AAP 2022: Saúde mental de crianças é declarada emergência nacional americana

Instituições americanas declararam a saúde mental infantil uma emergência nacional, principalmente devido as complicações da covid-19.

Uma palestra intitulada National Emergency in Children’s Mental Health: What About the Baby? ocorrida em 09 de outubro no AAP Experience 2022 mostrou que a frequência de atitudes emocionais e comportamentais em crianças pequenas são semelhantes às de crianças mais velhas, mas que, infelizmente, são pouco abordadas pelo pediatra na prática geral.

Além da Academia Americana de Pediatria, outras duas renomadas instituições, a American Academy of Child and Adolescent Psychiatry e o Children’s Hospital Association declararam que a saúde mental infantil é uma emergência nacional, refletindo, dentre outros fatores, as complicações em longo prazo da pandemia de Covid-19. A palestrante Dra. Mary Margaret Gleason (Eastern Virginia Medical School/Children’s Hospital of the King’s Daughters) relatou que, em sua prática diária, observou como a pandemia, as disparidades raciais e a violência afetaram crianças pré-escolares.

AAP 2022

Impacto das adversidades da pandemia nos sintomas emocionais

De acordo com a pediatra, as famílias cuja renda, moradia, acesso a alimentos, saúde mental do cuidador, acesso a cuidados infantis, saúde geral e sobrevivência da família não foram afetadas pelos eventos dos últimos dois anos não parecem ter sintomas ou desafios específicos da pandemia. Por outro lado, quando esses aspectos foram afetados, mais sintomas emocionais e comportamentais vêm surgindo, como depressão, ansiedade, trauma, solidão e tendências suicidas, com impacto duradouro nas crianças, suas famílias e na comunidade.

Leia mais: Confira a cobertura completa do congresso da American Academy of Pediatrics

O que o pediatra pode fazer

A palestrante, doutora Gleason, destacou que os pediatras têm se deparado com essa nova realidade e que têm praticado o desafio de tentar preencher a lacuna de serviços de saúde mental. Todavia, muitos não se sentem seguros. Apesar da escassez de profissionais especializados em cuidados mentais na primeira infância, o pediatra pode reforçar as medidas de prevenção e intervenção no ambiente de cuidados básicos.

Pedidos de políticas de saúde específicas

Apresentada também pela Dra. Joyce Harrison (Kennedy Krieger Institute/Johns Hopkins School of Medicine), a palestra destacou as solicitações atuais das três associações supracitadas aos formuladores de políticas em todos os níveis de governo e defensores de crianças e adolescentes:

  • Aumentar o financiamento federal dedicado a garantir que todas as famílias e crianças, desde a infância até a adolescência, possam acessar triagem, diagnóstico e tratamento de saúde mental baseados em evidências para atender adequadamente suas necessidades de saúde mental, com ênfase particular no atendimento das necessidades de populações com poucos recursos;
  • Enfrentar os desafios regulatórios e melhorar o acesso à tecnologia para garantir a disponibilidade contínua da telemedicina com o objetivo de fornecer cuidados de saúde mental a todas as populações;
  • Aumentar a implementação e o financiamento sustentável de modelos eficazes de cuidados de saúde mental nas escolas, incluindo estratégias clínicas e modelos de pagamento;
  • Acelerar a adoção de modelos eficazes e financeiramente sustentáveis ​​de atenção integrada à saúde mental em pediatria de cuidados primários, incluindo estratégias clínicas e modelos de pagamento;
  • Fortalecer os esforços emergentes para reduzir o risco de suicídio em crianças e adolescentes por meio de programas de prevenção em escolas, cuidados primários e ambientes comunitários;
  • Abordar os desafios contínuos das necessidades de cuidados agudos de crianças e adolescentes, incluindo escassez de leitos e salas de emergência, expandindo o acesso a programas de redução de unidades de internação, unidades de estabilização de curta duração e equipes de resposta baseadas na comunidade;
  • Financiar totalmente sistemas de cuidados abrangentes e baseados na comunidade que conectem famílias que precisam de serviços de saúde comportamental e apoio para seus filhos com intervenções baseadas em evidências em sua casa, comunidade ou escola;
  • Promover e pagar por serviços de cuidados informados sobre traumas que apoiem a saúde relacional e a resiliência familiar;
  • Acelerar estratégias para enfrentar os desafios de longa data da força de trabalho em saúde mental infantil, incluindo programas de treinamento inovadores, reembolso de empréstimos e esforços intensificados para recrutar populações sub-representadas para profissões de saúde mental, bem como atenção ao impacto que a crise de saúde pública teve no bem-estar dos profissionais de saúde;
  • Políticas avançadas que garantem o cumprimento e a aplicação das leis de paridade de saúde mental.

Mensagem prática

Por fim, as palestrantes recomendam que os pediatras considerem a triagem dessas condições, estratégias de suporte às famílias, como visitas domiciliares, promovam higiene do sono, evitem a exposição a medicamentos desnecessários com efeitos colaterais importantes, como levetiracetam ou corticoides, encaminhem os pacientes e suas famílias para serviços de saúde mental, e trabalhem em conjunto com outros profissionais que estimulem o desenvolvimento cognitivo, como terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos.

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