Ainda que a chegada do novo coronavírus (COVID-19) em território nacional cause preocupação e requeira a devida atenção, a população e os profissionais de saúde não devem deixar de manter o foco no enfrentamento de uma das maiores epidemias brasileiras, a dengue. O número de pessoas infectadas pelo vírus causador da dengue é tão grande como de infectados pelo COVID-19 pelo mundo, no entanto, a dengue como condição infecciosa apresenta maior taxa de mortalidade.
Dengue
Segundo dados do Boletim Epidemiológico, que foi publicado pelo Ministério da Saúde em fevereiro de 2020, foram notificados 57.485 de casos prováveis de dengue, que se comparado a mesma época do ano passado demonstram um aumento sutil, porém muito maior se comparado ao ano de 2018 no mesmo período o que deve gerar um alerta aos serviços de saúde.
Outros dados demonstram que estados com maior incidência como o Paraná já apresenta uma taxa elevada de óbitos por dengue, só na semana entre 4 e 10 de fevereiro deste ano, por exemplo, foram confirmados seis óbitos e ainda nem chegamos nos meses considerados de alta incidência devido as chuvas e maior proliferação do mosquito, como o mês de abril.
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Por definição, o agente biológico causador da dengue é considerado como do tipo arbovírus, que são vírus transmitidos pela picada de insetos, especialmente mosquitos. Existem quatro tipos diferentes do vírus da dengue (DEN-1; DEN-2; DEN-3; DEN-4) e uma vez que o individuo é infectado ele passa a adquirir imunidade permanente. As principais manifestações clínicas são: febre alta (maior que 38.5 ºC); mal estar; dor de cabeça; dor muscular; falta de apetite; e manchas vermelhas pelo corpo. Pode ser autolimitada ou evoluir para formas graves como: dengue hemorrágica podendo ser fatal.
O profissional de enfermagem por estar presente em todos os níveis de atenção à saúde, deve assumir um papel fundamental no enfrentamento de doenças epidêmicas como a dengue, sendo responsável por inúmeras ações que englobam principalmente a prevenção, a assistência aos infectados, o monitoramento e a notificação e controle de novos casos.
Principais ações de enfermagem
Prevenção: a melhor maneira de prevenir é evitar a proliferação do vetor, o mosquito Aedes Aegypti, para isso os profissionais de enfermagem devem orientar a população:
- Evitar água parada;
- Manter a caixa de água fechada;
- Eliminar utensílios que mantenham água parada;
- Manter tampado tonéis e barris de água;
- Encher com areia pratos de plantas;
- Lavar com água e sabão os tanques que armazenam água (semanalmente);
- Encaminhar para lixeira todos utensílios que possam acumular água;
- Lixeiras devem estar bem fechadas;
- Manter as calhas limpas;
- Evitar água acumulada nas lajes.
- Utilizar folhetos e banners informativos para orientar a população.
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Manejo: em casos de dengue sem sinais de alerta ou gravidade.
- Proceder com entrevista; exame físico e aferição de sinais vitais. Proceder com Sistematização da Assistência de Enfermagem e atentar para sinais de complicação;
- Utilizar estadiamento clínico de acordo com o definido pelo ministério da saúde;
- Reavaliar sempre que necessário para possível reestadiamento até a consulta médica.
- Coletar exames se necessário de acordo com protocolo institucional;
- Promover primeiramente hidratação oral com soro de reidratação e se necessário hidratação por via endovenosa ou subcutânea;
- Monitorar evolução das manifestações clínicas, após medidas inciais;
- Administrar medicações prescritas;
- Orientar uso de medicações no domicílio;
- Orientar sobre o risco de medicações como salicilatos ou antiinflamatórios que possam causar sangramentos;
- Fornecer informações aos pacientes e familiares sobre principais sinais e sintomas, manifestações clínicas de agravamento e quando necessário voltar a unidade de saúde;
- Orientar cuidados em domicílio após alta, principalmente hidratação oral em torno de 60 ml por kilo do paciente, sendo 1/3 solução salina.
- Orientar e agendar retorno para reavaliação entre terceiro e sexto dia.
- Orientar sobre a necessidade de repouso;
- Todos os casos suspeitos devem ser notificados.
- Fornecer informações para Atenção Primária à Saúde, a fim de promover o monitoramento de casos suspeitos ou confirmados e medidas de prevenção em regiões endêmicas;
- Realizar todo tipo de anotação e evolução de enfermagem.
Por último, vale lembrar que outras doenças comuns no Brasil são provocadas pelo mosquito Aedes aegypti como zika e chikungunya, portanto, a melhor estratégia é prevenir a proliferação desses vetores. Além disso, todos os profissionais da saúde e podem encontrar informações detalhadas no site do Ministério da Saúde que conta ainda com um Manual de Enfermagem exclusivo para combate e manejo da dengue.
- Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico. Volume 51. Secretaria de Vigilância em Saúde. [Internet]; 2020; [citado em fevereiro de 2020].
- Ministério da Saúde. Dengue Manual de Enfermagem. 2 edição. Brasilia-DF. [Internet]; 2013; [citado em fevereiro de 2020].
- Ministério da Saúde. Dengue: sintomas, causas, tratamento e prevenção. [Internet]; s data; [citado em fevereiro de 2020].
- El País. Dengue coloca o Brasil na mira de um novo surto em meio a preocupação com o coronavírus. [Internet]; 2020; [citado em fevereiro de 2020].