Caso clínico: tratamento de queloide espontânea

No caso clínico de hoje vamos abordar dois incidentes com pacientes que apresentaram queloide, e demonstraremos como realizar o tratamento em cada caso.

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No caso clínico de hoje vamos abordar dois incidentes com pacientes que apresentaram queloide, e demonstraremos como realizar o tratamento em cada caso. Confira.

1. Paciente masculino, 39 anos com histórico de aparecimento espontâneo de queloides esporadicamente em tórax e dorso, desde a puberdade. Cirurgias prévias: criptorquidia na infância e varicocele há quatro anos. Ambas as cicatrizes de boa qualidade. Os queloides foram previamente tratados com bleomicina com bom resultado. Entretanto alguns começam a proliferar novamente.

2. Paciente feminina, 24 anos com aparecimento de queloide em lobo de orelha após uso de brincos. Tratamento com triancinolona injetável e excisão cirúrgica.

Diferentemente de cicatrizes hipertróficas que regridem espontaneamente, isso não acontece com os queloides. Estes se caracterizam por lesões brilhantes, pruriginosas e dolorosas que ultrapassam os limites da cicatriz inicial. De difícil tratamento e comum recidiva após exérese. O tratamento dos queloides espontâneos é o mesmo de lesões isoladas. Como preconizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e em vários trabalhos da literatura nenhum tratamento isolado se mostrou eficaz.

O paciente 1 foi tratado com bleomicina com bons resultados, apesar da recente recidiva de algumas lesões. Na maioria das vezes terapias associadas são a melhor solução.

Leia mais: O que causou estas queloides?

O tratamento diminui a dor e a coceira reduzindo, e em alguns casos fazendo a lesão desaparecer por completo. A resposta ao tratamento, entretanto, é imprevisível e o paciente deve ser informado que terapias alternativas poderão ser necessárias.

Os tratamentos disponíveis incluem:

  • triancinolona injetável: injeções intralesionais realizadas a cada 21 dias.
  • outras drogas injetáveis: bleomicina (como no caso em questão), 5 fluoracil e medicamentos ainda não disponíveis no Brasil como INF-alpha, INF-beta e INF-gama.

Os tratamentos acima visam diminuir a proliferação anormal de fibroblastos e a formação excessiva de colágeno fatores responsáveis pela formação dos queloides. O tratamento cirúrgico é muitas vezes eficiente mas com recidiva em alguns pacientes. Para diminuir essa recorrência podemos usar uma técnica conhecida como debulking retirando a maior parte do queloide e deixando uma pequena porção evitando novo crescimento.

Outras formas de tratamento incluem compressão mecânica, laser , crioterapia e pomadas e cremes como alguns a base de gel de silicone. Em casos refratários ao tratamento podemos usar radioterapia em baixas doses , iniciando tratamento até 24 horas após a cirurgia. O tratamento é desafiador quando as lesões são múltiplas. O apoio psicológico em casos graves é fundamental.

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Referências:

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