Educação permanente e continuada em tempos de pandemia

A chegada do novo coronavírus levantaram a necessidade de realizar uma educação permanente e continuada dos trabalhadores de saúde.

A pandemia chegou de forma rápida e inesperada, exigindo dos profissionais de enfermagem célere adaptação à aprendizagem. O aprendizado se deu rapidamente por necessidade de atendimento de milhares de pessoas, que acionaram o serviço de saúde com diversas complicações de uma doença até então desconhecida no cotidiano dos profissionais. O esforço em se capacitar para atingir melhores ações de cuidado é uma realidade. No entanto, junto com a pandemia de Covid-19 veio a modificação da lógica de ensino. O conhecimento passou a ser construído envolvendo a tecnologia e esse processo modificou a relação de aprendizagem dos profissionais.  Com a chegada do novo coronavírus, algumas questões se tornaram relevantes fazendo a necessidade de realizar, mais do que nunca, uma educação permanente e continuada aos trabalhadores de saúde. isso aconteceu principalmente por fatores como: o despreparo da graduação e pós-graduação no Brasil, características do vírus e seus efeitos desconhecidos inicialmente, condições de virulência, transmissibilidade e tratamento ainda em estudo, necessidade no domínio de técnicas e equipamentos, conhecimento sobre a mortalidade e preparação emocional ao lidar com usuários do serviço e família, abrupto número de atendimento e complicações diversas causadas pela doença, entre outras coisas.

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A necessidade de educação para os profissionais de saúde na pandemia

Assim foi gerada a necessidade urgente de uma educação permanente e continuada dos profissionais de saúde, principalmente da equipe de enfermagem, que é aquela que permanece 24 horas ao lado do enfermo. O rápido aprendizado se deu, inclusive, para proteger a si e aos seus familiares. No entanto, ainda assim o número de mortalidade entre os profissionais de saúde é altíssimo e os profissionais de enfermagem são os que mais sofreram com essa terrível pandemia. A complexidade do cuidado provoca a urgente necessidade de educação permanente e continuada dos profissionais de enfermagem que tratariam os casos da doença.

Mas afinal, o que é educação permanente? E o que é educação continuada? Bom, é importante ressaltar Freire e Faundez (2017) que revelam que: “a educação é um processo universal, mas são muitas as concepções e as práticas, diferentes e até antagônicas, que a materializam. Por isso, é preciso qualificá-la, isto é, dizer de que educação estamos falando”. A educação permanente é aquela que valoriza as situações existentes no trabalho e em seus processos, realizando a problematização dos processos, dentro do contexto de trabalho, constituindo um novo saber entre os profissionais nas instituições. Por outro lado, a educação continuada é aquela que se refere à continuidade da formação inicial, com foco no aperfeiçoamento profissional, mas que não necessariamente atende às necessidade no local de trabalho ou modifica o saber em relação ao trabalho. (FERNANDES, 2016)

Características da educação permanente em saúde

    • É considerada uma prática de ensino-aprendizagem;
    • É considerada um dos principais dispositivos da política de educação na saúde;
    • Produz conhecimento no cotidiano das instituições;
    • Possui suas bases no ensino problematizador;
    • Considera as questões do trabalho;
    • Não possui superioridade entre educador em relação ao educando;
    • Refuta o ensino aprendizado mecânico;
    • Refuta o conhecimento em si, sem a conexão com o cotidiano;
    • Promove a participação na construção do conhecimento;
    • Valoriza os problemas situacionais do trabalho;
    • Valorização da fala dos profissionais e de seus conflitos.

Características da educação continuada em saúde

    • Considera a constante qualificação do indivíduo;
    • Considera que nunca é tarde para aprender e sempre há algo novo a ser aprendido;
    • Baseia-se na necessidade contínua de conhecimento;
    • Não está necessariamente ligada aos problemas específicos do trabalho;
    • Baseia-se no acúmulo de conhecimento e desenvolvimento pessoal;
    • Instrução complementar, que leva a melhores práticas de saúde;
    • Cria novos conhecimentos para os locais de trabalho;
    • Promove o conhecimento sobre mudanças no decorrer de sua profissão;
    • Desenvolve melhorias no trabalho do profissional;
    • Qualifica as práticas de assistência em saúde;
    • Favorece o desenvolvimento e a participação na vida da instituição.

A política de educação na saúde compreende a educação permanente e continuada. Esses processos fortalecem o Sistema Único de Saúde, uma vez que a articulação entre a saúde e a educação são modificadoras das práticas assistenciais de cuidado. As duas modalidades são importantes e necessárias, elas não são uma opção didático-pedagógica, mas são necessárias e fundamentais. É uma estratégia de melhoria nas práticas de cuidado. A educação permanente melhora as práticas de forma mais específicas e pode ser mais célere. Já a educação continuada constrói um conhecimento mais global e modifica práticas, respeitando as inovações das ciências relacionadas à profissão.

Tanto a educação permanente como a continuada deve estar comprometidas com metodologias ativas e dinâmicas, que valorizem os trabalhadores da saúde. Considerando, é claro, que na educação permanente esse protagonismo já acontece no mundo do trabalho. (Silva e Silva, 2019). É importante destacar que, para o célere aperfeiçoamento dos profissionais nos locais, no atual momento, é importantíssimo que as instituições compreendam que esta modalidade é fundamental e necessária. Compreende-se assim que o serviço deve dispor emergencialmente de ações de educação permanente, para que haja melhor qualidade do serviço.

A educação continuada também deve ser realizada e a incorporação de diversos saberes devem ser constituídos para que o ato complexo de cuidar, diante dessa pandemia, possa ser desenvolvido. É importante compreender que as instituições devem facilitar as atividades de educação continuada, uma vez que os profissionais de enfermagem aumentaram suas cargas de trabalho devido a pandemia do novo coronavírus. Sendo assim, esses profissionais necessitam de um plano que promova possibilidade de desenvolver suas habilidades e competências e de se capacitar para tais atividades.

Referências bibliográficas:

  • Barbosa C.D. et.al. Reflexões sobre a pandemia COVID-19 e ações de educação permanente em enfermagem num hospital. Glob Acad Nurs, vol. 1, n.3, 2020.
  • Fernandes, R.M.C. Educação Permanente e Políticas Sociais. Campinas-SP: Papel Social, 2016.
  • Silva ACA, Silva ALC. A Educação continuada e permanente em enfermagem no Brasil: uma revisão integrativa. Revista Educação em Saúde. Vol.7 número1, pág:67-73, 2019.

 

 

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