Os profissionais de enfermagem são a base da linha de frente no combate à pandemia causada pelo coronavírus. Sabemos que é a maior classe de profissionais de saúde do Brasil e a segunda maior classe de profissionais do Brasil, tendo em seu corpo profissionais principalmente enfermeiros e técnicos de enfermagem que lutam diariamente para a recuperação de pessoas acometidas pela infecção viral pelo SARS-CoV-2, causador de diversas complicações.
Os dados são relevantes em referência ao adoecimento e morte dos profissionais de enfermagem. O último boletim emitido em 07 de junho nos mostra que 396.140 casos foram notificados como suspeita de Covid-19 em profissionais de saúde. Desses 108.379 (27,4%), foram confirmados. Os técnicos e auxiliares de enfermagem são os mais atingidos com número de acometidos pela doença de 31.991, representando 29,5% dos casos totais, seguidos por enfermeiros com 18.250 casos (16,8%). Os profissionais de enfermagem totalizam mais de 50.000 casos e chegam a mais de 46% dos casos em profissionais de saúde.
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Números da Covid-19 em profissionais de enfermagem
Vamos analisar casos de síndrome gripal de acordo com as profissionais de saúde, por categoria. Assim vamos considerar as 10 primeiras profissões em relação aos casos suspeitos de Covid-19 na relação suspeitos e confirmados, de acordo com o boletim epidemiológico.
Profissões relacionadas à atenção à saúde |
Casos de covid-19 | |
Suspeitos | Confirmados | |
Técnicos e auxiliares de enfermagem | 119.247 | 31.991 |
Enfermeiros e afins | 68.014 | 18.250 |
Médicos | 37.988 | 11.496 |
Agente comunitário de saúde | 20.833 | 5.738 |
Farmacêuticos | 19.320 | 5.786 |
Cirurgiões-dentistas | 16.524 | 4.589 |
Fisioterapeutas | 15.866 | 4.305 |
Psicólogos e psicanalistas | 11.511 | 2.810 |
Recepcionistas | 11.170 | 2.906 |
Nutricionistas | 6.965 | 1.872 |
Técnico em farmácia e em manipulação farmacêutica | 5.245 | 1.428 |
Agentes de combate às endemias | 4.904 | 1.387 |
Assistentes sociais e economistas domésticos | 4.864 | 1.227 |
Agente de saúde pública | 4.774 | 1.310 |
Trabalhadores em serviços de promoção e apoio à saúde | 4.390 | 1.161 |
Técnicos de odontologia | 4.325 | 1.136 |
Auxiliares de laboratório da saúde | 4.194 | 1.223 |
Cuidadores de crianças, jovens, adultos e idosos | 3.818 | 744 |
Veterinários e zootecnistas | 3.746 | 1.032 |
Profissionais da educação física | 3.454 | 947 |
Biomédicos | 3.325 | 989 |
Fonte: Ministério da Saúde (2021)
Os dados mostram que, por este motivo, a morte de pacientes contaminados tem se apresentado como uma notícia frequente nos meios midiáticos, especialmente nos períodos mais recentes e tem sido uma constante desafiadora a ser enfrentada pelos profissionais de saúde, com destaque para a equipe de enfermagem. Nesse sentido, vale considerar De Paula et.al. (2020) que revela que a morte tem sido recorrente e aparece nos meios midiáticos nos períodos mais recentes e a realidade tem sido uma constante desafiadora a ser enfrentada pelos profissionais de saúde. E sem dúvida um grupo especial trabalha todas as questões de maneira mais enfática que são os profissionais de enfermagem.
O fenômeno da mortalidade dos profissionais de enfermagem por conta do Covid-19, se encontra relacionada à várias questões como previsto no estudo de Benito (2020, pág. 664), que trata da de questões que levantam a questão da “complexidade da enfermidade e o desconhecimento de metodologias de combate e controle, à disponibilização reduzida de EPIs pelas instituições empregadoras, a elevada carga horária de trabalho cotidiana, o elevado quantitativo instituído de pacientes a serem atendidos”. Outros estudos estão presentes no processo de trabalho.
Medidas para conter os casos
Ações podem ser realizadas para diminuir tais dados. O uso de EPI sempre vai ser o mais encontrado na literatura. Mas a exposição é grande e esse indicador é mais difícil de mudar, na medida em que a estrutura do sistema de saúde não tem dado conta dos atendimentos nestes últimos tempos. O processo de trabalho dos enfermeiros gera mais vulnerabilidade.
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Por isso, temas como o piso salarial digno e existente, lembrando que mesmo com iniciativas durante a pandemia, onde teoricamente a sociedade poderia estar mais sensível a nossas questões, não conseguimos aprovar um piso salarial mínimo. Questões outras da enfermagem precisam ser colocadas em pauta, do contrário, os profissionais que mais se expõe continuam adoecendo e morrendo. Vamos mudar esse cenário e criar uma enfermagem mais respeitada pela sociedade. Para isso, precisamos além de desvelar as vulnerabilidades, discutir possíveis saídas para esse problema que é de todos nós.
Referências bibliográficas:
- De Paula GS, Gomes AMT, França LCM, Neto FRA, Barbosa DJ. A enfermagem frente ao processo de morte e morrer: uma reflexão em tempos de Coronavírus. J. nurs. health. 2020;10(n.esp.):e20104018
- Ministério da saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doença pelo Coronavírus COVID-19. Boletim epidemiológico especial. Brasília Dístrito Federal – Julho – 2021.
- Benito LAO, Palmeira AML, Karnikowski MGO, Silva ICR. Mortalidade de profissionais de enfermagem pelo Covid-19 no Brasil no primeiro semestre de 2020. REVISA. 2020; 9(Esp.1): 656-68. doi: https://doi.org/10.36239/revisa.v9.nEsp1.p656a668
- Ribeiro, Adalgisa Peixoto et al. Saúde e segurança de profissionais de saúde no atendimento a pacientes no contexto da pandemia de Covid-19: revisão de literatura. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. v. 45 e25, 2020.