Em julho, foi realizado, pelo departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, o simpósio “Como eu trato?”. O objetivo foi abordar as diversas subespecialidades pediátricas, apresentando quadros clínicos e a abordagem prática, demonstrando as condutas realizadas em diversos temas.
Já falamos sobre os casos apresentados de Alergia/Imunologia, Dermatologia, Gastroenterologia, Infectologia, Reumatologia, Genética, Pneumologia e Cardiologia, vamos finalizar nosso especial com Neurologia.
- 1º quadro clínico
O primeiro quadro clínico apresentou uma criança de 8 anos com sono agitado, baixo rendimento acadêmico que não era chamada para eventos sociais dos amigos da escola. O diagnóstico foi de transtorno do deficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Foi demonstrado o questionário SNAP IV, usado para aplicar aos pais e a escola para ajudar no diagnóstico de TDAH (o questionário é encontrado na internet com facilidade), são avaliados 18 sinais que são pontuados como “nem um pouco”, “só um pouco”, “bastante” e “demais”. Se existirem pelo menos seis itens marcados como “bastante” ou “demais” nós tópicos de 1 a 9, existem mais sintomas de desatenção que o esperado. Se existirem pelo menos seis itens marcados como “bastante” ou “demais” de 10 a 18, significa que existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado. No entanto, o questionário SNAP IV é apenas um dos critérios para o diagnóstico:
1 – Sintomas (SNAP IV alterado)
2 – Sintomas devem estar presentes antes dos 12 anos de idade
3 – Os problemas causados devem estar presentes em, pelo menos, dois ambientes diferentes (ex: casa e escola)
4 – Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas
5 – Caso exista outro problema(depressão, deficiência mental, psicose etc..) os sintomas não deve ser atribuído a ele
O diagnóstico é essencialmente clínico e o tratamento é feito com terapia medicamentosa combinada com terapia cognitivo comportamental. O tratamento farmacológico pode ser feito com Metilfenidato de liberação medial ou liberação lenta ou Ritalina, e a medicação deverá ser suspensa nos finais de semana e nas férias.
- 2º caso clínico
O segundo caso foi de crise convulsiva febril, a abordagem foi de discutir um pouco mais a doença e não o caso em si. Foi definida como crise convulsiva sem história de crises afebris anteriores, sem infecção do SNC ou distúrbios eletrolíticos que justifique o evento. Pode ser dividida em:
1 – Simples: período de tempo menor que 15 minutos, febril, generalizadas, e não recorrentes no mesmo quadro clínico nas primeiras 24 horas
2 – Complexas: período de tempo maior que 15 minutos, febril, pode ser focal, recorrem no mesmo quadro clínico
3 – Status epilético: período de tempo com duração entre 20 a 30 minutos
Para uma abordagem inicial anamnese e do exame físico bem feitos para descartar calafrios, síncope, perda do fôlego e intoxicação. Solicitar hemograma completo, ionograma e glicemia
Para ajudar na decisão de internação hospitalar ou não foi exposto um fluxograma aplicável apenas nas crises febris simples. Sendo que no primeiro episódio, se a criança for maior que 18 meses, a princípio não tem uma indicação formal para internar, já as crianças menores de 18 meses a internação para observação é sempre recomendada. Já em quando a criança já teve episódios anteriores de crise convulsiva febril simples não existe a necessidade de internação hospitalar.
A punção lombar deve ser feita sempre em menores de 12 meses (de 12 a 18 meses deve ser avaliada a necessidade ou não), sempre que houver presença de sinais meníngeos e em todos os quadros de status epilético. O EEG só está indicado em alguns quadros de crise convulsiva complexa avaliados pelo especialista e em todos os casos de status epilético. A imagem só deve ser feita com indicação do especialista ou nos quadros de status epilético e sempre deve-se optar pela ressonância nuclear magnética de crânio.
O tratamento abortivo da crise deve ser feito com Diazepam (dose de 0,2 a 0,5 mg/kg/dose) ou Midazolam (dose 0,2mg/kg/dose que pode ser feito intranasal caso não se consiga acesso venoso).
A conclusão da aula ficou entorno da educação dos pais que devem ser orientados quanto a benignidade do quadro, que não deixa sequelas e que não impede o desenvolvimento dos filhos. Os riscos para Epilepsia destacados foram:
1 – Crises febris múltiplas
2 – História familiar para epilepsia
3 – Idade < 3 anos
4 – Crise febril complexa
5 – Doença neurológica de base