A descompressão do túnel do carpo é uma cirurgia bastante frequente e com necessidade de revisão em apenas 1% a 5% dos casos por manutenção dos sintomas, recorrência após um período de melhora ou aparecimento de novos sintomas. As técnicas para a descompressão podem ser a aberta ou endoscópica, não existindo um consenso na literatura sobre se uma pode levar a taxas maiores de revisão comparada a outra.
Foi publicado no último mês no Journal of the American Medical Association (JAMA), um estudo com o objetivo de estimar a incidência de revisão associada à técnica endoscópica em relação à aberta para descompressão do túnel do carpo em uma grande coorte americana. Os pacientes selecionados estavam dentro de uma base de dados e deveriam ser maiores de 18 anos e submetidos a descompressão do canal carpiano entre 1999 e 2021.
Estudo sobre as taxas de revisão das diferentes técnicas
A exposição primária avaliada foi o tipo de técnica cirúrgica utilizada e o desfecho primário foi o tempo para cirurgia de revisão. Covariáveis incluíram variáveis demográficas e comorbidades que poderiam confundir a associação entre técnica operatória e necessidade de revisão. Na análise secundária, os resultados de interesse diziam respeito à revisão, incluindo indicações, achados intraoperatórios e procedimentos adicionais realizados.
Entre 134.851 punhos de 103.455 pacientes (92.510 [89,4%] homens; idade média [IQR], 62[53-70] anos) submetidos a pelo menos 1 descompressão, 1.809 punhos foram submetidos a pelo menos 1 revisão em uma média (IQR) de 2,5 (1,0-3,8) anos.
Na análise de riscos concorrentes, a incidência cumulativa de revisão foi de 1,06% (IC95%, 0,99%-1,12%) aos 5 anos e 1,59% (IC 95%, 1,51%-1,67%) aos 10 anos. A técnica endoscópica foi associada com maior risco de revisão em comparação com a aberta (taxa de risco ajustada [aHR], 1,56; IC 95%, 1,34-1,81; P < 0,001).
Leia também: Cirurgia gastrointestinal: desfechos da terapia do vácuo endoscópico no duodeno
A diferença de risco para revisão associada à técnica endoscópica em comparação com a aberta foi de 0,57% (IC 95%, 0,31%-0,84%) aos 5 anos (número necessário para causar dano, 176) e 0,72% (95% IC, 0,36%-1,07%) aos 10 anos (número necessário para causar dano, 139). Independentemente da técnica inicial, a indicação mais comum para revisão foi a recorrência dos sintomas (1.062 punhos [58,7%]).
O Ligamento Transverso do Carpo Reconstituído (LCT) foi mais comum após cirurgia endoscópica em comparação com cirurgia aberta, enquanto cicatrizes dos tecidos sobrejacentes e do próprio nervo mediano eram mais comuns seguindo a técnica aberta.
Liberação incompleta do ligamento transverso do carpo foi observada em 251 dos punhos passando por revisão (13,94%) e foi mais comum após cirurgia endoscópica (proporção de probabilidade, 1,62; IC95%, 1,11-2,37; P = 0,01).
Leia ainda: Qual é o melhor momento para a reconstrução de ligamento cruzado anterior?
Conclusão
Neste estudo de coorte, a técnica endoscópica foi associada a um risco aumentado de revisão em comparação com a aberta, mas o risco absoluto foi baixo, independentemente da técnica. Já os achados intraoperatórios na revisão variaram significativamente de acordo com a técnica de índice de descompressão.