Amitriptilina é opção viável para o tratamento da lombalgia?

Um estudo publicado no mês passado procurou testar a eficácia do uso de amitriptilina em baixas doses (25 mg/dia) na redução de dores da lombalgia. Conheça os resultados.

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Todos nós em algum momento atendemos algum paciente com lombalgia. Queixa de manejo aparentemente simples é o terror da madrugada de plantões e uma luta diária nos ambulatórios devido ao grande impacto na qualidade de vida dos pacientes e dificuldade de abordagem de plano conjunto, uma vez que as medidas mais efetivas dependem em muito de modificação do estilo de vida.

Com terapias farmacológicas ineficazes e inespecíficas, manejos mais complexos que fujam dos anti-inflamatórios e analgésicos simples são sempre de interesse para a prática clínica cotidiana como alternativas para os analgésicos opioides, haja vista seu perfil de efeitos adversos. Os guidelines de modo em geral sugerem o uso de antidepressivos tricíclicos para manejo de dores crônicas inespecíficas sem sinais de complicação. Contudo as evidências que suportam esse uso são modestas. Além disso, não há consenso quanto à dose terapêutica, sobretudo quanto ao tempo do uso e principalmente quanto ao impacto no desfecho avaliado.

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Diante disso, uma equipe de pesquisadores de atenção primária da Austrália publicou no JAMA no último mês um levantamento para avaliar a questão. Trata-se de um estudo duplo-cego, randomizado, e com desenho de avaliação de superioridade aplicado a fim de testar a eficácia do uso de amitriptilina em baixas doses (25 mg/dia) na redução de dores lombares crônicas inespecíficas durante seis meses de seguimento em comparação ao placebo.

O estudo randomizou 148 pacientes, divididos em dois braços pareados, submetidos a intervenções diárias de amitriptilina versus placebo com avaliações seriadas com três e seis meses de seguimento. O desfecho primário avaliado foi redução na intensidade da dor, acessada por meio da Escala Analógica de Dor; já o desfecho secundário foi avaliação de incapacidade através do questionário de incapacidade de Roland Morris, além de absenteísmo laboral e prejuízo funcional medido pelo short form de saúde e trabalho.

A pesquisa mostrou uma redução dos sintomas avaliados no desfecho primário, porém sem diferença significativa do grupo placebo tanto no terceiro quanto no sexto mês de intervenção. Além disso, houve uma melhora significativa de incapacidade no terceiro mês no grupo intervenção superior ao grupo placebo. Um outro ponto chave da pesquisa foi a visualização de efeitos colaterais significativos no grupo de intervenção.

Apesar de se tratar de um trial pequeno, o estudo traz conclusões importantes. Foi o primeiro trabalho com esse tipo de desenho a testar a superioridade de baixas doses de tricíclicos como forma de intervenção de dores lombares crônicas. Os resultados são otimistas quando se olha atentamente os desfechos secundários, especialmente pela melhora funcional significativa dos indivíduos. A conclusão mais proeminente é que, devido aos baixos efeitos colaterais, quando as opções para o manejo da dor recaem sobre os opioides a consideração da amitriptilina como opção terapêutica é sim viável para uma decisão clínica compartilhada.

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Referências:

  • Urquhart DM, Wluka AE, van Tulder M, et al. Efficacy of Low-Dose Amitriptyline for Chronic Low Back Pain: A Randomized Clinical Trial. JAMA Intern Med. 2018;178(11):1474–1481. doi:10.1001/jamainternmed.2018.4222

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