AHA 2022: Uso de diuréticos para hipertensão e insuficiência cardíaca

Dois estudos distintos sobre a utilização desses medicamentos foram apresentados durante o congresso em Chicago

No primeiro dia do congresso da AHA 2022 foram apresentados dois trabalhos que avaliaram uso de diuréticos, um em relação ao tratamento da hipertensão, o DCP trial, e outro relacionado ao tratamento da insuficiência cardíaca (IC), o TRANSFORM-HF.  

Seguem abaixo os principais pontos destes trabalhos.  

Diuréticos tiazídicos risco de síncope, quedas e distúrbios hidroeletrolíticos

Estudo DCP 

Uma das medicações de primeira linha para tratamento de hipertensão arterial sistêmica é a classe de diuréticos tiazídicos, porém não há recomendação específica de se preferir um ou outro e o uso de hidroclorotiazida (HCTZ) tem a mesma recomendação da clortalidona, apesar de a potência da clortalidona ser maior.  

Foi então feito um estudo para comparar as duas medicações e avaliar se a clortalidona teria mais benefícios, com possível redução de eventos cardiovasculares maiores.  

Pouco mais de 13500 pacientes que já utilizam HCTZ foram randomizados para receber HCTZ na dose de 25 ou 50mg ao dia ou clortalidona na dose de 12,5 ou 25mg ao dia. A pressão arterial sistólica média no início do estudo era 139mmHg. Todos os pacientes tinham 65 anos ou mais e a maioria era homens.  

O seguimento médio foi de 2,5 anos e não houve diferença no desfecho primário de tempo para ocorrência do primeiro evento (infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, mortalidade, revascularização de urgência ou internação por IC): 9,4% no grupo clortalidona e 9,3% no grupo HCTZ.  

Também não houve diferença nos desfechos secundários de infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral ou insuficiência cardíaca. Além disso, a clortalidona mostrou ocorrência um pouco maior de hipocalemia que a HCTZ. 

Na prática clínica as duas medicações são recomendadas e não há grandes diferenças em utilizarmos uma ou outra.  

Estudo TRANSFORM-HF 

O outro estudo que avaliou o uso de diuréticos foi o TRANSFORM-HF, que comparou o uso de dois diuréticos de alça em pacientes com IC descompensada, a furosemida e a torsemida. 

A torsemida é amplamente utilizada nos Estados Unidose tem potência 2 a 4 vezes maior que a furosemida. O objetivo do estudo foi avaliar a utilização desta medicação comparada a furosemida após a internação de pacientes por IC descompensada.  

Foi estudo randomizado, aberto e paralelo que incluiu 2859 pacientes internados por IC descompensada, independe da fração de ejeção, para uso das medicações após a alta. O desfecho primário foi mortalidade por todas as causas em 12 meses e os secundários foram mortalidade por todas as causas ou internação. 

Os pacientes eram semelhantes entre os grupos, com idade média de 64 anos e 67% do sexo masculino. O seguimento médio foi de 17,4 meses e o desfecho primário ocorreu em 26,2% no grupo furosemida e 26,1% no grupo torsemida, com p = 0,77, ou seja, sem diferença. Já o desfecho secundário ocorreu em 49,3% do grupo furosemida e 47,3% do grupo torsemida, com p = 0,11, também sem diferença estatística.  

Esses resultados mostram que não há diferença entre as duas medicações, tanto em relação a mortalidade quanto em relação a internações, podendo as duas ser utilizadas. No Brasil, nossa única opção é a furosemida, já que a torsemida não está disponível. 

Esses dois estudos que avaliaram uso de diuréticos em diferentes contextos, tiazídicos para tratamento de hipertensão e diuréticos de alça para tratamento de IC, não mostraram diferença entre os tratamentos, não trazendo novas recomendações de mudanças para a nossa prática diária, porém reforçando que não há diferença entre as medicações nos contextos avaliados.  

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