Tenossinovite flexora piogênica
Infecção fechado da bainha do tendão flexor, com a purulência destruindo o deslizamento normal do tendão, criando adesão e levando a necrose tecidual.
Os germes mais comuns são o S.aureus e estreptococos beta hemolítico. P.multocida em mordidas de animais; polimicrobiana em imunossuprimidos. Normalmente causadas por traumas penetrantes. A infecção hematogênica é rara (pensar em gonococo). VHS e PCR são úteis para monitorização. Em casos suspeitos, tendo dúvida em tenossinovite aguda não séptica, aspiração da bainha está indicado.
Critérios cardinais de Kanavel
Utilizado no diagnóstico de tenossinovite flexora aguda, ajudando a diferenciar de abcesso local e pioartrite. São em número de 4. Os quatro não precisam estar presentes, principalmente no curso precoce da doença.
Sinal mais confiável e reprodutível: sensibilidade aumenta sobre a bainha flexora, segundo Kanavel.
- Posição semifletida do dedo;
- Aumento simétrico de todo o dedo (edema fusiforme);
- Sensibilidade intensa limitada ao curso da bainha do tendão flexor;
- Dor intensa com extensa passiva do dedo (dor referida ao longo da bainha e não em uma articulação em particular ou abcesso).
Diagnósticos diferenciais
Infecção herpética panarício (não tem tanto edema e sensibilidade, vesículas de pele); felon; artrite séptica (posição em flexão e dor a mobilidade passiva; difere por ter edema maior na articulação, sem dor a palpação ao longo da bainha e trauma penetrante normalmente dorsal); abcesso local e doença inflamatória.
Tratamento
Conservador: poucas indicações (< 24hrs do inicio, pouca dor e edema e apenas um ou dois critérios de Kanavel), feito com ATB IV; caso sintomas não melhorem em 12 hrs, indicada cirurgia. Antes de iniciar ATB, aspiração da bainha (qualquer canto entre prega palmar digital e prega de flexão da IFD) está indicada para se obter material para cultura. Se aspirado pus franco é indicado imediatamente o tratamento cirúrgico.
Resultados e complicações: 10 a 20% falham em recuperar o arco de movimento completo. Quanto mais grave apresentação inicial, maior será a probabilidade de complicações. Atraso no tratamento pode levar necrose do tendão (ressecção da polia A1 até inserção distal).
Referências bibliográficas:
- Green´s Operative Hand Surgery – WOLF, HOTCHKISS, PEDERSON, KOZIN, COHEN – 7th ed. – Elsevier – 2017
- Foto retirada do acervo do autor