ATS 2023: Novo tratamento para bronquiectasia – brensocatibe

O estudo Willow, de fase 2, trouxe resultados sobre o uso de brensocatibe nos pacientes com bronquiectasia. Saiba mais!

Bronquiectasia é um grupo heterogêneo de doença supurativa pulmonar, que, por definição, corresponde à dilatação brônquica. Existem diversas etiologias, como a fibrose cística (FC), a qual é considerado um grupo separado de bronquiectasia. Para os pacientes que não tem FC, coube um grupo com múltiplas etiologias. Os últimos anos foram marcados por avanços no entendimento da fisiopatologia dessa doença e na importância de se identificar o processo inflamatório subjacente presente. O ciclo vicioso de Cole descrito na década de 80 evoluiu para um diagrama ainda mais complexo com múltiplas interações entre a infecção crônica, a destruição e a disfunção ciliar, a produção e o acúmulo de muco e a resposta inflamatória exacerbada.

Os neutrófilos têm papel central na fisiopatologia da doença. No processo de bronquiectasia, essas células são hiperativadas em resposta a infecção crônica bacteriana. Com intuito de proteger, os neutrófilos se tornam disfuncionantes e geram mais lesão tecidual com a liberação excessiva das proteases neutrofílicas. Perdem, por fim, sua capacidade de liquidar bactérias, como as pseudomonas, e ainda são responsáveis pela perpetuação da inflamação local. Em outro pólo, há também os eosinófilos, os quais também estão presentes na bronquiectasia e participam dessa cascata inflamatória.

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Atualmente, a medicina respiratória foca na importância de se identificar qual o principal mecanismo inflamatório subjacente. Assim como aconteceu na asma, a bronquiectasia começa a ser fenotipada em grupos a partir do perfil de inflamação. Isto é, o paciente é neutrofílico, extremamente neutrofílico, eosinofílico ou misto, como apresentou James D. Chalmers. O jovem pesquisador disserta sobre os diferentes perfis de pacientes. Pacientes neutrofílicos são caracteristicamente mais supurativos, com produção de escarro abundante e com tosse produtiva. Por outro lado, pacientes mais eosinofílicos são mais dispneicos e menos produtores de escarro. Essas diferenças trazem mudanças não só na clínica como no perfil de colonização bacteriana.

Durante sua apresentação, o professor Chalmers trouxe os resultados do estudo Willow: estudo de fase 2 sobre o uso de brensocatibe nos pacientes com bronquiectasia. Essa pequena molécula atua na inibição reversível da DDP-1 (dipeptidil peptidase 1), a qual é responsável pela degranulação neutrofílica. Com menos liberação de citocinas, há menor formação da rede de neutrófilos, menos estresse oxidativo e menor destruição parenquimatosa.

No momento, está acontecendo o estudo ASPEN, o qual corresponde ao estudo de fase 3 desse grupo de pesquisa. O surgimento de uma medicação que atua na cascata da inflamação neutrofílica é uma luz no fim do túnel para uma doença tão complexa e de difícil manejo, cujo manejo hoje restringe-se a poucas medicações e fisioterapia respiratória.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Cipolla D, Zhang J, Korkmaz B, Chalmers JD, Basso J, Lasala D, Fernandez C, Teper A, Mange KC, Perkins WR, Sullivan EJ. Dipeptidyl peptidase-1 inhibition with brensocatib reduces the activity of all major neutrophil serine proteases in patients with bronchiectasis: results from the WILLOW trial. Respir Res. 2023 May 17;24(1):133. doi: 10.1186/s12931-023-02444-z. PMID: 37198686; PMCID: PMC10189992.
  • Cole PJ. Inflammation: a two-edged sword--the model of bronchiectasis. Eur J Respir Dis Suppl. 1986;147:6-15. PMID: 3533593.
  • Flume PA, Chalmers JD, Olivier KN. Advances in bronchiectasis: endotyping, genetics, microbiome, and disease heterogeneity. Lancet. 2018 Sep 8;392(10150):880-890. doi: 10.1016/S0140-6736(18)31767-7. PMID: 30215383; PMCID: PMC6173801.  

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