CBMI 2022: INOVA AMIB – aplicação prática da telemedicina na UTI

Discussão sobre rumos de implantação da telemedicina na rotina da terapia intensiva foi um dos destaques do primeiro dia do congresso.

Durante o CBMI 2022, Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva, uma das discussões foi sobre telemedicina na UTI e trouxe vários aspectos práticos da utilização da tecnologia no cenário do paciente grave. Participaram do debate Luciano Azevedo (SP), Rennan Ribeiro (SP) e Marcelo Nunes (PI). 

Ela foi realizada no espaço INOVA AMIB, desenvolvido por intensivistas que fazem parte da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, visando inovar seus comitês, comissões, departamentos e afins. O grupo tem como linha de ação a inovação e a diversidade. Além disso, tem como característica a multidisciplinaridade, abrangendo profissionais que atuam em unidades de terapia intensiva (UTIs) brasileiras adulto, pediátrica e neonatal.

Por onde começar? 

Telemedicina em UTI é algo novo. O primeiro passo é explicar o modelo para a equipe que receberá o recurso. Além disso, é importante também explicitar os resultados que devem ser perseguidos com a implementação da telemedicina naquela unidade. 

É necessário um espaço separado no local da UTI, silencioso e com a infraestrutura necessária para permitir as discussões. A equipe remota precisa ter acesso remoto aos prontuários, exames de imagem e laboratório.  

Princípios básicos para o início do processo

  • Conhecer a Lei Geral de Proteção de Dados; 
  • Ter um processo de certificação digital estabelecido; 
  • Respeitar o sigilo do prontuário, assim como o Código de Ética; 
  • Realizar um curso de imersão em saúde digital; 
  • Ter habilidades com ferramentas audiovisuais (Microsoft Teams tem sido bastante utilizado). 

Os rounds clínicos ocorrem como se fossem visitas pré-definidas. Um checklist é elaborado e assinado virtualmente, com assinatura eletrônica, pela equipe remota.  

A telemedicina deve ser customizável conforme a demanda de cada unidade. Em algumas, apenas os rounds são realizados diariamente. Em outras, a assistência é de 24 horas, com plantão remoto para resolução de dúvidas clínicas sobre o caso. Em alguns cenários, até mesmo coorientação para procedimentos invasivos, na presença de profissional local habilitado, já foi realizada.  

Engajamento das equipes locais 

É de extrema importância que as equipes locais sejam engajadas nas visitas multidisciplinares com a equipe remota. Nesse sentido, a enfermagem tem um papel importante. Muitas unidades que recebem a telemedicina possuem equipes de enfermagem com maior horizontalidade que a equipe médica. Logo, o enfermeiro tem um papel importante como elo de comunicação e transferência longitudinal das informações do cuidado.  

Telemedicina substituirá a equipe local?

A telemedicina é um serviço de consulta. Não substitui a equipe local. A autonomia das equipes deve ser respeitada. Além disso, conforme evolução da interação entre as equipes, o processo de decisão é cada vez mais compartilhado entre as equipes (local e remota). 

A telemedicina, inclusive, virou uma possibilidade de emprego para intensivistas que desejam prestar esse tipo de serviço. A grande vantagem com a telemedicina é levar o intensivista a locais que não tem a disponibilidade do profissional.  

Em caso de conflito de condutas (equipe local, equipe remota, médico assistente do paciente), o médico da assistência remota pode ter um papel conciliador, reunindo as principais evidências em prol do melhor para a assistência ao paciente grave.  

PROADI-SUS: projeto TeleUTI  

De acordo com o PROADI-SUS, a falta de especialistas é uma realidade em muitas UTIs do Brasil e os recursos humanos são fundamentais para melhorar o desempenho, seja em qualidade assistencial ou gerencial.  

Com base neste cenário, o projeto TeleUTI busca utilizar a telemedicina sob forma de tele rounds multiprofissionais para educação à distância (EaD), treinamentos e discussão de casos clínicos em UTI remotas, visando a sistematização do atendimento, a qualificação do cuidado e a redução de riscos para os pacientes internados nas UTI parceiras.  

A expectativa é garantir a melhora nos indicadores clínicos-assistenciais das UTIs acompanhadas, como, por exemplo, redução da mortalidade, redução do tempo de internação e redução de infecções. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • http://hospitais.proadi-sus.org.br/projeto/qualificacao-da-assistencia-em-terapia-intensiva-por-telemedicina