Em estudo recente publicado no The Lancet, mostrou que os casos de retocolite ulcerativa vêm aumentando no Brasil. Trata-se de uma doença que acomete a mucosa do cólon e do reto.
Neste episódio, a coloproctologista e conteudista do Whitebook, Mariane Sávio, aborda quais os tratamentos recomendados para essa condição e como procedê-los. Confira!
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Definição
Fisiopatologia
Diferentemente da doença de Crohn, que se associa à inflamação transmural tanto do intestino grosso quanto do delgado, a retocolite ulcerativa geralmente afeta somente a camada mucosa do cólon.
Apesar de não ser completamente esclarecida, a etiopatogenia da retocolite ulcerativa envolve, basicamente, três aspectos que interagem entre si e com fatores ambientais:
- Fatores genéticos;
- Fatores luminais, relacionados à barreira intestinal e à microbiota;
- Fatores relacionados à imunorregulação e à resposta imune.
Um conceito importante é que nenhum desses aspectos isolados explica a doença, mas a interação entre eles é o que realmente determinará sua ocorrência.
Apresentação Clínica
Anamnese
Epidemiologia: A RCU é reconhecida em todo o mundo, com maior incidência em países desenvolvidos (até 31 casos por 100.000 pessoas por ano). No Brasil, estima-se uma incidência superior a 8 casos por 100.0000 pessoas-ano. A prevalência de retocolite ulcerativa em relação à doença de Crohn é maior em todos os países da América Latina, exceto o Brasil.
Geralmente, acomete adultos jovens, com pico entre 30-40 anos, embora um segundo pico entre 60-69 anos seja descrito por alguns autores.
A maioria dos estudos demonstra discreto predomínio no sexo masculino ou equivalência entre gêneros.
Quadro clínico: Em geral, manifesta-se, predominantemente, com:
- Diarreia crônica;
- Sangramento intestinal;
- Urgência evacuatória;
- Tenesmo
Podem estar presentes:
- Perda de peso;
- Febre baixa;
- Dor abdominal;
- Fadiga;
- Constipação intestinal.
Na proctite ou proctossigmoidite, a eliminação de sangue vivo, com muco, ou a coloração das fezes por sangue são os sinais mais comumente observados. Ocorre urgência evacuatória e tenesmo.
Na doença mais extensa, em geral, o sangue é misturado com fezes diarreicas, sendo também frequente a percepção de pus. A diarreia varia em sua frequência, podendo atingir mais de 10-15 evacuações diárias, geralmente com fezes líquidas e de pequeno volume.
A doença apresenta tendência a múltiplas recorrências durante toda a vida e está associada a inúmeras manifestações extraintestinais.
Fatores associados ao desenvolvimento da doença:
- História familiar de doença inflamatória intestinal e presença de colangite esclerosante primária aumentam o risco de RCU;
- Apendicectomia por apendicite comprovada na infância ou adolescência e tabagismo estão associados à redução do risco de RCU.
Exame Físico
Os sinais e sintomas da retocolite ulcerativa dependem do grau de atividade inflamatória, local e extensão do acometimento intestinal.
Dependendo da gravidade do quadro, podem ser encontrados sinais de toxicidade sistêmica, como:
- Taquicardia;
- Febre;
- Hipotensão;
- Distensão abdominal.
Deve ser realizada inspeção cuidadosa da região perianal em busca de fístulas, plicomas, fissuras e sinais de doenças sexualmente transmissíveis, visando ao adequado diagnóstico diferencial.
Saiba mais conferindo o episódio completo do podcast do Whitebook. Ouça abaixo!