Quiz: Úlceras orais – a importância do diagnóstico correto

Teste seus conhecimentos com o Quiz PEBMED neste caso de úlceras orais e dores em uma mulher hígida de 50 anos.

Paciente de 50 anos, hígida, apresenta ulceração no lábio e na mucosa jugal (figura 1), com dor e disfagia importante. Relata evolução há um ano e intermitente.

 

Quiz 1/

Qual a afirmativa verdadeira? 

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As ulcerações da mucosa oral apresentam diversas causas subjacentes, como infecções, traumas, doenças inflamatórias e neoplasias. As lesões transitórias costumam ser causadas por trauma agudo ou agentes infecciosos, sendo o herpes simples a causa viral mais comum. Medicamentos também podem gerar desde quadros agudos e leves de estomatite erosiva a reações graves com lesões cutâneas disseminadas, como na síndrome de Stevens-Johnson e na necrólise epidérmica tóxica.

As lesões crônicas e recorrentes merecem investigação para descartar doenças inflamatórias imunomediadas. Uma condição relativamente comum é o líquen plano oral, mais comum em mulheres de 30 a 60 anos, e pode apresentar diferentes padrões:  reticular, papular, em placa, atrófico, erosivo ou bolhoso. Um diagnóstico diferencial importante são as doenças bolhosas autoimunes como o penfigoide de membranas mucosas, pênfigo vulgar e pênfigo paraneoplásico, que podem gerar bolhas, erosões e úlceras em qualquer parte da mucosa oral, além de dor e disfagia importantes. 

Ainda nesse contexto, a doença de Behçet e o lúpus eritematoso devem ser descartados. A presença de lesões múltiplas, sintomas articulares e acometimento de outros órgãos-alvo deve levantar a suspeita dessas afecções reumatológicas. A biópsia associada ou não a exames sorológicos e à imunofluorescência são ferramentas importantes para o diagnóstico dessas condições inflamatórias e para descartar lesões neoplásicas que podem mimetizar ulcerações benignas. A persistência de manchas, placas, nódulos, feridas e áreas de sangramento são um sinal de alerta para a possibilidade de câncer oral. 

 Em mais de 90% dos casos os cânceres orais são carcinomas de células escamosas (CEC). O trauma persitente da mucosa oral devido a dentes quebrados, dentaduras e próteses mal ajustadas gera irritação crônica da mucosa,  sendo um possível fator etiológico para o CEC bucal. A leucoplasia e eritroplasia (placas brancas e vermelhas, respectivamente) são outras condições que podem estar presentes antes do início do CEC, mas a maioria felizmente não progride para câncer. Outros tumores menos comuns incluem os das glândulas salivares, melanomas e linfomas.   

Referências bibliográficas: 

  • Fitzpatrick SG, Cohen DM, Clark NA. Ulcerated Lesions of the Oral Mucosa: Clinical and Histologic Review. Head Neck Pathol. 2019 Mar;13(1):91-102. 
  • Abati S et al. Oral Cancer and Precancer: A Narrative Review on the Relevance of Early Diagnosis. Int J Environ Res Public Health. 2020 Dec 8;17(24):9160.
  • Rashid H et al. Oral Lesions in Autoimmune Bullous Diseases: An Overview of Clinical Characteristics and Diagnostic Algorithm. Am J Clin Dermatol. 2019 Dec;20(6):847-861. 
  • Chiang CP. Oral lichen planus – Differential diagnoses, serum autoantibodies, hematinic deficiencies, and management. J Formos Med Assoc. 2018 Sep;117(9):756-765.  

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