Quiz: Paciente com lesões eritematosas na face. Qual o seu diagnóstico?

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Paciente feminina, 90 anos, hipertensa, diabética, com demência avançada e dificuldade de deglutição, internada em regime de terapia intensiva para tratamento de pneumonia bacteriana, com melhora evolutiva dos parâmetros clínicos. Evoluiu com as lesões demonstradas na imagem a seguir, nos últimos três dias, acometendo o lado esquerdo da face. Sem acometimento de outras topografias. Confira:

Quiz 1/

Qual seu diagnóstico e conduta?

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O caso acima retrata um quadro de Herpes Zoster na face, em paciente idosa, com dificuldade de deglutição. O tratamento instituído foi Aciclovir 10mg/kg intravenoso, de 8/8 horas, durante 14 dias, com melhora das lesões.

O quadro de Herpes Zoster (HZ) ocorre por reativação do Vírus varicela zoster (VVZ). O VVZ é um Herpes virus humano neurotrópico responsável pela varicela. Após a infecção primária, o vírus se torna latente no tecido nervoso, podendo estar presente nos gânglios da raiz dorsal, gânglios de nervos cranianos e vários gânglios autônomos no sistema nervoso entérico e em astrócitos. A latência é controlada pela imunidade mediada por células e sua reativação é resultante da perda da vigilância imunológica.

Os fatores de risco mais citados para HZ são imunossupressão, idade > 50 anos e stress emocional.

Os sintomas clínicos se apresentam em três estágios. O primeiro, apresenta-se com queimação ou dor no dermátomo afetado pelo menos dois dias antes da erupção cutânea. Cefaleia, mal-estar geral e fotofobia, também podem estar presentes. Na fase eruptiva aguda, desenvolvem-se múltiplas vesículas umbilicadas e dolorosas, que podem se romper e/ou ulcerar. Esta é a fase mais contagiosa. A fase eruptiva aguda pode durar de dois a quatro semanas.

A infecção crônica por HZ é caracterizada por dor intensa que dura > quatro semanas. Os pacientes apresentam disestesias, parestesias e, às vezes, sensações de choque. A dor é incapacitante e pode durar vários meses.

O diagnóstico é clínico: a história, anamnese, apresentação clínica com o dermátomo acometido são suficientes para o diagnóstico. Em casos com apresentações atípicas, a PCR de DNA do VZV tem a mais alta sensibilidade e especificidade e se tornou o padrão-ouro para o diagnóstico. O tratamento precisa ser contextualizado. A terapia padrão do HZ é o aciclovir (ACV) e seu pró-fármaco valaciclovir. O valaciclovir oral oferece a vantagem de um aumento de três a cinco vezes na biodisponibilidade do aciclovir. O ACV e o valaciclovir são processados ​​em análogos de nucleosídeos, que bloqueiam especificamente a replicação do DNA viral nas células afetadas.

Os antivirais iniciados dentro de 72 horas após o início da erupção cutânea diminuem a duração do quadro, a formação de novas lesões e a gravidade e duração da dor. A hospitalização para monitoramento e tratamento com aciclovir intravenoso deve ser considerada em:

  1. Receptores de transplante alogênico de células-tronco;
  2. Receptores de transplante de células-tronco hematopoiéticas com doença do enxerto contra o hospedeiro moderada a grave;
  3. Receptores de transplante em terapia anti-rejeição agressiva;
  4. Qualquer indivíduo com suspeita de disseminação (encefalite/pneumonite);
    Indivíduos com retinite por HZO ou VZV.

Além disso, um monitoramento mais próximo da progressão da doença e da resposta à terapia deve ser considerado para idosos frágeis, uma vez que eles têm reservas fisiológicas acentuadamente diminuídas para lidar com estressores e podem não aderir à terapia oral prescrita devido a uma combinação de fadiga, dor, confusão, falta de apetite e declínio funcional gerais associados ao processo agudo da doença.

Referências bibliográficas:

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