo bebê” enquanto BLISS provém do termo “Baby-Led Introduction to SolidS” ou “introdução de sólidos guiado pelo bebê”, que na prática consiste numa adaptação do BLW.

Ambos são métodos de desmame baseados na autoalimentação do bebê, de modo que os pais não utilizam colheres nem preparam papas e purês para a criança. As vantagens desses métodos são o maior desenvolvimento neuropsicomotor da criança, familiaridade com as diferentes consistências, maior autonomia e independência da criança e menor risco de obesidade e sobrepeso infantil.

Esses métodos de desmame não devem ser iniciados antes dos seis meses de vida da criança, pois é necessário que ela já tenha a habilidade de se manter sentada sem apoio, para ter as mãos livres para manipular os alimentos além da habilidade de buscar objetos e levar até a boca.

Os alimentos devem ser cozidos ou in natura, cortados em tiras maiores do que a mão da criança, pois as crianças devem conseguir pegar com a mão toda e ficar uma parte do alimento para fora. Alimentos esféricos ou ovais, como a uva, por exemplo, devem ser cortados ao meio.

Alimentos escorregadios, como a banana, por exemplo, pode-se deixar a casca em um pedaço dela (mais ou menos do tamanho da mão da criança) e o restante sem casca, de modo a facilitar a preensão do alimento pela criança. Assim como na introdução alimentar tradicional não devem ter adição de sal ou açúcares.

A grande diferença entre o BLW e o BLISS é a seleção dos alimentos ofertados à criança.

No BLW devem ser ofertadas frutas in natura cortadas em tiras maiores que o punho da criança e o almoço e jantar devem ter a seguinte composição: cereais ou tubérculos + leguminosas + legumes ou verduras + frango, carne vermelha (inclusive miúdos), peixe, ovos ou derivados de leite.

A criança vai pegando o alimento conforme preferência. A criança determina qual alimento e qual a quantidade comer. O controle dos mais basicamente se limitar à quantidade e variedade oferecida.

Por outro lado, o BLISS possui uma preocupação com a quantidade de calorias e ferro ingeridos pela criança, além do risco de asfixia de alguns alimentos, por isso propõe uma lista de alimentos que devem ser ofertados.

No almoço e jantar do BLISS, é necessário que o prato, dentro da composição proposta pelo BLW (cereais ou tubérculos + leguminosas + legumes ou verduras + frango, carne vermelha, peixe, ovos ou derivados de leite), tenha um alimento de alto teor energético e um alimento rico em ferro, bem como se evitar a oferta de alimentos com alto risco de asfixia.

Leia também: Estudo compara ingestão de nutrientes em bebês de 6 a 12 meses utilizando o desmame tradicional ou o método BLW

BLISS

Alimentos ricos em ferro:

  • Carne bovina
  • Frango
  • Peixe
  • Fígado
  • Carne suína
  • Feijão
  • Grão de bico

Alimentos com alto teor energético:

  • Abacate
  • Banana
  • Abóbora
  • Batata
  • Batata doce
  • Batata baroa (ou mandioquinha)
  • Alimentos com adição de uma colher de azeite extravirgem

Alimentos com elevado risco de asfixia 

  • Hortaliças cruas
  • Verduras
  • Maçã crua
  • Nozes
  • Frutas secas (ou passas)
  • Cereja
  • Tomate cereja
  • Uva
  • Ervilha
  • Milho
  • Alimentos que não são amassados quando pressionados contra o céu da boca
  • Alimentos que quando amassados, ficam aderidos ao céu da boca

Pode ser mais difícil ofertar cereais no início, por isso pode trocar por tubérculos. Nos horários das frutas pode ou não ofertar mais de uma fruta para a criança escolher. Os alimentos devem ir diminuindo de tamanho conforme a criança vai adquirindo habilidade para pegar objetos menores, principalmente o movimento de pinça.

Ambos os métodos de introdução alimentar, demandam de bastante tempo da família para o preparo e oferta do alimento à criança além de uma família atenta principalmente aos sinais de asfixia e perda de peso. Estudos clínicos não evidenciam diferenças significativas dos resultados entre o BLISS e o BLW na prática clínica, entretanto os profissionais de saúde mostram-se mais à vontade em utilizar o BLISS com as famílias que o BLW.

Referências bibliográficas:

  • Daniels, L., Heath, AL.M., Williams, S.M. et al. Baby-Led Introduction to SolidS (BLISS) study: a randomised controlled trial of a baby-led approach to complementary feeding. BMC Pediatr 15, 179 (2015). https://doi.org/10.1186/s12887-015-0491-8
  • Rapley G, Murkett T. Baby-Led Weaning: Helping your child love good food. London, UK: Vermilion; 2008
  • Cameron SL, Heath A-LM, Taylor RW. Healthcare professionals’‚ and mothers’‚ knowledge of, attitudes to and experiences with, Baby-Led Weaning: a content analysis study. BMJ Open. 2012
  • Brown A, Lee M. A descriptive study investigating the use and nature of baby-led weaning in a UK sample of mothers. Matern Child Nutr. 2011
  • Sociedade Brasileira de Pediatria. A Alimentação Complementar e o Método BLW (Baby-Led Weaning). Departamento Científico de Nutrologia – Sociedade Brasileira de Pediatria. 2017

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