Quiz: Paciente com queixa de odinofagia e lesões esbranquiçadas na língua

Teste seus conhecimentos com este caso de odinofagia e lesões esbranquiçadas na língua na Unidade Básica de Saúde.

Paciente feminino, de 23 anos de idade, previamente hígida, sem comorbidades, procurou atendimento médico em Unidade Básica de Saúde devido a queixa de odinofagia e de lesões esbranquiçadas como uma pelí­cula de nata, recobrindo lí­ngua e palato, há duas semanas (Figura 1).

Fotografia da cavidade oral. 

 

Quiz 1/

São fatores de risco para as lesões apresentadas no quadro acima, EXCETO:

Comentários

Imagem 1: Placas brancacentas, parecendo “coalho”, sob a língua; arcada dentária com irregularidades de implantação, conservação precária, perdas de dentes e com exposição de sua raiz.

Diagnóstico 

As lesões esbranquiçadas recobrindo a superfície mucosa são frequentemente associadas à candidíase oral, determinada pela Candida sp. Este tipo de lesão é mais frequente em lactentes e adultos imunossuprimidos. A forma como se apresenta, nesta paciente, entretanto, por sua intensa disseminação, denuncia imunodeficiência, especialmente, dos linfócitos T auxiliares, que se associam à resposta granulomatosa, e estão envolvidos, principalmente, nos processos de defesa contra vírus, Mycobacterium, espiroquetas, fungos, e protozoários.1, 2 

Constituem fatores de risco para a candidíase a corticoterapia inalatória crônica, a síndrome de imunodeficiência adquirida e a antibioticoterapia de amplo espectro, por reduzirem a capacidade de defesa para a Candida sp. O sexo oral desprotegido, mesmo expondo os parceiros a secreções potencialmente contaminadas, não é fator de risco estrito para candidíase oral, atuando dessa forma, apenas, se o indivíduo a ser contaminado pela boca esteja em estado de imunossupressão.3 

Discussão do caso 

A candidíase tem como agentes causadores os fungos do gênero Candida, principalmente a espécie Candida albicans que, comumente, coloniza o ser humano, em especial, os tratos digestivo, respiratório, genital feminino e pele. A candidíase oral pode ser observada em lactentes e em adultos sob imunossupressão contra a Candida sp., como ocorre na antibioticoterapia de amplo espectro, quimioterapia, radioterapia em cabeça e pescoço, corticoterapia inalatória crônica ou sindrome de imunodeficiência adquirida. O mecanismo de invasão dos tecidos pelo microorganismo é obscuro, sendo conhecidos quatro fatores que interferem nesse processo, como: 1. adesinas que auxiliam a ligação do fungo às células hospedeiras; 2. formação de hifas que penetram no epitélio; 3. secreção de enzimas fúngicas; e, 4. capacidade do fungo em se adaptar ao microambiente do hospedeiro. Na candidíase oral, a superfície da mucosa apresenta a formação de placas, esbranquiçadas, cremosas ou membranosas.2, 3 

A candidíase oral deve ser diferenciada, de: 1. líquen plano em sua forma mucosa, que se apresenta com lesões esbranquiçadas, diferenciando-se da candidíase oral por causar ardor; 2. leucoplasia pilosa oral, que tem como agente o vírus-Epstein-Barr, acometendo usualmente, portadores do vírus da imunodeficiência humana, e manifestando-se com placas esbranquiçadas nas laterais da língua, diferenciando da candidíase oral por não serem removíveis com a raspagem da língua; e, 3. neoplasia oral, que pode se apresentar como lesão esbranquiçada, contudo, a sua evolução é mais lenta quando comparada à candidíase oral.2, 3 

O diagnóstico de candidíase orofaríngea é confirmado pela raspagem das lesões suspeitas com uma espátula e coloração do material pelo método de Gram ou KOH e examinado em microscópio. A cultura das lesões não costuma ser indicada, salvo em sua reincidência. O tratamento pode ser tópico, com nistatina, cetoconazol e clotrimazol; ou pela via oral, com cetoconazol, fluconazol e itraconazol.2 

Aspectos Relevantes

  • Imunossupressão: estado em que o sistema imune se mostra incapaz em contrapor um processo infeccioso de determinado hospedeiro;1
  • Pacientes com o diagnóstico de síndrome de imunodeficiência adquirida têm deficiência na resposta celular, especialmente, de linfócitos T auxiliares;1 
  • A candidíase oral apresenta-se com placas brancas aderentes à mucosa oral e língua, e ao serem destacadas revelam um enantema intenso e doloroso.1 

Referências:

  • Veronesi R, Focaccia R. Tratado de infectologia. 4ª edição. Ed.Atheneu. São Paulo. 2009. Vol.1. p.9 – 23, p.171 e p.176. 
  • Veronesi R, Focaccia R. Tratado de infectologia. 4ª edição. Ed.Atheneu. São Paulo. 2009. Vol.2. p.1493 – 1505.
  • UpToDate. http://www.uptodate.com/contents/overview-of-candida-infections?source=preview&search=moniliase&selectedTitle=1~150&language=en-US&anchor=H3#H3. Acesso em 21nov. 2014. 

Responsável 

Lucas Vieira Rodrigues. Acadêmico do décimo período de Medicina da UFMG. Email: lucasvrvr[arroba]gmail.com 

Orientador 

Ana Elisa Tavares Diniz. Médica generalista da atenção primária da Prefeitura de Belo Horizonte. Email anaelisatd[arroba]gmail.com 

Revisores 

André Guimarães, Júlio Guerra, Hércules Hermes Riani e Viviane Parisotto.

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