AAP publica atualizações sobre a avaliação e manejo das hérnias inguinais

Academia Americana de Pediatria publicou o que considera como as melhores práticas para o manejo das hérnias inguinais em pediatria.

A correção cirúrgica de hérnias inguinais é um dos procedimentos mais frequentemente realizados em pacientes pediátricos. Entretanto, várias questões são controversas, como o momento e a abordagem ideais para o reparo. Dessa forma, em seu periódico Pediatrics, a Academia Americana de Pediatria (American Academy of Pediatrics – AAP) divulgou uma recente revisão contendo dados disponíveis acerca do tema, identificando as melhores práticas para o manejo das hérnias inguinais em pediatria.

Ouça também: Hérnia umbilical: pontos de atenção [podcast]

As hérnias inguinais são condições comuns que requerem correção cirúrgica em crianças. Em pediatria, as hérnias inguinais são geralmente indiretas, caracterizadas pela protrusão do conteúdo intra-abdominal através de um processo patente vaginal (PPV). A incidência de hérnias inguinais é de, aproximadamente, 8 a 50 por 1.000 nascidos vivos a termo, aumentando para quase 20% em bebês com peso extremamente baixo ao nascer (< 1.000 g). Estima-se que o risco de encarceramento em crianças seja de 4%, com o maior risco (8%) observado em lactentes.

AAP publica atualizações sobre a avaliação e manejo das hérnias inguinais

A seguir, encontram-se resumidas as principais orientações da AAP:

  • As hérnias inguinais representam condições cirúrgicas comuns em pediatria, e o risco de encarceramento determina a preferência e o momento do reparo cirúrgico. Dada a maior incidência de encarceramento em recém-nascidos (RN) prematuros, alguns cirurgiões pediátricos argumentam que o reparo tardio pode aumentar a frequência de complicações relacionadas à hérnia inguinal, como encarceramento intestinal, estrangulamento e atrofia testicular. Além disso, no caso de encarceramento, os reparos de emergência nesse grupo de pacientes também representam um risco aumentado de complicações perioperatórias;
  • Quando o bebê é prematuro, o reparo pode ser considerado com segurança após a alta da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Entre bebês que foram prematuros, no entanto, o risco de apneia pós-operatória é uma consideração importante quando se considera o reparo ambulatorial. Políticas institucionais devem ser desenvolvidas delineando a necessidade e a duração da observação após a anestesia em RN prematuros (a AAP cita um estudo que recomenda o monitoramento cardiorrespiratório em todos os RN prematuros com menos de 60 semanas de idade gestacional corrigida);
  • De preferência, cirurgiões pediátricos, urologistas pediátricos ou cirurgiões gerais com um volume anual significativo de casos devem reparar hérnias inguinais em crianças para obter resultados ideais. Além disso, de acordo com a AAP, outro recurso necessário para o cuidado ideal de uma criança submetida a correção de hérnia inguinal é a atuação de um anestesiologista com especialização em pediatria. Pacientes pediátricos atendidos por um anestesiologista pediátrico versus um anestesiologista geral demonstraram ter uma menor incidência de parada cardíaca perioperatória e complicações respiratórias;
  • A abordagem padrão-ouro tradicional para o reparo de hérnia inguinal pediátrica tem sido via ligadura alta aberta do saco herniário. No entanto, as abordagens laparoscópicas são cada vez mais populares, como evidenciado por um aumento de cinco vezes na proporção de casos realizados por laparoscopia entre 2009 e 2018. A abordagem laparoscópica parece estar ganhando popularidade e é pelo menos tão eficaz quanto, se não melhor, do que a tradicional ligadura alta aberta;
  • A laparoscopia parece ser uma alternativa viável no tratamento de hérnias recorrentes;
  • Entre os pacientes com hérnia inguinal unilateral, a exploração contralateral tem sido objeto de considerável debate. Os defensores da exploração citam uma taxa de 10-15% de desenvolvimento de uma hérnia metacrônica. Portanto, a exploração de rotina e, se identificada, a ligadura de uma VPP poderia potencialmente evitar uma anestesia subsequente. Na ausência de dados fortes a favor ou contra o reparo de um PPV contralateral descoberta ao acaso, os valores familiares relacionados aos riscos e benefícios de cada abordagem a partir de uma discussão pré-operatória diferenciada devem ser considerados;
  • Não há evidências conclusivas que sugiram que a exposição a um único anestésico de duração relativamente curta tenha efeitos adversos nos desfechos do neurodesenvolvimento em crianças saudáveis. A AAP descreve que ensaios controlados em humanos e vários estudos epidemiológicos não demonstraram nenhum problema de desenvolvimento em crianças expostas a um único e curto anestésico ou sedativo.

A AAP destaca que o estudo Timing of Inguinal Hernia Repair in Premature Infants (#NCT01678638) concluiu, recentemente, a inscrição de pacientes. De acordo com a Academia, os resultados deste estudo são aguardados e esperados para ajudar a determinar se uma abordagem de reparo precoce ou tardio é ideal em RN prematuros.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Khan F, et al. Assessment and Management of Inguinal Hernias in Children. Pediatrics. 2023;152(1):e2023062510. DOI: 10.1542/peds.2023-062510