Biópsia líquida: Aplicação do exame de sangue no tratamento oncológico é viável?

Entenda os pontos positivos e negativos referentes à utilização deste exame para acompanhar evolução de cânceres.

A biópsia líquida é um método utilizado em alguns países, como o Brasil, que permite acompanhar diagnósticos de câncer. O procedimento consegue definir características moleculares do tumor e monitorar a sua evolução, com o benefício de não submeter o paciente a procedimentos invasivos. 

É possível avaliar, por exemplo, a eficácia de um tratamento em andamento e a possibilidade de recidiva em um paciente já em remissão pela análise de presença de células tumorais após o final de um tratamento. 

“A biópsia líquida começou a ser utilizada no país como ferramenta em tumores sólidos em 2016. Ela consegue personalizar o tratamento do câncer a partir da análise genética do tumor e, assim, possibilitar a terapia alvo para cada caso, gerando menos efeitos colaterais”, afirmou o médico Hélio Magarinos Torres Filho que também é especializado em patologia clínica, em entrevista ao Portal PEBMED. 

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“É possível diagnosticar, avaliar prognóstico e taxa de resposta, realizar terapias alvo e monitorar o desenvolvimento de células resistentes, podendo possibilitar uma intervenção precoce, o que para muitos cânceres é o principal fator determinante no sucesso do tratamento. A técnica pode ainda trazer uma série de informações sobre o câncer, como a presença ou ausência de mutações, inclusive sendo utilizada em aconselhamento genético e prevenção.”, resumiu a coordenadora do Grupo União das Forças Oncológicas do Rio de Janeiro, doutora Vivian Pontes. 

tubos de sangue para exame laboratorial

Abrangência da técnica

Apesar de já ser utilizado para outros tipos de câncer, o maior uso dessa técnica é em pacientes com câncer colorretal, gastrointestinal e de pulmão, uma vez que são essas as doenças com mais pesquisas que reforçam benefícios da técnica. 

“Muitos avanços também têm sido publicados em relação aos tumores mamários e prostáticos. O resultado da biópsia líquida sai, em média, de 10 a 15 dias”, acrescentou Torres Filho. 

 Aplicabilidade

Segundo os especialistas entrevistados, a biópsia líquida pode oferecer mais no futuro. Nos Estados Unidos, dois testes com o objetivo de diagnóstico precoce estão em fase de testes e podem chegar ao mercado nos próximos dois anos. 

“Existem estudos em andamento indicando que o teste também poderá ser utilizado para a detecção de tumores na fase precoce, ainda na fase assintomática e mesmo antes que possam ser detectados pelos métodos tradicionais, como exames de imagem. Acredito que esta talvez possa vir a ser a utilização mais promissora deste tipo de teste, possibilitando uma intervenção precoce, o que para muitos cânceres é o principal fator determinante no sucesso do tratamento’, destacou Torres Filho. 

Além disso, espera-se que com o avanço do uso da técnica, apareçam aprimoramentos na leitura dos exames, que possibilitem uma leitura mais simples para médicos não especialistas. 

Vantagens

A biópsia líquida detecta o DNA tumoral circulante ajudando a identificar presença dessas células antes mesmo de ser uma enfermidade identificada a partir de uma imagem radiológica ou outros exames convencionais. técnica é muito menos invasiva e traz benefícios em situações como a pandemia da covid-19, uma vez que o paciente não precisa ser exposto ao ambiente hospitalar.

O resultado de uma biópsia sólida pode demorar até três meses. Já o de uma biópsia líquida fica pronto entre 10 e 15 dias, o que facilita o início do tratamento rápido, especialmente para tumores agressivos; e o exame consegue identificar uma mutação específica, evitando procedimentos cirúrgicos desnecessários. 

Desvantagens

Pelo fato do exame ainda não ter atingido todo o seu potencial tecnológico, costuma ainda ser mais utilizado como uma forma de rastreio complementar. Especialistas ressaltam que já existem boas evidências, com as pesquisas aumentando de número. No entanto, por enquanto, outros exames precisam ser solicitados; 

Outro aspecto importante é a dificuldade do método na avaliação de tumores com alta heterogeneidade tumoral com a presença de múltiplos tipos de células.

O exame não está listado no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) ou é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), salvo em protocolos de pesquisa. O preço custa, em média, de 6 a 15 mil reais. Não há expectativa de que o teste seja coberto por planos de saúde por enquanto. 

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