Atualização da diretriz de ressuscitação cardiopulmonar e cuidados de emergência da SBC

Protocolo no atendimento da PCR segue uma sequência lógica de condutas que melhoram as taxas de reversibilidade do processo que desencadeou o evento.

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Qualidade da RCP e causas reversíveis

Os dados na literatura quanto à incidência de PCR no Brasil são escassos. O principal ritmo de PCR em ambiente extra-hospitalar é a Fibrilação Ventricular (FV) e a Taquicardia Ventricular (TV), chegando a quase 80% dos eventos, com bom índice de sucesso na reversão, se prontamente tratados. Quando a desfibrilação é realizada precocemente, em até 3 a 5 minutos do início da PCR, a taxa de sobrevida é em torno de 50% a 70%. Em contrapartida, em ambiente intra-hospitalar, o ritmo de PCR mais frequente é Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) ou assistolia, com pior prognóstico e baixas taxas de sobrevida, inferiores a 17%.

O protocolo no atendimento de uma PCR segue uma sequência lógica e fundamentada de condutas que melhoram as taxas de reversibilidade do processo inicial que desencadeou o evento. Neste contexto, o algoritmo é formado pela cadeia de elos de sobrevivência diferenciadas no contexto de uma PCR intra-hospitalar.

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Cadeia de elos de sobrevivência diferenciadas no contexto de uma parada cardiorrespiratória (PCR) intra-hospitalar:

  • Vigilância e prevenção;
  • Reconhecimento e acionamento do serviço médico de emergência;
  • RCP imediata de alta qualidade;
  • Rápida desfibrilação, Suporte Avançado de Vida e cuidados pós-PCR, ou uma PCR extra-hospitalar;
  • Reconhecimento e acionamento do serviço médico de emergência;
  • RCP imediata de alta qualidade e rápida desfibrilação;
  • Serviços médicos básicos e avançados de emergência;
  • Suporte Avançado de Vida e cuidados pós-PCR.

Diagnóstico e tratamento das causas reversíveis de PCR são fundamentais na abordagem de todos os ritmos de PCR, lembrando sempre dos “5Hs e 5Ts”.

Possíveis causas em todas as modalidades de parada cardiorrespiratória

Manejo de drogas antiarrítmicas na PCR

Orientação uso de drogas no Suporte Avançado de Vida em adultos:

  • Recomendações ( Classe/Nível de evidência);
  • Amiodarona ou lidocaína devem ser considerada como antiarrítmico de primeira escolha para FV/TVSP que não responde a RCP, desfibrilação e vasopressor IIb B;
  • O uso de lidocaína pode ser considerado alternativa na PCR em FV/TVSP IIb B;
  • O uso precoce de betabloqueadores pode ser considerado em pacientes pós-RCE por ritmos de FV/TVSP IIb B;
  • Atropina não é recomendada no tratamento da PCR IIb C;
  • Não se recomenda o uso rotineiro de sulfato de magnésio na RCP III B.

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Vale a pena fazer medicações antiarrítmicas após a recuperação da circulação espontânea?

Em um ensaio clínico e00m adultos com FV/TVSP, observou-se que a administração de amiodarona 300 mg ou 5 mg/kg melhorou a sobrevida à admissão hospitalar, quando comparada com placebo ou administração de lidocaína. 

O uso de lidocaína pode ser considerado após a PCR em FV/TVSP em infusão continua (Classe de Recomendação IIb; Nível de Evidência C).

Estudo observacional com uso de betabloqueadores via oral ou intravenosa após a PCR por FV/TVSP mostrou reduzir mortalidade 72 horas após e em 6 meses. No entanto, podem levar à piora hemodinâmica, exacerbar sinais de Insuficiência Cardíaca (IC) e causar arritmias. Dessa forma, existe apenas fraca evidência de que o uso de betabloqueadores pós-PCR deva ser utilizado de rotina. Seu uso precoce pode ser considerado em pacientes recuperados de PCR em FV/TVSP (Classe de Recomendação IIb; Nível de Evidência C).

Torniquete na RCP

O uso de torniquetes, das mais diversas formas, é outro método razoavelmente difundido e, muitas vezes, praticado por profissionais que não possuem a experiência necessária. Os torniquetes podem ser efetivos para sangramentos externos severos dos membros. Potenciais complicações, incluindo síndrome compartimental, lesão do nervo, comprometimento dos vasos sanguíneos e amputação do membro, podem ocorrer relacionadas à pressão e à duração do uso. As evidências, até o momento, são insuficientes para determinar o tempo mínimo crítico para ocorrência de complicações irreversíveis. A utilização do torniquete pelo primeiro socorrista, independente do tipo, seja pré-fabricado ou improvisado, exige treinamento. É indicada em situações de sangramentos severos, locais não seguros para permanecer até o controle do sangramento, acidente com múltiplas vítimas, entre outras.

 

Referências bibliográficas:

  • Bernoche C, Timerman S, Polastri TF, Giannetti NS, Siqueira AWS, Piscopo A et al. Atualização da Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019; 113(3):449-663.

 

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