Quando realizada hemiartroplastia para tratamento das fraturas de quadril, as próteses cimentadas geram menor risco de fratura periprotética e melhores índices de qualidade de vida que as não cimentadas, segundo estudos recentes.
Entretanto, ainda não há consenso sobre se há vantagem em utilizar o acesso posterolateral ou lateral direto para realização do procedimento. Diante disso, foi publicado no último mês no Journal of the American Medical Association (JAMA) um estudo com o objetivo de comparar resultados de pacientes operados com acesso lateral direto ou posterolateral em adultos com fratura deslocada do colo do fêmur.
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O estudo sobre
Foi desenvolvido um Ensaio Clínico Randomizado (ECR) multicêntrico em 14 hospitais holandeses, onde os profissionais eram treinados para poder realizar qualquer um dos dois procedimentos. O desfecho primário foi qualidade de vida relacionada à saúde 6 meses após a cirurgia, quantificado com o questionário EuroQol Group 5-Dimension (EQ-5D-5L). Os desfechos secundários incluíram luxações, medo de quedas e quedas, atividades da vida diária, dor e reoperações.
Os critérios de inclusão foram: pacientes adultos com fratura aguda do colo do fêmur (< 7 dias), hemiartroplastia cimentada como tratamento recomendado e fluência e alfabetização em holandês ou inglês. Já os critérios de exclusão foram os seguintes: multitrauma (Injury Severity Score > 15), cirurgia secundária após falha de fixação, fratura patológica e alto risco de não adesão (ou seja, sem residência holandesa, como turistas ou pacientes com expectativa de vida < 6 meses).
Um total de 843 pacientes (542 [64,3%] mulheres; idade média [DP], 82,2 [7,5] anos) participaram, com 555 pacientes no ECR (283 pacientes no grupo acesso lateral; 272 pacientes no grupo acesso posterolateral). No ECR, as pontuações médias do EQ-5D-5L aos 6 meses foram 0,50 (IC 95%, 0,45-0,55) após acesso lateral e 0,49 (IC 95%, 0,44-0,54) após posterolateral. A diferença entre grupos (-0,04 [IC 95%, -0,11 para 0,04]) não foi estatisticamente significativo nem clinicamente significativo.
A maioria dos desfechos secundários foram comparável entre os grupos, mas o acesso posterolateral foi associado a mais luxações do que o lateral (15 de 272 pacientes [5,5%] no posterolateral vs 1 de 283 pacientes [0,4%] no lateral. A fusão de dados resultou em um tamanho de efeito de 0,00 (IC 95%, -0,04 a 0,05) para o EQ-5D-5L e uma razão de chances de 12,31 (IC 95%, 2,77 a 54,70) para sofrer uma luxação depois do acesso posterolateral.
Conclusão
Neste estudo, o acesso posterolateral não foi associado a melhores escores de qualidade de vida quando comparado com o lateral direto. Além disso, as taxas de luxação e reoperação foram maiores após o acesso posterolateral. Estudos anteriores obtiveram resultados parecidos, o que sugere um fortalecimento dessas descobertas.
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