Tubo de coleta: principais características do gel separador

Para cada teste (ou grupo de testes) solicitado, existe um tipo de tubo de coleta de sangue. Confira algumas dicas neste artigo.

Na prática médica, o sangue é o principal material biológico solicitado e utilizado nas provas laboratoriais de rotina. Para cada teste (ou grupo de testes) solicitado, existe um tipo de tubo de coleta de sangue, dentre os diversos disponíveis (facilmente identificados pela cor de sua tampa), adequado para a sua análise. 

Os tubos de coleta podem conter (ou não) certos tipos de aditivos, utilizados para acelerar (ex.: partículas de sílica) ou inibir a coagulação (anticoagulantes), algumas substâncias estabilizantes, bem como materiais para separar o soro/plasma das células (conhecido como gel separador), por exemplo.  

O gel 

Disponível, como opção, no interior dos tubos de soro (utilizado para provas bioquímicas, imunológicas, hormonais e sorológicas) desde a década de 1970, o gel separador é um material composto, de uma forma geral, por uma resina e um estabilizante, de modo a conferir uma densidade intermediária entre os elementos celulares e o soro/plasma. 

Inicialmente, ele era feito à base de silicone, entretanto, devido à instabilidade dessa substância quando submetida ao processo de esterilização pelos fabricantes, o material foi substituído com sucesso pelo poliéster. 

Alguns tipos de tubos podem conter esse gel em seu interior (facilmente identificável a olho nú, depositado no fundo do recipiente antes da centrifugação), como usualmente o tubo para soro (tampa vermelha/amarela/tijolo), mas também disponível em alguns tubos para plasma heparinizado (tampa verde) ou plasma EDTA (tampa roxa). 

Sua principal função é a de promover, após a centrifugação do tubo, uma barreira físico-química entre os elementos celulares (ex.: eritrócitos, leucócitos e plaquetas) do soro ou plasma. 

Propriedades 

Para que se garanta o seu adequado desempenho, o gel deve possuir determinadas propriedades principais, como densidade (deve ser intermediária entre os elementos celulares e o soro/plasma), viscosidade, ponto de movimentação (tixotropia) e índice de adsorção de medicamentos e analitos. 

Durante a centrifugação da amostra, devido ao efeito tixotrópico do gel, ao passar do estado semissólido em repouso para uma forma menos viscosa quando submetido a força g, ele migra pelo interior do tubo, em direção ascendente. 

Dessa forma, após uma correta centrifugação da amostra, devido notadamente às diferenças de densidade, as células ficam “retidas” na parte inferior do tubo, a parte líquida do sangue (sobrenadante) mais acima e, entre elas, o gel. 

Potenciais interferentes 

A estabilidade analítica é um tema preocupante, classicamente no que se refere à análise de medicações terapêuticas hidrofóbicas (ex.: fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, digoxina, antidepressivos tricíclicos, imipramina/desipramina).  

A interpretação dos resultados pode ser prejudicada devido à possibilidade da adsorção dessas substâncias pelo gel, diminuindo in vitro as concentrações desses medicamentos (cerca de 20 a 50% em 24 horas sob refrigeração), com diversas variáveis envolvidas, levando a resultados falsamente diminuídos. 

Conclusão 

A introdução do gel separador em alguns tubos de coleta foi um avanço importante para os Laboratórios Clínicos, trazendo benefícios em todas as etapas do exame (fase pré-analítica, analítica e pós-analítica). 

Ao proporcionar que as análises fossem realizadas no próprio tubo primário (tubo em que o sangue fora coletado), houve um ganho em tempo, qualidade, segurança, transporte, armazenamento e processamento das amostras, excluindo assim a necessidade de transferir (aliquotar) o soro/plasma para um outro tubo para sua posterior análise. 

Como pode existir variações na manipulação da amostra e das propriedades dos géis entre os diferentes fabricantes de tubos, um eventual impacto nos resultados referente à adsorção de alguns analitos e medicações terapêuticas pode ser distinto entre os laboratórios, devendo, pois, ser objeto de cuidadosa avaliação. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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