Cama compartilhada com recém-nascidos: Quais as evidências científicas?

Fazer ou não cama compartilhada com o bebê é um assunto recorrente nas consultas de pediatria. É uma prática familiar de sono. Saiba mais.

Cama compartilhada consiste em uma prática familiar de sono na qual o bebê dorme na mesma superfície que os pais ou os irmãos. Fazer ou não cama compartilhada é um assunto recorrente nas consultas de pediatria. Muitas famílias fazem cama compartilhada por não terem condições de colocar o bebê em superfície separada por não terem um berço para o bebê. Outras famílias escolhem fazer cama compartilhada para facilitar a amamentação, ajudar o bebê a dormir, facilitar a verificação se o mesmo está bem e cuidar quando o bebê está doente. 

Dormir em superfícies separadas continua sendo preconizado como medida protetora para síndrome de morte súbita do lactente. 

Cama compartilhada com recém-nascidos e suas evidências científicas

Estudo sobre cama compartilhada

Os pesquisadores indianos Das, Sankar e Argawal fizeram uma revisão sistemática, publicada em abril de 2021 na Cochrane, para avaliar a eficácia e a segurança da cama compartilhada no período neonatal, seu impacto no aleitamento materno, na incidência de síndrome de morte súbita do lactente e avaliação do neurodesenvolvimento a longo prazo. Aqui descreveremos quais foram as principais contribuições geradas por essa revisão sistemática.

Metodologia

Os autores planejaram incluir os estudos randomizados controlados ou estudos quasi randomizados controlados, que incluíssem neonatos que iniciaram cama compartilhada nas primeiras 24 horas de vida, continuaram por 28 dias e receberam seguimento clínico, comparados com neonatos que dormiam em superfícies separadas. 

As bases de dados utilizadas na pesquisa foram: Cochrane Central Register of Controlled Trials, MEDLINE via PubMed (de 1966 a 23 de julho de 2020), CINAHL (de 1982 a 23 de julho de 2020) e LILACS (de 1980 a 23 de julho de 2020). Também procuraram em bases de dados de estudos clínicos e listas de referências dos artigos encontrados por estudos randomizados controlados ou estudos quasi randomizados controlados.

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Resultados

Foram encontrados 6.231 artigos, entretanto após a remoção dos artigos duplicados sobraram 2.745 artigos para análise do título e do resumo. Depois foram excluídos 2.739 artigos por não preencherem os critérios de inclusão. Sobraram seis estudos para análise do texto completa e ainda assim nenhum preencheu os critérios de elegibilidade.

Embora os estudos não tenham sido elegíveis, os autores destacaram as contribuições de dois estudos controlados randomizados: o estudo de Moon e colaboradores de 2017, e o estudo de Ball e colaboradores de 2016.

O estudo de Moon e colaboradores de 2017 mostrou em famílias afroamericanas que a duração da amamentação foi duas semanas maior no grupo de cama compartilhada comparado ao grupo que não fazia cama compartilhada. Enquanto o estudo de Ball e colaboradores de 2016 mostrou que na comparação do tipo de superfície que o bebê dorme (separada versus cama compartilhada) e amamentação em famílias inglesas, houve aumento da duração da amamentação exclusiva em 7 semanas e na amamentação não exclusiva em 12 semanas no grupo de cama compartilhada comparado ao grupo cujos bebês dormiam em superfícies separadas.

Os autores da revisão sistemática interpretaram que esses estudos sugerem que o desejo de amamentar influencia na escolha da cama compartilhada.

Conclusões

Como não encontraram estudos elegíveis para avaliação, não foi possível avaliar a eficácia e a segurança de fazer cama compartilhada com neonatos a termo. Recomendam que sejam feitos estudos controlados randomizados com esses objetivos em países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Como observamos na prática pediátrica, um dos pontos que pode dificultar a execução desses estudos controlados randomizados é a necessidade de controle do comportamento familiar, sendo que muitas famílias fazem práticas mistas como cama compartilhada nas noites mais difíceis, de maior demanda do bebê e dormir em superfícies separadas quando é possível. Portanto, impor um comportamento para uma família por conta de um estudo é algo muito delicado e difícil de ser controlado.

Referências bibliográficas:

  • Ball HL, et al. Bed-sharing by breastfeeding mothers: who bed-shares and what is the relationship with breastfeeding duration? Acta Paediatrica 2016;105(6):628-34. CENTRAL. doi: 10.1111/apa.13354
  • Das RR, et al. Bed sharing versus no bed sharing for healthy term neonates. Cochrane Database of Systematic Reviews 2021, Issue 4. Art. No.: CD012866. doi: 10.1002/14651858.CD012866.pub2
  • Moon RY, et al. Impact of a randomized controlled trial to reduce bedsharing on breastfeeding rates and duration for African-American infants. Journal of Community Health 2017;42(4):707-15. CENTRAL. doi: 10.1007/s10900-016-0307-2

 

 

 

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