2º dia da RADLA 2023 – Patologias e sintomas com impacto na qualidade de vida

Temas frequentes e desafiadores na dermatologia, como alopecia areata, prurido, psoríase e buloses autoimunes serão abordados neste artigo.

Este conteúdo foi produzido pela PEBMED em parceria com Pfizer de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal PEBMED.

O segundo dia da RADLA 2023 seguiu com palestras sobre assuntos pertinentes do cotidiano do consultório dermatológico.

Alopecia Areata

A alopecia areata é sabidamente uma patologia autoimune, de fisiopatogenia não totalmente esclarecida e de curso imprevisível1. Ressaltou-se que:

  • Na fisiopatogenia, o que já está clara é a ação dos linfócitos CD8+ com aumento da secreção da INF-δ e IL-15;
  • Associa-se a outras doenças autoimunes, como os distúrbios de tireoide;
  • O diagnóstico envolve história clínica, exame físico e tricoscopia1;
  • Uma boa resposta ao tratamento é considerada com o desaparecimento dos pontos pretos, fios distróficos e fios em pontos de exclamação1;
  • Pontos amarelos indicam doença crônica com pobre resposta a tratamentos1.

O consenso sobre tratamento da alopecia areata da Sociedade Brasileira de Dermatologia 2020 reforça que não há obrigatoriedade nas solicitações de exames laboratoriais, mas que podem ser solicitados: hemograma, glicemia em jejum, FAN, VDRL, TSH, T4 livre, anti-TPO, antitireoglobulina, 25-OH vitamina D, vitamina B12, zinco, ferritina e PCR2.

Com a elucidação cada vez maior da fisiopatogenia, foi discutido que novos medicamentos estão sendo estudados e alguns já foram liberados por agências regulatórias de outros países.

Prurido

Na aula sobre prurido, citaram-se as três vias de sinalização do prurido: neurônios histaminérgicos, não histaminérgicos3 e citocinas4. Estas últimas são da resposta Th25. A IL-31 é a citocina do prurido e tem papel importante na dermatite atópica5. E em diversos momentos, ressaltou-se que os anti-histamínicos não melhoram o prurido crônico, devendo-se utilizar outras medicações que agirão nas fibras nervosas C não histaminérgicas. Também se comentou que:

  • Prurigo nodular, prurido urêmico e prurido crônico de causa indeterminada podem ser tratados com agonistas gabaérgicos6;
  • O bloqueio dos receptores das citocinas deve ser o caminho para o controle deste sintoma.

Psoríase pustulosa generalizada

Já na abordagem da Psoríase Pustulosa Generalizada (PPG) de Von Zumbusch, por ser uma entidade rara e que clinicamente faz diagnóstico diferencial com outras entidades nosológicas, por exemplo, a Pustulose Exantemática Generalizada Aguda (PEGA), o histopatológico não apresenta, comumente, acantose psoriasiforme e paraceratose, mas sim pústulas neutrofílicas com epiderme fina7. No Quadro 1 a seguir, são dispostas a fatores de mau prognósticos na PPG.

 Quadro 1 – Fatores de mau prognóstico na PPG

Febre Hipotensão Insuficiência renal
Hipoalbuminemia Anemia Distúrbio hidroeletrolítico
Colangite neutrofílica Insuficiência cardíaca Sepse e choque

Fonte: Elaborado a partir de Burden et al. (2022).

  • Os fatores desencadeadores da PPG são: gravidez, corticosteroides, estresse e infecções;
  • As formas clínicas de psoríase pustulosa são pustulose palmoplantar (PPP), Acrodermatite Contínua de Hallopeau (ACH) e PPG de Von Zumbusch. Sendo a primeira a mais comum8;
  • A principal citocina na PPG é a IL-36, já na psoríase vulgar, é a IL-17.

Buloses autoimunes

No segundo dia, também houve discussão sobre as buloses autoimunes e os seus tratamentos. O imunossupressor mais utilizado é a azatioprina, como poupador de corticoides. Foi exposto de forma interessante que uma das vias de metabolização da azatioprina – a via catabólica – pode apresentar polimorfismos genéticos (HH, HL e LL). A possibilidade da dosagem da atividade da enzima tiopurina metiltransferase (TPMT) pode evitar o risco de evento adverso grave, visto que a presença de polimorfismo homozigótico com grande atividade (HH) tem risco nulo de evento adverso grave, e, portanto, o paciente pode usar a dosagem padrão. No entanto, paciente heterozigoto (HL) com atividade diminuída tem risco moderado, e será mais prudente iniciar com dosagem baixa, optando por metade da dose padrão. E, por último, o homozigoto com atividade nula (LL) há risco elevado9.

Sobre o manejo das buloses, entende-se que:

  • Corticoterapia possui início de ação rápido e deve ser utilizado em paciente com bulose autoimune;
  • Se paciente com quadro moderado ou grave, iniciar também um dos imunossupressores, porque o início de ação é por volta de 4 a 6 semanas;
  • Em paciente com quadro grave, não há consenso na literatura quanto ao uso de corticoterapia oral ou pulsoterapia;
  • Os corticoides utilizados para pulsoterapia são a metilprednisolona ou o equivalente da dexametasona.

As situações com grande impacto na qualidade de vida do paciente, como a alopecia areata, o prurido, a psoríase e as buloses autoimunes, devem ser excessivamente estudadas e pesquisadas a fim de melhorar a qualidade de vida, aumentar a sobrevida e reduzir complicações dos tratamentos estipulados.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • 1. Gómez-Quispe H, et al. Trichoscopy in Alopecia Areata. Actas Dermo-sifiliograficas, v. 114, n. 1, p. 25-32, jan. 2023. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36067826/. Acesso em: 28 maio 2023.
  • 2. Ramos PM. et al. Consenso sobre tratamento da alopecia areata – Sociedade Brasileira de Dermatologia. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 95, n. S1, p. 39-52, nov. 2020. Disponível em: http://www.anaisdedermatologia.org.br/pt-consenso-sobre-tratamento-da-alopecia-articulo-S2666275220303131. Acesso em: 28 maio 2023.
  • 3. Yosipovitch G, Rosen JD, Hashimoto T. Itch: From Mechanism to (Novel) Therapeutic Approaches. The Journal of Allergy and Clinical Immunology, v. 142, n. 5, p. 1375-1390, nov. 2018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30409247/. Acesso em: 28 maio 2023.
  • 4. Kim BS, et al. Treatment of Atopic Dermatitis With Ruxolitinib Cream (JAK1/JAK2 Inhibitor) or Triamcinolone Cream. The Journal of Allergy and Clinical Immunology, v. 145, n. 2, p. 572-582, fev. 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31629805/. Acesso em: 28 maio 2023.
  • 5. Brunner PM, et al. Early-onset Pediatric Aatopic Dermatitis is Characterized by TH2/TH17/TH22-centered Inflammation and Lipid Alterations. The Journal of Allergy and Clinical Immunology, v. 141, n. 6, p. 2094-2106, jun. 2018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29731129/. Acesso em: 28 maio 2023.
  • 6. Labib A, et al. Immunotargets and Therapy for Prurigo Nodularis. ImmunoTargets and Therapy, v. 11, p. 11-21, abr. 2022. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35502157/. Acesso em: 28 maio 2023.
  • 7. Burden AD, et al. Clinical Disease Measures in Generalized Pustular Psoriasis. American Journal of Clinical Dermatology, v. 23, n. Suppl 1, p. 39-50, jan. 2022. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35061231/. Acesso em: 28 maio 2023.
  • 8. Navarini AA, et al. European Consensus Statement on Phenotypes of Pustular Psoriasis. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology – JEADV, v. 31, n. 11, p. 1792-1799, nov. 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28585342/. Acesso em: 28 maio 2023.
  • 9. Mazzaroni S, et al. La importancia de la solitud de tiopurina metiltransferasa para el inicio de la azatioprina. Nuestra experiencia. Dermatología Argentina, v. 24, n. 4, p. 199-201, out./dez. 2018. Disponível em: https://www.dermatolarg.org.ar/index.php/dermatolarg/article/view/1800. Acesso em: 28 maio 2023.