Com o agravamento da pandemia da Covid-19 no Brasil e consequente aumento do consumo de medicamentos analgésicos, sedativos e bloqueadores neuromusculares utilizados para a intubação traqueal, o abastecimento do kit de intubação entrou em colapso no sistema de saúde.
Diante da dificuldade enfrentada na reposição dos fármacos, recomenda-se o uso racional, realização de substituição possíveis e a priorização de anestésicos inalatórios e bloqueios regionais em procedimentos anestésico-cirúrgicos.
Para manter o abastecimento regular dos medicamentos utilizados para intubação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), abriu um processo regulatório sobre procedimentos temporários e extraordinários para a autorização em caráter emergencial de medicamentos usados em pacientes com a Covid-19.
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Dessa forma, é permitida a importação de medicamentos prioritários para uso em serviços de saúde com a dispensa de regularização sanitária pela Anvisa e podem ser utilizados no Brasil com rótulos, embalagens e bulas em idioma diferente do português.
Em relação aos medicamentos recebidos por doação e com rotulagem em mandarim, tal situação compromete a segurança do paciente diante da superlotação em Unidades de Terapia Intensiva e sobrecarga de profissionais, o que pode predispor ao erro de medicação.
Sendo assim, um ofício com recomendações foi elaborado por diversas sociedades científicas e recentemente, a Anvisa atualizou um alerta aos profissionais de saúde com o objetivo de chamar atenção quanto aos cuidados que devem ser adotados na administração dos medicamentos importados para uso na intubação orotraqueal visando a segurança no uso desses medicamentos, conforme abaixo:
Medicamentos prioritários
O enfermeiro deve conhecer a lista publicada pelo Ministério da Saúde com a relação dos medicamentos prioritários utilizados no enfrentamento da Covid-19, definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A lista deve estar disponível e afixada em local visível para os profissionais em todos os serviços de saúde.
Rotulagem
Os medicamentos recebidos devem ser rotulados no idioma português e devem conter minimamente as seguintes informações: denominação genérica do medicamento, concentração e via de administração, utilização da padronização internacional por cores para os medicamentos, informações relativas às condições de armazenamento e conservação (rótulo da embalagem secundária). Na impossibilidade de impressão da etiqueta em cores, utilizar a etiqueta com fundo branco e com letras pretas. Se não for possível fixar a etiqueta na ampola, embalar a ampola em saco plástico e fixar a etiqueta.
Concentração do medicamento importado
Alguns medicamentos importados possuem concentrações diferentes das comumente utilizadas no Brasil. A equipe de enfermagem deve estar atenta no cálculo da dosagem, na diluição e no tempo de infusão. Utilize a dupla checagem com o colega da equipe.
Protocolo da instituição
É fundamental a adesão ao protocolo elaborado pela instituição para o uso dos medicamentos importados. Consulte e incentive a adesão à utilização dos membros da equipe de enfermagem. Em caso de dúvidas, entre em contato com o farmacêutico.
Eventos adversos
Notifique à gerência de risco da sua instituição ou, em sua ausência, utilize o VigiMed, sistema de notificação da Anvisa em caso de suspeita de ocorrência de evento adverso relacionado ao uso do medicamento importado, incluindo erros de medicação e near miss (quase erro) e no sistema Notivisa relacionado à queixas técnicas. Eventos adversos graves devem ser notificados em até 72 horas e os demais e as queixas técnicas devem ser notificados em até 5 dias do seu conhecimento.
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Referências bibliográficas:
- Ofício ABRAMEDE/AMIB/ISMP/SBA/SBRAFH. Orientações excepcionais para rotulagem de medicamentos importados, recebidos como doação, com foco na Segurança do Paciente. Disponível em: https://abramede.com.br/wp-content/uploads/2021/04/OFI%CC%81CIO-SOCIEDADES-ROTULAGEM-E-CARTAZ-22-04-2021-DOCX-1-1.pdf
- Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Alerta: Anvisa alerta os profissionais de saúde para o risco aumentado de erros de medicação relacionados aos medicamentos importados em outros idiomas.