A esclerose múltipla (EM) é uma doença autoimune desmielinizante que acomete o sistema nervoso central, sendo a segunda causa neurológica de incapacidade em jovens.
Estima-se que a prevalência no Brasil seja de 15 casos por cada 100 mil habitantes, sendo os adultos entre 18-55 anos, e principalmente as mulheres, os mais afetados.
Veja também: O que mudou no DSM-5-TR?
Tem importantes repercussões físicas, psicossociais e econômicas e curso de doença imprevisto. Alguns pacientes não apresentam sintomas ou têm sintomas leves e transitórios, enquanto outros apresentam quadro grave e progressivo com importante morbidade.
Na maioria das vezes, a clínica se manifesta em surtos havendo remissão espontânea ou com o uso de corticoterapia, sendo a forma de apresentação remitente-recorrente a mais comum. Dentre os sinais de alerta, destacam-se: neurite óptica, dificuldade de equilíbrio e de coordenação motora, parestesias ou paresia em membros, mielites, fadiga, disfunções esfincterianas e sexuais e alterações no humor, memória e atenção.
Reconhecê-los é essencial a fim de que haja elucidação diagnóstica precoce e consequentemente tratamento oportuno. No que concerne aos exames complementares, a ressonância nuclear magnética demonstra lesões de desmielinização do sistema nervoso central e exames laboratoriais como sorologia para sífilis, HIV e dosagem de vitamina B12 auxiliam a descartar diagnósticos diferenciais.
É importante ressaltar ainda que o diagnóstico incorreto de esclerose múltipla tem sido comum, o que implica consequências importantes para os pacientes assim como aumento dos custos em saúde. Sendo assim é importante avaliar rigorosamente os critérios diagnósticos e aprimorar o julgamento clínico.
Fisiopatologia
A esclerose múltipla (EM) é uma doença heterogênea, com características clínicas e patológicas variáveis que refletem diferentes vias para a lesão tecidual.
Inflamação, desmielinização e degeneração axonal são os principais mecanismos patológicos que provocam as manifestações clínicas, no entanto a causa da EM permanece desconhecida.
O envolvimento do sistema imunológico na patogênese da EM pode ser observado pela presença de algumas características:
- Inflamação em conjunto com a ruptura da barreira hematoencefálica;
- Presença de bandas oligoclonais de IgG (e IgM) no líquido cefalorraquidiano (LCR), mas não no soro de pacientes com EM;
- Células T reativas à mielina são encontradas nas placas de EM, no LCR e na circulação periférica de pacientes com EM;
- O risco de desenvolver EM está associado a certos alelos de classes I e II do complexo principal de histocompatibilidade (MHC), lócus que estão envolvidos na ativação e regulação das células T, entre outras características.
Abordagem Diagnóstica
O diagnóstico da EM é relativamente simples para pacientes que apresentem sintomas e achados de neuroimagem da ressonância magnética (RM) característicos da doença e que apresentem um curso remitente-recorrente.
A EM clinicamente definida pode ser diagnosticada no momento de um primeiro ataque com base nos critérios McDonald apresentados adiante.
Síndrome clínica isolada (CIS): Episódio clínico monofásico, agudo ou subagudo, com duração de, pelo menos, 24 horas e ausência de febre ou infecção em paciente em que a EM é desconhecida. As apresentações típicas são:
- Neurite óptica unilateral, manifestando-se com perda visual monocular dolorosa;
- Diplopia indolor devido a oftalmoplegia internuclear (geralmente bilateral) ou paralisia do sexto nervo;
- Síndrome do tronco encefálico ou cerebelar;
- Mielite transversa parcial, geralmente com sintomas sensoriais predominantes;
- A apresentação de sintomas e sinais pode ser monofocal (consistente com uma única lesão) ou multifocal (consistente com mais de uma lesão).
Leia mais: Orientações de planejamento familiar para pacientes com esclerose múltipla
Quer saber mais sobre Esclerose Múltipla? Acesse agora mesmo no Whitebook! Basta seguir este caminho após abrir o WB no seu navegador ou pelo app: Medicina Interna Neurologia Esclerose Múltipla