7 habilidades indispensáveis para a arte da Medicina

Em uma reportagem recente na revista Family Practice Management, o Prof Thomas Egnew descreveu sete habilidades importantes para o médico.

Em uma reportagem recente na revista Family Practice Management, o Prof Thomas Egnew, da Universidade de Washington e com doutorado em educação médica, descreveu sete habilidades importantes para o médico. O foco do seu artigo foi o atendimento ambulatorial pelo médico de família, mas o modelo é plenamente adaptável à qualquer especialidade. Resumimos aqui os principais e colocamos algumas peculiaridades do nosso meio.

1. Foque no paciente que está a sua espera

O objetivo é relembrar o paciente, o que é dividido em duas etapas. A primeira, olhe o prontuário e avalie a última consulta. O que houve naquela época? Quais planos foram traçados para agora? Há alguma pendência? Os exames solicitados foram realizados?

A outra etapa é a “arte humana”, o foco do artigo: quem é a pessoa que te espera? O que ela está esperando desta consulta? Você conhece o papel dela na família, no trabalho e na sociedade? Como a doença impacta nestas relações? Se não, uma conversa aberta pode ajudar. Um bom momento para esse assunto pode ser durante parte do exame físico, onde você já terá ouvido as queixas clínicas e poderá pinçar informações complementares.

2. Conecte-se ao paciente

É o momento do “olho-no-olho” inicial. Quando o paciente sentar, não abaixe a cabeça e saia escrevendo! Lembre que a linguagem corporal, como a expressão facial e as gesticulações, são muito importantes neste primeiro contato. Demonstre interesse em saber como o paciente está e o motivo principal da consulta atual. Aí sim, quando ele for explicar com mais detalhes, você faz as anotações devidas.

Outro aspecto bem legal do texto é o “agenda-setting”. Na abertura da consulta, pergunte ao paciente porque ele agendou o atendimento e se há outras queixas ou problemas para os quais ele precisa de ajuda. Nesse momento, se houver muitos itens, considere com ele dividir em duas ou mais consultas. A primeira agora, focada no que é mais urgente ou mais importante. E uma segunda dias depois, para terminar de avaliar as outras queixas. O tempo reduzido de consulta é um desafio mundial na assistência à saúde. É uma decisão difícil e subjetiva a escolha entre: (1) ouvir tudo na mesma consulta, e atrasar todos os outros pacientes, (2) ou dividir os problemas em dois atendimentos, mas o paciente pode sair chateado pois não conseguiu resolver tudo o que queria.

3. Avalie o sofrimento causado pela doença

O impacto emocional do adoecimento é muito importante. É mais intenso nos quadros agudos e potencialmente fatais, mas está presente mesmo nas doenças crônicas ambulatoriais. Pergunte sobre o humor, atividades de lazer, sono e trabalho. A ansiedade e a depressão com frequência se apresentam com sono prejudicado, queda de rendimento no estudo/trabalho e redução das atividades de lazer.

Mais do autor: ‘Estamos formando bons profissionais médicos?’

4. Comunique-se bem

O psicólogo Carl Rogers, pai da “abordagem centrada na pessoa”, sugeriu que profissionais de saúde precisam exibir três coisas em sua comunicação:

Coerência: sendo autêntico e deixando o paciente enxergar quem você realmente é, em vez de colocar uma fachada.
Aceitação: mostrando que você valoriza a pessoa mesmo se você não concorda com suas ações.
Compreensão empática: relacionando e sendo sensível ao que o paciente está experimentando.

Além disso, com frequência encontramos pacientes que são taxados como “difíceis ou problemáticos”. O que não vemos é que em muitos casos isso reflete problemas crônicos na vida das pessoas, como solidão, conflitos familiares e frustrações profissionais e pessoais. Neste cenário, não faça uma consulta curta e seca. Dê ao paciente a chance de se abrir e ser ajudado. Primeiro, deixe claro que você sente que há algo desconfortável: “percebo que o senhor está frustrado ou insatisfeito. Vamos falar sobre isso?”. Depois, confronte o paciente com comportamentos que ele muitas vezes não percebe, como por exemplo uma relação entre distimia e má adesão ao tratamento.

5. “The power of touch”

Deixei no literal em inglês pois a expressão não podia ficar melhor. As pessoas gostam e precisam de carinho, compreensão e acolhimento. O toque humano, mais que qualquer palavra, é capaz de transmitir confiança, paz e conforto.

6. Permita-se rir um pouco

A consulta médica é um ambiente de tensão. Uma conversa descontraída, um assunto do cotidiano, principalmente se engraçado, pode ajudar a aliviar a tensão e a “quebrar o clima gelado”. Só fique atento com costumes e hábitos do paciente, para que não cause constrangimento: não é piada nem talk show, apenas um tom para a conversa mais alegre e descontraído.

7. Empatia

Está aí um sentimento fundamental ao médico. Mais do que transmitir ao paciente, o profissional precisa internalizar a empatia. Tentar imaginar como o paciente se sente agora e no futuro próximo e o melhor que pode ser feito por ele. Um bom exemplo é: em vez de dizer “me desculpe pela má notícia”, que reflete o seu sentimento, diga “sei que tem tem sido difícil para você”. Só para vocês terem ideia, a empatia já foi até testada cientificamente. Estudo recente mostrou melhor controle glicêmicos em diabéticos que reportaram maior empatia com seus médicos!

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