ATS 2023: Dupilumabe para DPOC — acessando a via inflamatória eosinofílica

A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é a terceira principal causa de morte no mundo, sendo responsável por mais de 300 milhões de mortes em 2012.

A fisiopatologia da DPOC é complexa e envolve a relação entre fatores ambientais, genéticos e a cascata inflamatória. O curso da doença é progressivo e marcado por período de exacerbação, o qual acelera a perda de capacidade pulmonar do paciente e aumenta a mortalidade. Diante disso, evitar exacerbação se tornou fundamental no tratamento da DPOC nos últimos anos.

Leia também: ATS 2023: Nova perspectiva no tratamento da sarcoidose: Efzofitimod

Pelo GOLD, o paciente deve ser classificado em exacerbador e não-exacerbador. O grupo exacerbador apresenta como arsenal terapêutico os broncodilatadores, sendo elegíveis ao uso de corticoide inalatório aqueles com eosinófilos acima de 300 ou podendo ser considerado acima de 100. Essa racional é resultado da importância que a resposta inflamatória T2 representa nesse tipo de paciente, sendo mais propensos a responder aos esteroides.

Nesse cenário, fazem parte dessa cascata as IL-4, IL13 e IL-5. Até o presente momento, estudos com bloqueadores de IL-5 apresentaram resultados ambíguos. Surge nesse cenário, os inibidores de IL-4R e IL-1, conhecido como dupilumabe.

Nova definição de Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo (SDRA)

Nova definição de Síndrome de Desconforto Respiratório Agudo (SDRA)

Análise recente

O estudo BOREAS foi um estudo duplo-cego, randomizado, que investigou a eficácia e a segurança do uso de dupilumabe em pacientes DPOC moderado a grave em uso de tripla terapia. Foram randomizadas 939 pessoas entre 40 a 80 anos. Foram excluídos os pacientes asmáticos.

Como resultado, o uso de dupilumabe reduziu a taxa de exacerbação anual, com impacto tanto na qualidade de vida como na função pulmonar com acréscimo de 83 mL no VEF1 pós broncodilatador.

O professor K.F. Rabe ressalta que esse estudo tem como principal função fazer com que pacientes DPOC moderado a grave classificados como GOLD B permaneçam como tal, ou seja, não se tornando exacerbadores e acelerando a progressão da doença. Além disso, o professor ressalta que o estudo foi realizado durante a pandemia e que o uso de máscaras e a própria reclusão social reduziu o número de exacerbações, podendo haver influência desse período nos resultados.

Saiba mais: ATS 2023: Hipertensão pulmonar na doença intersticial

Em conclusão, a DPOC uma doença obstrutiva, cujo tratamento principal são os broncodilatadores, passa a ter em seu arsenal terapêutico medicações anti-inflamatórias, reduzindo exacerbação e melhorando a qualidade de vida.

Mensagens práticas:

  • Surge uma luz no fim do túnel do tratamento da DPOC. Dupilumabe via seu mecanismo de ação otimiza o tratamento e reduz exacerbações sendo uma excelente alternativa para os pacientes refratários à tripla terapia.

Confira os destaques do congresso ATS 2023

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Surya P. Bhatt, M.D., M.S.P.H., Klaus F. Rabe, et al. Dupilumab for COPD with Type 2 Inflammation Indicated by Eosinophil Counts. NEJM. May 21, 2023. DOI: 10.1056/NEJMoa2303951