Quiz: Paciente com faixa escura na unha. Qual o diagnóstico?

Pais do paciente alegam história pessoal e familiar negativa para neoplasias. Confira o Quiz PEBMED completo.

Paciente masculino, quatro anos de idade, trazido pela mãe que relata surgimento de faixa pigmentada no primeiro quirodáctilo direito há dois anos, com escurecimento ao longo do tempo. História pessoal e familiar negativa para neoplasias. Confira a imagem:

Quiz 1/

Qual seria sua conduta?

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O exame dermatológico das unhas abrange a avaliação minuciosa das alterações ungueais, como quantidade de unhas envolvidas, grau de comprometimento, distrofias e desordens pigmentares. Nesta última, destacam-se a cromoníquia e a melanoníquia longitudinal, também conhecida como melanoníquia estriada (ME).

A cromoníquia consiste na alteração da coloração das unhas, que podem ter variadas cores, como amarelo, verde e castanho, podendo representar diferentes etiologias, como infecções ( onicomicoses) ou doenças sistêmicas.

A ME é definida como uma pigmentação cinza, castanho e/ou preta da placa ungueal, em faixa, devido à presença de melanina. Pode ser causada por hiperplasia ou ativação de melanócitos da matriz ungueal.

A importância clínica da ME se dá devido à sua associação com o melanoma ungueal, pois cerca de 76% dos casos dessa neoplasia apresentam-se, inicialmente, como ME.

O padrão de melanoníquia benigna, decorrente da ativação melanocítica (pigmentação étnica ou induzida por drogas) e do lentigo, exibe uma coloração cinzenta e homogênea de fundo, com finas linhas longitudinais cinza, podendo acometer uma ou várias unhas.

O fundo marrom associado com linhas paralelas regulares, com a mesma cor, espaçamento e largura, sugere uma lesão benigna (nevo ou lentigo). A maioria das lesões benignas em crianças e adultos mostra um fundo marrom com linhas longitudinais de cor e largura diferentes.

Por outro lado, o fundo marrom associado a linhas longitudinais irregulares na cor, largura, espaçamento e paralelismo, em dedo único é sugestivo de melanoma ungueal, embora muitos autores considerem que os nevos benignos em crianças podem apresentar esse padrão. O diagnóstico padrão ouro do melanoma ungueal é feito por exame histopatológico e biópsia da matriz ungueal.

Segundo o Consenso sobre dermatoscopia da placa ungueal em melanoníquias, publicado nos Anais Brasileiros de Dermatologia em 2013, algumas observações foram pontuadas, como: bandas marrons com linhas irregulares na cor, largura e espaçamento não são indicativas de melanoma em crianças; lesões benignas em adultos podem apresentar espaçamento e linhas irregulares; e Melanomas em adultos frequentemente apresentam fundo escuro, onde as linhas são dificilmente observadas.

A dermatoscopia do hiponíquio, parte distal da unha, também é importante porque permite distinguir a pigmentação dos nevos melanocíticos da pigmentação associada ao melanoma ungueal (sinal de Hutchinson) que é aleatória, distribuída em padrão de cristas paralelas e de forma desordenada.

Em crianças, a maioria das melanoníquias consiste em nevos melanocíticos, já que o melanoma ungueal na faixa pediátrica é raro.

Embora o manejo ideal do paciente ainda não tenha sido estabelecido, a maioria dos autores recomenda a avaliação histopatológica da desordem. Porém, a biópsia da matriz ungueal é um procedimento doloroso associado ao risco de deformidade permanente das unhas, sendo indicada nas crianças somente em casos suspeitos de melanoma ou a pedido dos pais.

Um estudo Polonês publicado no Advances in Dermatology and Allergology 2, em abril de 2020, conclui que os trabalhos estudados sugerem que a avaliação histopatológica ou remoção da lesão não parecem ser razoáveis em todos os casos.

Tendo em vista a raridade dessa neoplasia, a dificuldade em estimar a evolução da lesão e a possibilidade de desenvolvimento do melanoma ungueal em adultos com ME observada desde a infância, o acompanhamento regular e dermatoscópico é fundamental e deve ser recomendado.

Referências bibliográficas:

  • Di Chiacchio N, Cadore de Farias D, Piraccini BM, Hirata SH, Richert B, Zaiac M, Daniel R, Fanti PA, Andre J, Ruben BS, Fleckman P, Rich P, Haneke E, Chang P, Cherit JD, Scher R, Tosti A. Consensus on melanonychia nail plate dermoscopy. An Bras Dermatol. 2013;88(2):313-7
  • Sobjanek M, Sławińska M, Romaszkiewicz A, Biernat W, Pęksa R, Nowicki RJ. Childhood longitudinal melanonychia: case series from Poland. Postepy Dermatol Alergol. 2020 Apr;37(2)
  • Michela Starace, Aurora Alessandrini, Bianca Maria Piraccini; Nail Disorders in Children. Skin Appendage Disord 18 October 2018; 4 (4): 217–229
  • Jefferson J, Rich P. Melanonychia. Dermatol Res Pract. 2012;2012:952186.

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