Quiz: Paciente com lesões acastanhadas nas axilas. Qual o diagnóstico?

Na consulta, paciente nega uso de medicamentos. Teste agora mesmo seus conhecimentos em dermatologia com o Quiz PEBMED.

Paciente masculino, 60 anos, apresentando lesões nas axilas bilateralmente e região cervical, assintomáticas, acastanhadas, com aspecto aveludado. Refere que as lesões surgiram há dez meses. Nega outras queixas. Nega uso de medicamentos.

Confira a imagem:

 

Quiz 1/

De acordo com a imagem, qual seu diagnóstico e conduta?

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Acantose nigricans (AN) é caracterizada por placas de superfície aveludada, papilomatosas, acastanhadas, geralmente presente nas dobras e na região cervical. Pode acometer outras topografias, como pálpebras, lábios, vulva, superfícies mucosas e dorso das mãos, região inguinal, joelhos e cotovelos.

Foram descritos oito tipos de AN: acral, benigna, maligna, induzida por fármacos, mista, associada à obesidade, sindrômica e unilateral. 

AN associada à obesidade é o tipo mais comum de AN. A dermatose é dependente do peso e pode regredir completamente com a redução do mesmo.

A AN está fortemente associada a componentes individuais da síndrome metabólica, como circunferência da cintura, pressão arterial sistólica e diastólica elevadas e níveis altos de TG. Pacientes com AN têm risco oito vezes maior de SM em comparação com indivíduos sem AN.A patogênese pode ser explicada com base na resistência secundária à insulina, em que há hiperinsulinemia compensatória. As concentrações séricas de fator de crescimento semelhante à insulina‐1 (IGF‐1) livre e andrógenos ficam aumentadas. O IGF‐1 livre é um mitógeno potente e liga-se aos receptores de IGF‐1 (IGF‐1R) nos queratinócitos e fibroblastos dérmicos, resultando assim no desenvolvimento de AN.

O diagnóstico é clínico, mas histologicamente se caracteriza por hiperqueratose e papilomatose com acantose.

A AN pode também ocorrer secundariamente ao uso de fármacos, como o ácido nicotínico, a insulina, os corticosteroides sistêmicos e o dietilestilbestrol, e, mais raramente, os contraceptivos orais, ácido fusídico, e metiltestosterona.

A AN maligna (ANM) é uma dermatose paraneoplásica descrita pela primeira vez em 1890.A incidência exata não está estabelecida, mas foi relatada em 2 de 12.000 doentes com neoplasias em dez anos. Apresenta-se com envolvimento mucocutâneo extenso e rapidamente progressivo, associada à neoplasia sistêmica, mais frequentemente ao adenocarcinoma gástrico, mas já foi descrita em carcinomas do ovário, endométrio, colo uterino, mama, testículo, pulmão, rim, pâncreas, fígado, esôfago, próstata, tiroide e faringe, entre outros. As neoplasias subjacentes à ANM tendem a ter um comportamento muito agressivo; a sobrevida média após o seu diagnóstico está descrita como variando entre 8.7 e 11.9 meses. O tratamento e o prognóstico da ANAN estão relacionados com a evolução do tumor, uma vez que a dermatose e o tumor normalmente seguem um curso paralelo.

Outra paraneoplasia é a papilomatose cutânea florida (PCF), entidade rara, mais fortemente associada ao adenocarcinoma gástrico. Caracteriza-se pelo aparecimento rápido de múltiplas lesões verrucosas clinicamente indistinguíveis das verrugas vulgares. As lesões iniciam-se nas extremidades, particularmente no dorso das mãos e punhos, mas podem acometer o tronco e a face, mucosas ocular e oral, bem como os mamilos e aréolas mamárias. O prurido pode limitar-se às áreas com lesões cutâneas ou ser generalizado. A histologia destas lesões mostra hiperqueratose, acantose irregular e papilomatose, sem vacuolização epidérmica, paraqueratose ou inclusões eosinofílicas sugestivas de verrugas vulgares.

Estas dermatoses paraneoplásicas podem ser observadas antes ou na altura do diagnóstico da neoplasia de base, ou, raramente, mais tarde e têm habitualmente uma evolução paralela à do tumor.

O tratamento da AN consiste em tratar a causa de base; no caso da resistência insulínica, mudança do estilo de vida, redução do sedentarismo e acompanhamento nutricional são fundamentais. Outros tratamentos já foram descritos, como retinoides tópicos e laser.

Referências bibliográficas:

  • Higgins SP, Freemark M, Prose NS. Acanthosis nigricans: a practical approach to evaluation and management. Dermatol Online J. 2008 Sep 15;14(9):2. PMID: 19061584.
  • S.Choudhary, A.Srivastava, V.Saoji, et al. Associação de acantose nigricans com síndrome metabólica – Estudo transversal analítico. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2023; 98(4) :460-465

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