A patência dos enxertos utilizados na cirurgia de revascularização miocárdica e a ocorrência de eventos cardiovasculares a longo prazo varia a depender do tipo de enxerto utilizado. Sabemos que o melhor enxerto é o da mamária esquerda, geralmente utilizada na revascularização da artéria descendente anterior. Porém há dúvida em relação a qual seria o segundo melhor: mamária direita, artéria radial ou enxertos de safena.
Para tentar esclarecer essa dúvida foi feito o estudo RAPCO, que acompanhou pacientes submetidos a enxertos de artéria radial ou safena e cujo resultado de seguimento de 15 anos foi apresentado neste congresso da AHA 2022.
Métodos
Foi estudo randomizado que incluiu 113 pacientes que utilizaram enxerto de artéria radial e 112 pacientes que utilizaram enxerto de veia safena. A utilização da artéria mamaria interna esquerda foi considerara o tratamento padrão de escolha para revascularização da artéria descendente anterior e a randomização dos pacientes foi em relação ao segundo enxerto.
Os critérios de inclusão eram pacientes com 70 anos ou mais ou com 60 anos ou mais e diabetes que seriam submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica com pelo menos dois enxertos.
Os critérios de exclusão eram artéria radial muito pequena ou fluxo muito baixo na artéria ulnar, fração de ejeção do ventrículo esquerdo menor a 35%, doença renal crônica avançada, VEF1 < 1L e IMC > 35kg/m2.
O desfecho primário foi mortalidade por todas as causas, infarto agudo do miocárdio ou necessidade de nova revascularização.
Resultados
Os pacientes tinham idade média de 73 anos, 81% eram do sexo masculino e quase metade (46%) tinham diabetes. A duração média de seguimento foi de 16,5 anos e o número médio de enxertos foi de 3,3. O desfecho primário ocorreu em 60,2% dos pacientes do grupo com enxerto radial e 73,2% do grupo enxerto de safena (p = 0,04).
Comentários e conclusão
Este estudo que avaliou qual seria o segundo melhor enxerto utilizado na revascularização miocárdica, mostrou menor ocorrência de eventos com uso da artéria radial comparado a safena, com menor ocorrência inclusive de mortalidade (avaliada no desfecho secundário).
9 abr. 2024 
4 min. 
