Em julho de 2022, a American Academy of Pediatrics divulgou recomendações para a abordagem das complicações visuais em crianças vítimas de concussão. O artigo Vision and Concussion: Symptoms, Signs, Evaluation, and Treatment foi publicado no periódico Pediatrics e apresentado no AAP Experience 2022 pela pesquisadora e autora principal, Dr. Christina Master (Children’s Hospital of Philadelphia).
A concussão é uma lesão comum na infância, afetando cerca de 1,4 milhão de crianças e adolescentes anualmente nos Estados Unidos. A maioria dos casos ocorre em pacientes com mais de cinco anos de idade e relacionada à prática esportiva. Os sintomas visuais são comuns após a concussão em crianças e adolescentes, sendo crucial que os pediatras entendam como rastrear, identificar e iniciar o manejo clínico em pacientes pediátricos após essa lesão infantil tão frequente. A identificação precoce e manejo adequado das manifestações visuais podem atenuar os efeitos da concussão em crianças e adolescentes e sua qualidade de vida.
Diagnóstico
Para o diagnóstico, o pediatra deve estar atento ao fato de que as queixas visuais estão entre os inúmeros sintomas que os pacientes relatam após a concussão. Até 40% de crianças e adolescentes vítimas de concussão relatam visão turva, sensibilidade à luz e visão dupla imediatamente após o acidente. Outros sintomas incluem queixas de perda de posição ou fadiga ocular durante a leitura. Além disso, as crianças frequentemente são incapazes de reconhecer ou articular queixas visuais específicas.
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Uma anamnese direcionada e um exame completo do sistema visual devem ser realizados. O exame físico deve incluir uma avaliação da acuidade visual, alinhamento ocular em todas as posições do olhar, rastreamento visual de um objeto em movimento, mudança de fixação visual entre alvos estacionários, reflexo vestíbulo-ocular (mantendo o foco da imagem durante o movimento), ponto de convergência próximo e acomodação ocular.
Estratégias de encaminhamento
Embora a maioria das crianças e adolescentes com sintomas visuais após a concussão se recupere por conta própria em quatro semanas, para um subgrupo que não apresenta recuperação espontânea, o encaminhamento engloba as seguintes estratégias iniciais:
- Manejo inicial dos sintomas com modificação da tarefa após a concussão: redução do tempo gasto em trabalho visual e leitura, uso de audiolivros, uso temporário de óculos de leitura, limitação de tempo em telas eletrônicas, pausas conforme necessário no trabalho visual para manejo de sintomas), fonte ampliada ou espaçamento duplo ou bloqueio de seções, ajuste de brilho em dispositivos eletrônicos, retorno gradual à carga de trabalho visual total ao longo da recuperação;
- Tratamento multidisciplinar abrangente da concussão: encaminhamento para especialista apropriado (por exemplo, medicina esportiva, fisiatria, neurologia, neuropsicologia, oftalmologia, otorrinolaringologia) com experiência no manejo abrangente de concussão, incluindo manejo ativo.
Recomendações da AAP citadas no artigo e abordadas pela Dra. Master
- Os pediatras devem sempre considerar a triagem de problemas visuais após concussão em crianças e adolescentes para determinar possíveis modificações no desempenho acadêmico e de atividade após a lesão;
- Além da acuidade visual, um exame minucioso de triagem ocular pode ser útil para o clínico identificar esses problemas após a concussão;
- Adaptações escolares que levam em conta possíveis problemas de visão após a concussão podem ser úteis para as crianças durante a recuperação;
- Algumas crianças com problemas visuais persistentes após a concussão podem se beneficiar de encaminhamento especializado apropriado para tratamento.
4 abr. 2024 
6 min. 
