Abordagem familiar no tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo pediátrico

Os aspectos familiares do TOC pediátrico, incluindo comportamentos de acomodação e tratamento, receberam atenção notável.

O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um quadro psiquiátrico caracterizado pela presença de obsessões e compulsões. Obsessões são ideias, pensamentos, imagens ou impulsos repetitivos e persistentes que são vivenciados como intrusivos e provocam ansiedade. Não são apenas preocupações excessivas em relação a problemas cotidianos. A pessoa tenta ignorá-los, suprimi-los ou neutralizá-los através de outro pensamento ou ação. Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que visam reduzir a ansiedade e afastar as obsessões. Esses rituais frequentemente são percebidos como algo sem sentido e o indivíduo reconhece que seu comportamento é irracional.

Trata-se de uma doença mental que afeta em torno de 1,1 a 1,8% da população mundial. No Brasil, estima-se que existam de 3 a 4 milhões de portadores da doença. O TOC acomete, em sua maioria, jovens, e um quarto dos indivíduos do sexo masculino apresentam o transtorno antes dos 10 anos de idade. Esse transtorno tende a ser crônico e, sem o tratamento adequado e precoce, a tendência é o agravamento dos sintomas e aumento na probabilidade de comorbidades.

TOC é identificado como uma das principais causas globais de doenças não fatais segundo a Organização Mundial da Saúde, e apresenta impacto tanto para os indivíduos afetados como para os membros da família.

Os aspectos familiares do TOC pediátrico, incluindo comportamentos de acomodação e tratamento, receberam atenção notável. No entanto, as perspectivas individuais das suas repercussões sobre o funcionamento familiar, incluindo a carga emocional dos pais, não foram avaliadas.

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Um estudo realizado por Stewart e colaboradores detalhou a carga que o TOC pediátrico ocasiona nas famílias. Os participantes incluíram 354 jovens afetados por TOC, mães e pais através de programas pediátricos de TOC em Boston, EUA (n=180) e Vancouver, Canadá (n=174). As idades médias do início do TOC e da gravidade mais grave relatada foram, respectivamente, 8,4 (± 3,4) e 12,1 (± 3,2).

O estudo mostrou que o funcionamento familiar foi afetado negativamente pelas perspectivas da criança, da mãe e do pai. A incapacidade foi supostamente mais extensa no momento da piora do TOC e foi maior do ponto de vista materno versus paterno. O impacto familiar foi maior nos domínios emocionais, incluindo ansiedade, tristeza, raiva, frustração e culpa. A maioria dos jovens, mães e pais relatou viver com estresse e ansiedade, frequentemente ou sempre. Quase metade das mães e um terço dos pais relataram comprometimento profissional diário.

O TOC é um transtorno grave, cujos efeitos interferem acentuadamente no funcionamento familiar. A reação dos familiares diante do sofrimento costuma ser a acomodação aos sintomas, o que contribui para a manutenção do transtorno.

Referências:

  • Stewart, S. E., Hu, Y.-P., Leung, A., Chan, E., Hezel, D. M., et al. (2016). A Multi-Site Study of Family Functioning Impairment in Pediatric Obsessive-Compulsive Disorder. Journal of the American Academy of Child & Adolescent Psychiatry, 0(0), 204–211.
  • American Psychiatric Association (APA). (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5 (5. ed.). Porto Alegre: Artmed.
  • Cordioli, A. V. (Org.). (2014). TOC: Manual de terapia cognitivo-comportamental para o transtorno obsessivo-compulsivo (2. ed.) Porto Alegre: Artmed.

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