Olá pessoal, hoje vamos tratar de um assunto que pode gerar dúvidas nos profissionais e estudantes, que terão o primeiro contato com a administração das vacinas do vírus Sars-Cov-2, conhecido como Covid-19. Muitas vacinas estão no mercado e desde já é importante dizer que a técnica de aplicação para todas elas é centrada na via intramuscular (IM). Por esse motivo, cabe compreender melhor essa via e as técnicas para a realização do procedimento. Lembramos que a Via (IM) é uma opção conhecida frente a aplicação de vacinas, sendo experimentada em grande variedade de imunobiológicos, gerando compreensão de segurança e eficácia. Assim se faz necessário compreender a técnica adequada de administração
A via intramuscular (IM) é a via de administração de medicamentos diretamente no tecido muscular. Cabe ressaltar que é via de absorção mais segura em relação às demais, evitando irritações gástricas, intestinais, subcutâneas, das vias aéreas ou da pele. Ainda possui absorção, provendo biodisponibilidade do fármaco de forma progressiva, sendo benéfica para a utilização de antagonistas ou medicamentos para redução sintomática, quando necessário. É a via indicada para administração de quase a totalidade das vacinas. E também especificamente das vacinas do combate ao Covid-19.
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A escolha da região adequada
Convencionalmente, a aplicação de fármacos intramuscular deve respeitar a avaliação quanto à: Faixa etária (Idade); Peculiaridades da Droga, considerando se está usualmente promove efeito adverso em localidade específica; Avaliação de volume; Musculatura do usuário; Atividades instrumentais cotidianas do usuário. Já na imunização as questões a serem avaliadas são diferentes e a escolha do local é padronizada, para identificação de possíveis efeitos adversos das vacinas. Vamos as elas:
A escolha da região das Vacinas Covid-19 é a região do deltóide direito ou esquerdo. Essa escolha se dará frente ao ofício do usuário. Por exemplo, se o usuário utiliza muito o braço esquerdo ou direito, realizar a vacina no braço de menor utilização cotidiana. É sempre bom enfatizar que deve haver respeito à vontade do usuário. Em alguns programas quando há vacinação de mais de um imunobiológico, há a padronização do lado de aplicação, para identificação da reação imunobiológica. No caso da vacina contra Covid-19, seja ela vacina da Pfizer, Moderna, Sputnik, Astrazeneca, ou Coronavac, não é indicado a associação com outros imunobiológico, sendo que há orientação de distanciamento de pelo menos 15 dias entre administração de outra vacina, como a vacina da Gripe, comum no calendário nacional.
Material necessário
- Bandeja;
- Luvas de procedimento (Comum lavagens das mãos entre as aplicações, não utilizando luvas para a realização do procedimento. Essa ação é aprovada, mas há discussões sobre a proteção do profissional na literatura. Lembramos que há discussões de correntes literárias que desaprovam a não utilização de luvas e outras que aprovam visto, questões diversas sobre economia e outros fatores relacionados a fluxo de atendimento);
- Seringa (recomenda-se seringas mais proximais ao volume. O volume das vacinas são de 0,5ml, portanto, seringas de 5ml, 10ml, 20ml não são indicadas por trazer, maior possibilidade de perda de material e de erro de aspiração do imunobiológico);
- Agulhas (É importante destacar a necessidade de agulha para aspiração e para administração, essas devem ser diferentes. As agulhas podem ser diferentes, geralmente são agulhas nos calibres: 25×0,8 e 30×0,8. Atentar-se a vacina da Pfizer que possui calibre diferente)
- Solução alcoólica 70%;
- Algodão;
Descrição do procedimento
- Confirme o nome do usuário;
- Converse com o usuário, realizando perguntas sobre contraindicação e outras peculiaridades. Algumas questões são importantes, como uso de corticoides ou antiplaquetários;
- Posicione o usuário, orientando quanto ao procedimento;
- Realize as a lavagem das mãos;
- Cheque a temperatura da vacina (+2/+8);
- Prepare chumaço de algodão para antissepsia local e assepsia do frasco;
- Separe a seringa e introduza agulha de aspiração;
- Remova cobertura de proteção do frasco;
- Faça assepsia com solução de álcool à 70%;
- Aspire 0,5 ml de solução;
- Troque a agulha para aquela indicada para aplicação;
- Antissepsia deve ser realizada para remoção de sujidades sem álcool à 70%;
- Certifique se a agulha está bem inserida e retire a tampa da agulha;
- Certifique-se quanto à lateralização do bisel;
- Introduza a agulha na região deltoide até o final desta;
- Realize a aspiração, não havendo presença de sangue, introduza 0,5ml de solução;
- Retire a agulha, sempre protegendo a área de possíveis acidentes, por isso, atente-se;
- Coloque algodão ou outro material apropriado no local da aplicação, evitando a saída de sangue, por compressão;
- Informe ao usuário que este não deve esfregar o algodão ou outro material no local da aplicação;
- Informe quanto aos efeitos adversos e instrua quanto a necessidade de procurar o serviço de saúde em casos de complicação;
- Registre o procedimento na caderneta de vacinação e no registro do serviço;
- Lembre-se de orientá-lo quanto a data de aplicação da próxima dose, quando houver.
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Lembre-se que sempre devemos ter em nossas práticas, as atividades dos “certos” da administração das vacinas. Neste caso vamos orientar a confirmar o nome do usuário do serviço; Pelo menos em três ou mais momentos confirme o processo de vacinação, levando em consideração a pessoa, a vacina e a indicação; Analise sempre a carteira de vacinação, confirmando se primeira ou segunda dose, quando houver; confira sempre a dose correta, para evitar desperdício desse valioso imunoprotetor. Procedimentos como a verificação de validade, lote da vacina, organização do material e disposição da sala de vacina, deve ser realizados anterior a aplicação.
Referências bibliográficas:
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- Lima, Eduardo Jorge da Fonseca, Almeida, Amalia Mapurunga e Kfouri, Renato de ÁvilaVaccines for COVID-19 – state of the art. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil [online]. 2021, v. 21, n. Suppl 1 [Acessado 14 Julho 2021] , pp. 13-19. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9304202100S100002.
- Piantola MAF, Pereira SA, Castro JT, Santos FAO, Ferreira LCS. Eventos adversos de vacinas e as consequências da não vacinação: uma análise crítica. Rev Saude Publica. 2018;52:40
- Posso, M.B.S. Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem.Editora Atheneu, 2ª Edição, 2021.