Podemos considerar a ostomia, um procedimento que gera vulnerabilidade psíquica para aqueles que necessitam de sua realização. A ostomia desvia o fluxo de fezes até uma abertura, necessariamente provocado cirurgicamente no abdome, que denominamos “estoma”. O procedimento é realizado por necessidade clínica, onde uma bolsa removível é colocada na localidade para coletar o fluxo de fezes. A bolsa deve ser higienizada ao longo do dia e substituída quando necessário. A bolsa se faz necessária 24 horas por dia, uma vez que, não é possível controlar o fluxo intestinal. Sua indicação pode ser diversa, mas na maioria das vezes se trata de infecções, inflamações, lesões por perfuração, feridas, bloqueios ou cânceres.
A condição pode ser temporária ou permanente. Quando temos uma condição permanente, a ostomia acontecerá quando partes do reto, ânus e cólon necessitam ser removidas devido a doença ou tratamento de uma doença. Geralmente será realizada a colostomia ou ileostomia. Os procedimentos causam a necessidade de readaptação dos pacientes a uma nova forma de viver, com adaptações diárias e com cuidados específicos a localidade que envolvem orientação da equipe multiprofissional de saúde. Vamos conhecer algumas das orientações necessárias a este paciente.
Orientações a pessoa com ostomia permanente:
- Oriente o usuário que sua higiene pode ser realizada como sempre aconteceu. Não é necessário retirar a bolsa para tomar banho, pois sabão e água não prejudicam a ostomia. Apenas orienta-se quanto ao cuidado com jato de água na localidade que pode provocar lesão no local.
- Oriente o usuário a realizar a troca da bolsa de ostomia quando esta estiver em seu ponto de saturação, que consiste quando a mesma fica totalmente branca. Neste momento, caso não haja a troca, há possibilidade de vazamento do conteúdo. Lembramos que a coloração da placa pode ser um ponto de avaliação.
- Oriente o usuário a fazer a troca da bolsa quando necessário durante o banho, pois é mais fácil deslocar o adesivo sem danificar a região. Os cuidados com pele ao redor do estoma é essencial. A limpeza deve ser realizado com água e sabonete neutro sem esfregar, friccionar ou apertar o local. Oriente a não usar esponja ou outro material para limpar.
- A região deve ser limpa e protegida, não sendo indicado o uso de substâncias no local. Expor o local ao sol quando possível também é benéfico. Álcool, pomadas e outras substâncias no local são contraindicadas. A pomada de óxido de zinco é indicada quando há assaduras no local causado pelo extravasamento de fezes.
- Os odores podem ser minimizados com boa alimentação e o uso de pastilhas de carvão ativado. Alimentos podem causar diarreia, constipação, gazes ou outras complicações e por isso, oriente o paciente a sempre comer em poucas quantidades quando o alimento não for consumido constantemente, para evitar surpresas.
- Placa, bolsa reserva, roupas e outros instrumentos de higiene deve acompanhar o paciente em sua vida diária para evitar acidentes. Os profissionais devem orientar em todas as etapas, não podendo subentender que o paciente terá tais conhecimentos.
Mensagem final
A saúde mental da pessoa com ostomia definitiva ou permanente deve ser promovida pelos profissionais de saúde. A pessoa que realiza a ostomia pode desenvolver repulsa pela ostomia, dificuldade de ir ao trabalho ou a escola, dificuldade ou medo de fazer atividade física e de se relacionar afetivamente. O profissional deverá construir um planejamento de cuidados que envolva a constante avaliação psíquica e emocional do paciente, acompanhando a evolução e a readaptação do mesmo. Questões envolvendo a saúde mental da pessoa ostomizada pode ser melhor compreendida no texto: O cuidado da saúde mental das pessoas ostomizadas.