A mastocitose é uma doença rara que cursa com proliferação e subsequente acúmulo de mastócitos na pele e/ou órgãos internos.
O mastócito é originado da célula pluripotente CD 34+ na medula óssea e, após, é liberado na corrente sanguínea em direção aos tecidos específicos para sua maturação.
As células progenitoras dos mastócitos expressam um receptor tirosina quinase (c-kit), essencial para o crescimento e diferenciação das células.
Na mastocitose, ocorre uma mutação nesse receptor, resultando em acentuada sobrevida e proliferação dos mastócitos.
A classificação da mastocitose pode ser feita, segundo a World Health Organization (WHO), com base no exame físico e dermatológico, presença de agregados mastocitários na biópsia de pele ou aspirado da medula óssea, comprovação de mutação D816 V KIT e dosagem do nível sérico de triptase (> 20ng/ml).
Após o diagnóstico, a doença pode ser classificada em diversas categorias, com ou sem comprometimento sistêmico.
As manifestações cutâneas podem manifestar-se como Telangectasia macular eruptiva persistente (TMEP), Mastocitose cutânea difusa, Mastocitoma e Urticária pigmentosa (UP).
A UP é a forma mais comum de mastocitose, acometendo mais crianças dos três a nove meses, com involução espontânea na maioria dos casos, mas também pode acometer adultos da 4ª década.
Sintomas como prurido são muito frequentes e intensos. Podem ocorrer pápulas, máculas, nódulos ou placas, de coloração vermelho-acastanhada, com predileção pelo tronco. O envolvimento sistêmico é raro, porém sempre deve ser investigado.
Pode ocorrer surgimento de urtica após fricção de uma lesão de Urticária pigmentosa, denominando o Sinal de Darier, presente em 90% dos pacientes. O tratamento da UP baseia-se no controle dos sintomas e é fundamental evitar os fatores desencadeantes, como alterações de temperatura, pressão, stress, ansiedade, infecções e medicamentos, que podem estimular a degranulação dos mastócitos.
Emolientes, corticoides tópicos, inibidores da calcineurina, fototerapia são utilizados para controle da doença e os anti-histamínicos H1 atuam no controle do prurido. A doxepina apresenta atividade de bloqueio H1 e pode ser benéfica.
Cromoglicato dissódico pode ajudar nos casos de envolvimento gastrointestinal e flushing. Outras drogas, como o Omalizumab também são descritas no controle da doença.
Referências bibliográficas:
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