Todos os anos, no dia 07 de abril, é comemorado o Dia Mundial da Saúde. Criado em 1950 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a data coincide com à criação da mesma instituição em 1948. A cada ano, a OMS traz um tema a ser trabalhado, em âmbito global, visando promover a conscientização da população sobre a importância da saúde. Em 2021, a campanha é com foco na construção de um mundo mais justo e saudável.
O Brasil, além de dispor de um dos maiores sistemas de saúde pública mundial, traz, de forma expressa, a saúde na Constituição Federal e em legislações específicas. A saúde é um direito de todos e dever do estado, estando assim, em plena consonância com as diretrizes internacionais para promoção, prevenção e recuperação da saúde.
Câncer de colo de útero
Outra data que visa a conscientização global da população é o dia 08 de abril, quando se comemora anualmente o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Essa celebração tem a intenção de informar e propagar medidas de prevenção e incentivo ao diagnóstico precoce do câncer, doença que faz parte da lista das principais causas de morte em todo o mundo.
Em 2018, 6,6% dos novos casos de câncer em mulheres de todo o mundo foi o do colo uterino e em 2019, no Brasil, a taxa de mortalidade do câncer de colo de útero, conforme a localização primária do tumor, foi de 6%. Apesar de ser um câncer que pode ser prevenido, é consenso afirmar que este é um sério problema de saúde pública no país. Estima-se, segundo o Instituto Nacional do Câncer José de Alencar Gomes da Silva (INCA), que o Brasil registrará 16.590 novos casos de câncer de colo de útero, o que representa 7,4% dos novos casos entre as mulheres, para cada ano no triênio 2020-2022.
O câncer de colo uterino se inicia com alterações anormais das células superficiais do colo do útero, as lesões precursoras, que se diagnosticado e tratado a tempo são curáveis. Mas, para esse diagnóstico acontecer, utiliza-se como prevenção secundária o rastreamento de mulheres entre 25 e 64 anos de idade, que é o exame citopatológico, popularmente conhecido como preventivo.
Uma forma de prevenção primária desse câncer é através da diminuição do contágio pelo HPV, seja pelo uso do preservativo (masculino ou feminino) durantes as relações sexuais e com a vacinação contra o HPV, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do vírus, sendo que dentre esses, o 16 e 18, possuem poder oncogênico, o que leva ao desenvolvimento das lesões precursoras no colo de útero nos casos de infecção persistente.
Nesse contexto, destaca-se o importante papel social dos profissionais de enfermagem, em especial enfermeiros, que atuam nos diversos níveis de atenção à saúde. Estudos científicos, bem como documentos da OMS e da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) certificam que os enfermeiros são estratégicos para a promoção de acesso à saúde universal, não só por representarem a maior parte da força de trabalho da saúde, mas também por serem muitas vezes o único recurso humano em contato com o paciente em muitos lugares no mundo, como pronunciou Carissa F. Etienne, diretora da OPAS.
Alinhados à formação acadêmica da enfermagem, que se consubstancia desde a análise dos processos de saúde doença, mas com foco nas medidas preventivas e ações de educação em saúde, os enfermeiros detêm arcabouço teórico-prático para atuar no controle de prevenção do câncer de colo de útero.
Em virtude dos fatos mencionados, a atenção primária de saúde é um importante campo de atuação do enfermeiro que, mediante suas práticas avançadas, tem papel fundamental no controle do câncer de colo uterino. Esse profissional pode atuar na sala de vacina, realizar consulta de enfermagem ginecológica, coletar material para exame citopatológico, avaliar os resultados dos exames e encaminhar aos serviços de referências quando necessários. Além disso, realiza ações educativas em conjunto com sua equipe e demais profissionais da área de saúde, orientando as usuárias sobre o uso de preservativos e a importância da realização do exame citopatológico.
As ações educativas em saúde são fundamentais tendo em vista que ainda há resistência por parte muitas mulheres em fazer o exame preventivo devido ao desconhecimento, constrangimento ou mesmo o medo do diagnóstico positivo para o câncer, o que leva, em muitos desses casos, a busca tardia pelos serviços de saúde e, não raro, o diagnóstico de câncer de colo uterino já em fase avançada.
Referencias bibliográficas:
- Melo MCSC, Vilela F, Salimena AMO, Souza IEO. O Enfermeiro na Prevenção do Câncer do Colo do Útero: o Cotidiano da Atenção Primária. Revista Brasileira de Cancerologia 2012; 58(3): 389-398
- Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2013.
- Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020 : incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro : INCA, 2019.
- OPAS, Enfermeiras e enfermeiros são essenciais para avançar rumo à saúde universal., 2019 Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5931:enfermeiras-e-enfermeiros-sao-essenciais-para-avancar-rumo-a-saude-universal-2&Itemid=844
- OPAS, Dia Mundial da Saúde 2021. Disponível em https://www.paho.org/pt/campanhas/dia-mundial-da-saude-2021