No mundo atual ser feliz não é só uma questão pessoal. Pessoas felizes são mais produtivas e geram mais resultados, adoecem menos e desenvolvem maior resiliência diante de conflitos ou dificuldades. Se o conceito de saúde prevê uma multifatoriedade, a felicidade enquanto condição subjetiva não pode ser afastada das discussões na relação de cuidado.
Empresas que investem em ações buscando aumentar, ou manter a felicidade de seus funcionários, podem lucrar mais e conseguir ter pessoas felizes e com saúde mental durante longos períodos de tempo. Iniciativas com esse objetivos podem diminuir doenças comuns ao trabalho como burnout e transtornos mentais comuns, além de ser fundamental na diminuição de problemas geradores de turnover (a rotatividade de profissionais e a baixa produção geram diminuição econômica para as empresas). Por isso, funcionários felizes são importantes para a saúde financeira, relacional, do clima organizacional e outras áreas das empresas.
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Definições de felicidade
Cabe considerar que o estudo da felicidade tem chegado em diversas discussões de saúde coletiva, assim como revela Vosgueral e Cabrera (2013), que afirmam que a felicidade é a compreensão sobre o bem-estar subjetivo e sua inter-relação com o processo saúde-doença é efetivo e direto.
O bem-estar positivo está associado com hábitos favoráveis à saúde relacionando com o cuidar de si, sendo que as pessoas que se julgam felizes, vivem de maneira mais saudável, se atentam ao seu peso, são mais perceptivas aos sintomas de doenças, fazem mais atividades físicas e tendem a ser mais comedidas com relação à ingestão de bebida alcoólica e ao tabagismo.
Já Ferraz, Tavares e Zilberman (2007) “acreditam que a felicidade é uma emoção básica caracterizada por um estado emocional positivo, com sentimentos de bem-estar e de prazer, associados à percepção de sucesso e à compreensão coerente e lúcida do mundo”.
A felicidade afeta a tomada de decisão, atividades diárias, a produção do serviço, a criatividade, a inovação no ato de trabalho. Pode tornar um ótimo funcionário em um funcionário problemático para a empresa. Mesmo compreendendo que há aspectos subjetivos e pessoais na compreensão da felicidade, também sabemos que passamos mais de 1/3 do dia dentro dos ambientes de trabalho.
A pandemia e as empresas
Na nova realidade, onde temos a pandemia da Covid-19, gerando grande vulnerabilidade em todos nós, temos que pensar em discussões que possam potencializar os ambientes de trabalho, que muitas vezes é o lar. Ou seja, com a pandemia, o domicílio tornou-se o ambiente pessoal e profissional, o que pode ainda aumentar a vulnerabilidade das pessoas. Bom, então quem pode pensar estratégias de produção de felicidade nas empresas? Sabemos que todos os profissionais são importantes nesse processo, mas será que surge uma nova profissão na área?
A American Psychological Association (APA) em seu primeiro relatório de 2021, apresentou uma tendências necessárias de cuidado na área de psicologia para 2021 e, entre as 10 primeiras está: “employers are increasing support for mental health” (empregadores estão aumentando apoio para saúde mental). De acordo com o relatório, as empresas estão preocupadas com a saúde mental dos profissionais, entendendo a importância da condição de saúde mental de seus colaboradores, reconhecendo a pressão que os funcionários estão vivendo durante a pandemia.
Nesse sentido, aparece uma nova área do conhecimento para que profissionais de saúde possam se especializar e trabalhar com saúde mental e com a produção de uma empresa feliz, por meio de ações que proporcionem pessoas felizes. Esse novo profissional é o Chief Happiness Officer.
O novo cargo: CHO
O Chief Happiness Officer (CHO), também conhecido como gestor executivo da felicidade. É o profissional responsável por construir iniciativas de felicidade nas organizações. Constroem atividades estratégicas de acordo com o propósito da empresa, buscando a saúde da organização por meio de uma liderança positiva e saudável. Uma importante função é a o processo de diagnóstico de bem estar da organização e de seus funcionários, nos diversos espaços de trabalho, mesmo para aqueles que trabalham em home office. Para isso, o profissional deve criar um plano organizacional de felicidade para empresa e para cada colaborador, nas diversas áreas da empresa.
Um desafio pode ser fazer os profissionais perceberem o quanto essas iniciativas podem melhorar a saúde pessoal e da empresa, enquanto organização viva. Cuidar de pessoas que se relacionam com um número grande de pessoas é fundamental, por isso, pessoas em cargos de gestão devem receber também atenção do CHO.
Uma das perguntas comuns no trabalho com a felicidade é: o que te faz feliz?
A verdade é que por ser uma condição subjetiva, ninguém pode ser responsável por ela, mas no ambiente organizacional, podemos criar condições para que as pessoas possam ser felizes no ambiente de trabalho. A empresa com responsabilidade com o emocional de seus funcionários terão bons resultados quanto a produção desses funcionários. Uma cultura saudável depende de estratégia para que os profissionais sintam-se cuidados em seus ambientes laborais. Esses profissionais podem ser enfermeiros, psicólogos e podem fazer a formação em busca de desempenhar a função em nível organizacional. Vamos compreender como a iniciativa pode ser realizada nas empresas e nos colaboradoras:
Possíveis atividades a serem desenvolvidas pelo CHO:
- Felicidade como um valor da instituição: construir princípios e diretrizes na empresa pautados no significado de felicidade, ou seja, a construção de valores, na direção de uma empresa feliz.
- Estímulo do reconhecimento nas ações de trabalho: trabalhar a gratidão entre os colaboradores. Estimular a gratidão entre os colaboradores.
- Construção de laços entre os colaboradores: considerar planos de proximidade entre as pessoas, inclusive de setores diferentes.
- Confiança e parceria: criar relações de confiança entre os profissionais na empresa. Estimular as parcerias pautadas na confiabilidade e cordialidade;
- Conhecer o que é felicidade para os colaboradores: conhecer a compreensão dos colaboradores sobre felicidade no ambiente de trabalho e as questões;
- Criação de um ambiente de acolhimento e construção: espaço para a construção de novas práticas e ambientes, para novas formas de trabalho, para compreensão dos problemas que os profissionais enfrentam;
- Valorização da desconexão digital: A política de desconexão digital já é lei em alguns países. Pessoas que vivem no trabalho podem desenvolver uma série de transtornos mentais comuns.
- Criação de espaços de produção de felicidade: criação de espaços de felicidade, tais como: espaço para atividade física, para laser entre os colaboradores, para recreação e descanso.
- Estimular os profissionais a expressarem seus sentimentos: Estimular os profissionais a expressarem seus sentimentos nos espaços de cuidado. Estimular novas experiências e troca de experiências em grupo;
- Estimular os profissionais a se manterem saudáveis: construir diagnósticos de vulnerabilidade (aumento do uso de álcool e outras drogas, obesidade, estado de ansiedade aumentado, etc.); Criar um plano de cuidado de saúde;
- Momentos de descanso durante o dia de trabalho:ter momentos de descanso da atividade cerebral é muito importante para que as pessoas sejam produtivas e tenham saúde.
- Uso da tecnologia: estabelecer horários de utilização da comunicação quanto a questões da empresa. O uso de tecnologia deve ser discutido com os profissionais. Todos devemos ter horários de trabalho e de descanso.
- Utilizar o Método RAIN: reconhecer as emoções negativas, permitir senti-las, investigá-las e cuidar de si mesmo depois.
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Cuidar da felicidade das pessoas, pode contribuir com a saúde das pessoas. A empresa deve buscar profissionais felizes, pois esses podem ser produtivos, não adoecendo. É importante que se pense nas pessoas e nos seus ambientes laborais. Lembramos que a literatura já nos revela que o mundo do trabalho é muitas vezes um espaço de adoecimento das pessoas. Por isso, podemos construir locais de produção de saúde. É muito bom querer ir para o trabalho, ser acolhido e se sentir feliz nesses locais. Por isso, temos que pensar em novas formas de produzir e viver. Lembre-se que é uma questão pessoal mas que pode ser afetada por estímulos externos. Então, vamos construir um novo mundo, se preocupando com a felicidade de todos!
Referências bibliográficas:
- Ferraz, Renata Barboza, Tavares, Hermano e Zilberman, Monica L.Felicidade: uma revisão. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo). 2007, v. 34, n. 5 [Acessado 13 Junho 202160832007000500005.
- Castro-Martínez, A., & Díaz-Morilla, P. (2020). Comunicación interna y gestión de bienestar y felicidad en la empresa española. Profesional De La Información, 29(3). https://doi.org/10.3145/epi.2020.may.24
- Vosgerau MZ da S, Cabrera MAS. Estudo da felicidade no campo da Saúde Coletiva: reflexões e possíveis contribuições. hu rev 10º de dezembro de 2014;39(1 e 2). Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/hurevista/article/view/2024