AHA 2022: Ação do pemafibrato em pacientes de alto risco com hipertrigliceridemia

Estudo apresentado durante o congresso de cardiologia avaliou se houve redução de eventos adversos com o uso da substância.

Neste congresso 2022 da American Heart Association (AHA 2022), um dos trabalhos apresentados foi o estudo PROMINENT, que avaliou o uso de um fibrato, o pemafibrato, na redução de eventos em pacientes de alto risco cardiovascular com hipertrigliceridemia.  

O aumento dos níveis de triglicérides tem associação com risco cardiovascular, porém estudos que avaliaram se a redução desses níveis teria relação com redução do risco cardiovascular têm resultados controversos. Algumas análises sugerem que subgrupos específicos, como os diabéticos, poderiam ter benefício. Baseado nisso, foi feito este novo estudo. 

AHA 2022

Características do estudo

Foi um estudo multicêntrico, duplo cego, randomizado, placebo controlado, que comparou pacientes que receberam pemafibrato, um modulador do PPARα, e placebo. 

Os pacientes incluídos tinham diabetes tipo 2, triglicérides entre 200 e 499mg/dL e HDL de 40mg/dL ou menos. Homens com mais de 50 anos e mulheres com mais de 55 anos eram incluídos desde que não tivessem doença cardiovascular aterosclerótica (coorte de prevenção primária) e os com idade menor que esta eram incluídos se tivessem doença cardiovascular estabelecida (coorte de prevenção secundária). Eram elegíveis os que estivessem recebendo estatina de potência alta ou moderada ou que não usavam medicação e tivessem LDL menor que 70mg/dL.  

Os critérios de exclusão eram diabetes tipo 1, diabetes não controlado, hipo ou hipertireoidismo não tratados ou tratados de forma inadequada, insuficiência cardíaca grave, doença renal grave ou doença hepática significativa. 

Após a randomização os pacientes foram avaliados em 2, 4, 6, 8 e 12 meses e a cada 4 meses a partir daí e o desfecho primário era primeira ocorrência de um desfecho cardiovascular adverso maior: infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral isquêmico, internação por angina instável com necessidade de revascularização, morte de causas cardiovasculares ou realização de revascularização coronária. 

Resultados 

Foram analisados 10497 pacientes incluídos de 2017 a 2020. As características dos dois grupos eram semelhantes entre si, com idade média de 64 anos, 27,5% do sexo feminino, 19,4% hispânicos ou latinos. A coorte de prevenção primária representou 33,1% da população do estudo e a mediana de triglicérides era 271 mg/dL, de HDL 33mg/dL e de LDL 78mg/dL. 

O seguimento médio foi de 3,4 anos e a aderência média foi de 81,6%. Houve redução de 31,1% no valor de triglicérides no grupo pemafibrato e de 6,9% no grupo placebo. No grupo pemafibrato também houve redução mais significativa nos níveis de VLDL e apolipoproteina C – III e houve aumento do LDL e da apoliproteína B, sem diferença no colesterol total e não HDL. 

O desfecho primário ocorreu em 572 pacientes do grupo pemafibrato e 560 pacientes do grupo placebo, sem diferença estatística. Também não houve diferença em nenhum dos desfechos secundários avaliados. Os desfechos adversos graves, infecções e complicações musculoesqueléticas também não foram diferentes entre os grupos, exceto por eventos adversos renais e eventos de trombose venosa profunda, mais frequentes no grupo que usou pemafibrato. Já a ocorrência de eventos adversos hepáticos foi menor no grupo pemafibrato. 

Comentários e conclusão 

Neste estudo que avaliou uso de pemafibrato em pacientes com diabetes tipo 2, hipertrigliceridemia leve a moderada, HDL baixo e LDL bem controlado não houve redução de eventos cardiovasculares comparado ao placebo, apesar da redução dos valores de triglicerídeos. 

Esses resultados são consistentes com outros estudos que avaliaram o uso de medicações para reduzir eventos cardiovasculares em pacientes com hipertrigliceridemia. Pode ser que outros métodos de redução de triglicérides tenham algum benefício e há alguns estudos testando medicações que inibem a apolipoproteina C-III e proteína semelhante a angiopoietina-3 em andamento. 

Achado interessante foi o da redução de ocorrência de eventos adversos hepáticos, inclusive de doença hepática gordurosa não alcoólica e há um estudo com a medicação para avaliar se realmente há benefício do ponto de vista hepático.  

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • DOI: 10.1056/NEJMoa2210645 

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