Quiz: Paciente de 86 anos com pápula eritematosa na face. Qual o diagnóstico?

Paciente fez uso de corticoterapia tópica, sem melhora. Confira o quiz completo e teste seus conhecimentos em dermatologia.

Paciente feminina, 86 anos, queixa-se de lesão papulosa, com crosta central, assintomática na região supralabial à esquerda, há quatro meses de evolução. Usou corticoterapia tópica, sem melhora.

O exame clínico e dermatoscópico é demonstrado nas imagens a seguir:

Quiz 1/

De acordo com as informações acima, assinale a melhor resposta: 

Comentários

O carcinoma basocelular (CBC) é um tumor cutâneo de crescimento lento e prevalente na população. São frequentemente múltiplos e recorrentes na pele exposta ao sol, com alguma morbidade.

É mais observado após os 50 anos de idade, mas alguns pacientes desenvolvem CBC em idade mais precoce (<40 anos), como os portadores de síndromes de predisposição genética, como xeroderma pigmentoso, ou síndrome do nevo basocelular.

O fator de risco mais significativo para o desenvolvimento do CBC é a exposição solar, tanto na infância quanto de forma recreativa ou ocupacional na vida adulta. UVA, e principalmente UVB, estão ienvolvidos. Isto explica o motivo da maioria dos tumores estarem localizados na pele exposta ao sol e é mais frequente em pessoas de pele clara.

O CBC desenvolve-se a partir de células-tronco de queratinócitos foliculares e interfoliculares. Diferentes tipos clínicos e histológicos foram descritos, como superficiais, nodulares, morfeiformes e basoescamosos. As lesões nodulares representam 60% de todos os CBCs e aparecem como nódulos ou pápulas com telangiectasias. As lesões superficiais são planas, eritematosas e descamativas, com bordas bem demarcadas; mais frequentemente encontradas no tronco de adultos jovens; e representam 20% de todos os CBC. As lesões morfeiformes são placas esbranquiçadas semelhantes a cicatrizes. Esses tumores também podem ser ulcerados e pigmentados.

O exame dermatoscópico melhora a precisão diagnóstica do tumor, permitindo diferenciar esses tumores de outros processos neoplásicos ou inflamatórios, e até mesmo diferenciar a forma confiável entre subtipos histológicos.

Um estudo recente mostrou que, na comparação entre o exame a olho nu e a dermatoscopia, a sensibilidade e a especificidade do diagnóstico melhoraram de 66,9% para 85% e de 97,2% para 98,2%, respectivamente, com a dermatoscopia.

A descrição inicial dermatoscópica de Menzies et al. baseia-se em: ausência de rede pigmentar e a detecção de uma ou mais das seguintes estruturas clássicas: ninhos ovoides azul-acinzentados, estruturas em folha de bordo, estruturas em roda de carroça, ulceração, e telangectasias arboriformes. Este modelo mostrou uma sensibilidade de 97% para o CBC pigmentado, bem como uma especificidade de 93% frente ao melanoma (MM) e de 92% em relação a lesões pigmentadas benignas. Posteriormente, outras estruturas dermatoscópicas foram relatadas.

A maioria das estruturas dermatoscópicas tem uma correlação histopatológica e essa correlação é fundamental para diferenciação dos subtipos histológicos do CBC, pois pode afetar a distinção entre CBC de baixo risco e aqueles subtipos com um comportamento mais agressivo.

Segundo Lallas et al., a presença simultânea de estruturas em folha de bordo e telangectasias finas e curtas, juntamente com a ausência de nidos ovoides azul-acinzentados, telangectasias arboriformes e ulcerações, apresentam um alto valor preditivo para o diagnóstico de CBC superficial.

Já as telangectasias arboriformes são presentes nos CBC nodulares. Estão presentes em 75% dos casos nas séries publicadas, enquanto as estruturas brancas brilhantes (43%) e a ulceração (31%) são as seguintes estruturas em frequência. Também podem apresentar ninhos ovoides azul- acinzentados.

Os subtipos histológicos de alto risco são aqueles com padrão de crescimento infiltrativo, mal delimitados e com tendência à invasão perivascular e perineural. Podem apresentar uma menor superfície rosada e uma relativa ausência de vasos na parte central do tumor.

A cirurgia é o tratamento padrão ouro para a maioria dos CBCs. A excisão padrão ou a cirurgia micrográfica (Mohs) podem ser utilizadas de acordo com as características do tumor (tamanho, localização, recorrências prévias, histologia) e a habilidade do cirurgião.

Referências bibliográficas:

  • Basset-Seguin N, Herms F. Update in the Management of Basal Cell Carcinoma. Acta Derm Venereol. 2020 Jun 3;100(11):adv00140. doi: 10.2340/00015555-3495. PMID: 32346750; PMCID: PMC9189749.
  • Álvarez-Salafranca M, Ara M, Zaballos P. Dermoscopy in Basal Cell Carcinoma: An Updated Review. Actas Dermosifiliogr (Engl Ed). 2021 Apr;112(4):330-338. English, Spanish. doi: 10.1016/j.ad.2020.11.011. Epub 2020 Nov 28.
  • Aimilios Lallas, Thrassivoulos Tzellos, Athanasios Kyrgidis, Zoe Apalla, Iris Zalaudek, Athanasios Karatolias, Gerardo Ferrara, Simonetta Piana, Caterina Longo, Elvira Moscarella, Alexander Stratigos, Giuseppe Argenziano. Accuracy of dermoscopic criteria for discriminating superficial from other subtypes of basal cell carcinoma, Journal of the American Academy of Dermatology, Volume 70, Issue 2, 2014.

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