Colostroterapia e sua utilização na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

Evidências científicas sugerem a colostroterapia, que consiste na administração orofaríngea de colostro como terapia imune. Saiba mais.

Os benefícios da amamentação para a mãe e o bebê já são bastante conhecidos. Para incentivar a prática, a Aliança Mundial para Ação de Aleitamento Materno (WABA, na sigla em inglês) criou a Semana Mundial de Aleitamento Materno, a qual é comemorada na primeira semana de Agosto.

O tema deste ano é “Proteger a amamentação: uma responsabilidade de todos” em meio ao segundo ano de pandemia com todos os desafios e a necessidade de garantir o direito e a proteção ao aleitamento materno. 

colostro

Aleitamento materno

É recomendado que a amamentação comece na primeira hora após o nascimento, momento conhecido como golden hour. Nesse momento, o recém-nascido recebe o colostro, rico em anticorpos e nutrientes.

A composição do leite humano é dinâmica e possui diversas variáveis entre as nutrizes, dentre elas a idade gestacional e idade pós-natal. O leite de mulheres que dão à luz ao recém-nascido pré-termo (RNPT) possui proteínas, gordura, aminoácidos, sódio, potássio, zinco e vitaminas e é considerado como alimento ideal.

A alimentação do RNPT nos primeiros dias por via enteral é limitada devido a imaturidade do sistema gastrointestinal, limitação do volume e a baixa capacidade de digestão e absorção dos nutrientes.

Dessa forma, diante dos benefícios do leite materno e da dificuldade do início precoce da dieta enteral em RNPT, métodos alternativos para a administração do colostro estão sendo pesquisados.

O colostro é produzido pela glândula mamária no final da gestação e nos primeiros dias após o parto, em pequena quantidade, rico em componentes imunológicos. Devido sua baixa concentração de lactose, sua função primária indica ser mais imunológica e trófica do que nutricional.

Saiba mais: Leite materno com anticorpos contra Covid-19 é produzido após lactantes serem vacinadas

Colostroterapia

Evidências científicas sugerem a colostroterapia, também conhecida como terapia imunológica oral, que consiste na administração orofaríngea de colostro como terapia imune, sem função nutricional para RNPT e sobretudo no recém-nascido de muito baixo peso (RNMBP) nas primeiras seis horas de vida.

O protocolo de colostroterapia proposto pela literatura compreende administrar 0,1ml de leite materno cru (imediatamente antes ordenhado pela mãe) na face interna de cada bochecha do recém-nascido. O objetivo não é a deglutição, mas sim proporcionar o contato do leite com a mucosa oral para atingir os benefícios.

A colostroterapia deve ser realizada mesmo que o RNPT esteja em dieta zero e independe da administração de dieta enteral. Quando o neonato apresentar estabilidade clínica, sem sonda e sincronia da sucção, deglutição e respiração, o método de alimentação utilizado deverá ser a translactação.

Apesar da prática se mostrar benéfica e segura, estudos demonstram dificuldades na implantação do protocolo. É necessário sensibilizar a equipe  multidisciplinar quanto à importância do leite humano para o RNPT para que os profissionais incentivem às mães na realização da ordenha, na participação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal para garantir o vínculo e a produção de leite.

Leia também: Extração de colostro: como é em gestantes diabéticas?

Portanto, deve-se estimular a prática na unidade neonatal visando permitir um maior número de neonatos recebendo os benefícios do colostro.

Referências bibliográficas:

  • Abdallah VOS, Ferreira DMLM. Uso do colostro na alimentação de recém-nascido pré-termo: vantagens e dificuldades. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de Atualização em Neonatologia: Ciclo 13. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2015. p.9-27. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v.1). 
  • Ferreira DMLM, Abdallah VOS, Camelo Junior JS. Colostroterapia – a utilização do colostro como imunoterapia. In: Sociedade Brasileira de Pediatria; Procianoy RS, Leone CR, organizadores. PRORN Programa de Atualização em Neonatologia: Ciclo 12. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2015. p.9-26. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v.4). https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/saudpesq/article/view/8031
  • Lopes JB, Oliveira LD, Soldateli B. Colostroterapia: uma revisão de literatura. Demetra; 2018; 13(2); 463-476.
  • Nascimento MBR, Floriano ML, Giacomet MDM, Duarte MM, Reis MAM. Estudo exploratório sobre a utilização de colostroterapia em unidade neonatal de uma maternidade brasileira. Saúde e Pesqui. 2020 abr./jun.; 13(2): 389-397.
  • Salcher FG, Fiori HH. Terapia imunológica oral em recém-nascidos prematuros: análise dos resultados da implantação de um protocolo assistencial. Rio Grande do Sul. Dissertação [Mestrado em Saúde da Criança] – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; 2018.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.