Esclerose múltipla: conheça a abordagem no Whitebook!

A esclerose múltipla clinicamente definida pode ser diagnosticada no momento de um primeiro ataque com base nos critérios McDonald.

Este conteúdo foi desenvolvido por médicos, com objetivo de orientar médicos, estudantes de medicina e profissionais de saúde em seu dia a dia profissional. Ele não deve ser utilizado por pessoas que não estejam nestes grupos citados, bem como suas condutas servem como orientações para tomadas de decisão por escolha médica.

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A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune desmielinizante que acomete o sistema nervoso central, sendo a segunda causa neurológica de incapacidade em jovens.

Estima-se que a prevalência no Brasil seja de 15 casos por cada 100 mil habitantes, sendo os adultos entre 18-55 anos, e principalmente as mulheres, os mais afetados.

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Tem importantes repercussões físicas, psicossociais e econômicas e curso de doença imprevisto. Alguns pacientes não apresentam sintomas ou têm sintomas leves e transitórios, enquanto outros apresentam quadro grave e progressivo com importante morbidade.

Na maioria das vezes, a clínica se manifesta em surtos havendo remissão espontânea ou com o uso de corticoterapia, sendo a forma de apresentação remitente-recorrente a mais comum. Dentre os sinais de alerta, destacam-se: neurite óptica, dificuldade de equilíbrio e de coordenação motora, parestesias ou paresia em membros, mielites, fadiga, disfunções esfincterianas e sexuais e alterações no humor, memória e atenção.

Reconhecê-los é essencial a fim de que haja elucidação diagnóstica precoce e consequentemente tratamento oportuno. No que concerne aos exames complementares, a ressonância nuclear magnética demonstra lesões de desmielinização do sistema nervoso central e exames laboratoriais como sorologia para sífilis, HIV e dosagem de vitamina B12 auxiliam a descartar diagnósticos diferenciais.

É importante ressaltar ainda que o diagnóstico incorreto de esclerose múltipla tem sido comum, o que implica consequências importantes para os pacientes assim como aumento dos custos em saúde. Sendo assim é importante avaliar rigorosamente os critérios diagnósticos e aprimorar o julgamento clínico.

Fisiopatologia

A esclerose múltipla (EM) é uma doença heterogênea, com características clínicas e patológicas variáveis que refletem diferentes vias para a lesão tecidual.

Inflamação, desmielinização e degeneração axonal são os principais mecanismos patológicos que provocam as manifestações clínicas, no entanto a causa da EM permanece desconhecida.

O envolvimento do sistema imunológico na patogênese da EM pode ser observado pela presença de algumas características:

  • Inflamação em conjunto com a ruptura da barreira hematoencefálica;
  • Presença de bandas oligoclonais de IgG (e IgM) no líquido cefalorraquidiano (LCR), mas não no soro de pacientes com EM;
  • Células T reativas à mielina são encontradas nas placas de EM, no LCR e na circulação periférica de pacientes com EM;
  • O risco de desenvolver EM está associado a certos alelos de classes I e II do complexo principal de histocompatibilidade (MHC), lócus que estão envolvidos na ativação e regulação das células T, entre outras características.

Abordagem Diagnóstica

O diagnóstico da EM é relativamente simples para pacientes que apresentem sintomas e achados de neuroimagem da ressonância magnética (RM) característicos da doença e que apresentem um curso remitente-recorrente.

A EM clinicamente definida pode ser diagnosticada no momento de um primeiro ataque com base nos critérios McDonald apresentados adiante.

Síndrome clínica isolada (CIS): Episódio clínico monofásico, agudo ou subagudo, com duração de, pelo menos, 24 horas e ausência de febre ou infecção em paciente em que a EM é desconhecida. As apresentações típicas são:

  • Neurite óptica unilateral, manifestando-se com perda visual monocular dolorosa;
  • Diplopia indolor devido a oftalmoplegia internuclear (geralmente bilateral) ou paralisia do sexto nervo;
  • Síndrome do tronco encefálico ou cerebelar;
  • Mielite transversa parcial, geralmente com sintomas sensoriais predominantes;
  • A apresentação de sintomas e sinais pode ser monofocal (consistente com uma única lesão) ou multifocal (consistente com mais de uma lesão).

Leia mais: Orientações de planejamento familiar para pacientes com esclerose múltipla

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Bertolli A. P. et al. O portador de Esclerose Múltipla e suas formas de enfrentamento frente à doença. Barbaroi, Santa Cruz do Sul ,(34), 101-124, 2011.
  • Conitec. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Esclerose Múltipla. 2019.
  • Solomon, A.J., Weinshenker, B.G. Misdiagnosis of Multiple Sclerosis: Frequency, Causes, Effects, and Prevention. Curr Neurol Neurosci Rep 13, 403 (2013).  

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