Os nevos de Spitz são lesões melanocíticas, cujos aspectos clínicos, dermatoscópicos e histopatológicos podem assemelhar-se aos do melanoma.
O termo “lesão de Spitz” foi introduzido pela primeira vez em 1948 por Sophie Spitz referindo-se a “melanomas da infância”.
Em 1975, Reed et al descreveram uma lesão melanocítica pigmentada benigna, encontrada predominantemente nas extremidades inferiores e posteriormente denominada nevo de Reed, que atualmente é considerada a variante pigmentada do nevo de Spitz.
É uma lesão incomum, benigna, indolente, geralmente adquirida, acastanhada, plana ou levemente elevada e simétrica.
É mais observado em crianças e jovens e raramente em pacientes idosos. Apresenta, normalmente, como uma pápula solitária, arredondada ou oval, de superfície lisa, podendo também ser verrucosa, com discretas escamas, crostas ou erosão. A ulceração é rara, sendo mais comum no melanoma. Sua cor pode variar do róseo ao marrom-avermelhado ou vermelho purpúreo e seu crescimento pode ser lento ou rápido. Geralmente, a lesão é assintomática e raramente ocorre sangramento ou prurido.
A dermatoscopia melhora a acurácia diagnóstica em muitas lesões cutâneas, incluindo nevos de Spitz/Reed, para os quais foram identificados os seguintes padrões: globular, reticular (rede branca inversa e rede preta superficial), starburst, homogêneo e atípico/multicomponentes.
No nevo de Spitz hipopigmentado, o maior destaque é o padrão vascular, caracterizando-se pela presença de vasos “em ponto” e “em vírgula”, tornando difícil a diferenciação com melanoma amelanótico.
O nevo de Spitz não pigmentado apresenta vasos pontilhados regularmente distribuídos e a despigmentação reticular representa uma característica adicional frequente.
É impossível diferenciar o nevo de Spitz do melanoma quando há estruturas distribuídas assimetricamente; portanto, é sugerida a exérese, nesses casos, independentemente da idade ou morfologia clínica.
Nas lesões spitzoides simétricas de surgimento após os 12 anos merecem cautela e o tratamento é a excisão e, em alguns casos, pode ser feito o seguimento de curto prazo com avaliação da estabilização e/ ou crescimento da lesão.
No caso relatado acima, a lesão é não pigmentada, papulosa, apresentando o padrão sptizoide com vasos em ponto e despigmentação reticular, em uma paciente > 12 anos. Sendo assim, foi optado pela realização de biópsia excisional.
Referências bibliográficas:
- Lallas A, Apalla Z, Ioannides D, Lazaridou E, Kyrgidis A, Broganelli P, Alfano R, Zalaudek I, Argenziano G; International Dermoscopy Society. Update on dermoscopy of Spitz/Reed naevi and management guidelines by the International Dermoscopy Society. Br J Dermatol. 2017 Sep;177(3):645-655. doi: 10.1111/bjd.15339. Epub 2017 Jul 19. PMID: 28118479.
- Pedrosa AF, Lopes JM, Azevedo F, Mota A. Spitz/Reed nevi: a review of clinical-dermatoscopic and histological correlation. Dermatol Pract Concept. 2016 Apr 30;6(2):37-41. doi: 10.5826/dpc.0602a07. PMID: 27222770; PMCID: PMC4866625.
- Yoradjian A, Enokihara MMSS, Paschoal FM. Nevo de Spitz e nevo de Reed.An Bras Dermatol. 2012;87(3):349-59.
- Pinheiro AM, Pereira GA, Amorin AG, Varella TN, Friedman H. Nevo de Spitz: relato de caso e dermatoscopia. An Bras Dermatol. 2010;85(4):555-7