Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2023, o Brasil bateu o recorde de doações de órgãos em um semestre, com mais de 1,9 mil doadores efetivos, o país registrou 4,3 mil transplantes realizados, um aumento de 16% em relação ao mesmo período de 2022.
“Nós agradecemos a todos os profissionais de saúde envolvidos no processo de doação e transplante pelo excelente resultado. Também é importante destacar o papel das famílias doadoras por acreditarem e apoiarem o Sistema Nacional de Transplantes na missão de ajudar a salvar a vida dos brasileiros e brasileiras que aguardam por um transplante. Ressaltamos, ainda, a importância da doação consciente e altruísta”, declarou a coordenadora-geral do Sistema Nacional de Transplantes, Daniela Salomão.
Saiba mais: FDA aprova medicamento para CDI baseado em transplante de microbiota fecal
Sistema Nacional de Transplantes (SNT)
O SNT é o maior programa público de transplante de órgãos do mundo e sua existência torna o Brasil o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Em agosto, o apresentador Faustão passou por uma cirurgia de transplante de coração, a rapidez com que ele recebeu o coração gerou questionamentos sobre a fila de transplante. Contudo, segundo dados do sistema, entre janeiro até 27 de agosto deste ano, 27,5% dos pacientes conseguiu receber um novo coração em menos de 30 dias. E o tempo de espera para mais da metade dos pacientes na fila de espera (52,3%) foi de até três meses.
“As pessoas que entram na lista são pessoas com necessidades urgentes. O sistema brasileiro trabalha exatamente para conseguir alcançar esse resultado no menor tempo possível. O paciente passa a ser prioridade com critérios específicos. Por exemplo: paciente fez um transplante hoje e aquele coração transplantado não funcionou bem, não está bombeando adequadamente. Este paciente terá o maior nível de prioridade. É o caso de quem está utilizando uma circulação extracorpórea também. Esses são os mecanismos máximos de prioridade no nosso sistema”, explica Daniela Salomão.
A hierarquia na lista também considera outras características, por exemplo, ainda no caso de transplante de coração, se o paciente está em uso de droga vasoativa e por quanto tempo ele faz uso dessa medicação, se o período for superior a seis meses a prioridade desse paciente será maior.
De acordo com o Ministério da Saúde quando os dados de um doador são inseridos no sistema, algoritmos utilizam as informações sobre os receptores na lista de espera e, obedecendo aos critérios médicos, geram a relação dos pacientes aptos a receber o órgão.
No dia 18 de setembro, o Ministério da Saúde anunciou um incremento financeiro progressivo de 40% a 80% aos procedimentos relacionados ao transplante de órgãos e medula óssea, que pode chegar a R$ 56 milhões. Segundo a pasta o objetivo é aumentar qualidade dos serviços e procedimentos pré e pós-transplante e do tratamento de intercorrências.
Leia também: Atualização sobre transplante de face: indicações, resultados e aspectos éticos
Aumento na recusa da doação
Mesmo com o número recorde de transplantes, o percentual de famílias que se recusaram a doar os órgãos de familiares falecidos para transplante subiu para 49%. De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, antes da pandemia esse percentual era por volta de 43%.
Como no Brasil, a autorização para doação de órgãos é prerrogativa da família, é necessário que o potencial doador comunique ainda em vida seu desejo de doar os órgãos.
Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.