Como proceder com jalecos e peças de roupas contaminadas?

Os jalecos, assim como máscaras, luvas, gorros e aventais, podem transportar germes, bactérias, vírus e fungos, sendo um grave risco para a saúde pública.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica o jaleco como Equipamento de Proteção Individual (EPI). Segundo a própria organização, a peça do vestuário é uma importante barreira protetora contra os micro-organismos que ficam expostos no dia a dia de trabalho dos profissionais de saúde.

A Norma Regulamentadora número 32 da Anvisa, que trata da segurança e da saúde no trabalho em serviços de saúde, estabelece que os trabalhadores não devem deixar o local de trabalho com os equipamentos de proteção individual e as vestimentas utilizadas em suas atividades laborais. Isso porque os jalecos, assim como máscaras, luvas, gorros e aventais, podem transportar germes, bactérias, vírus e fungos, sendo um grave risco para a saúde pública.

Em alguns estados e cidades brasileiras há leis que proíbem uso dos jalecos fora do ambiente de trabalho. É o que ocorre nos estados do Maranhão, Paraná, Espírito Santo, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, e nas cidades de Goiânia e Recife.

jalecos

Pesquisas comprovam o alto índice de contaminação dos jalecos

Muitas pesquisas e estudos realizados dentro e fora do Brasil já conseguiram comprovar o alto índice de contaminação dos jalecos dos profissionais de saúde. Uma pesquisa realizada pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) constatou que é possível encontrar nos jalecos bactérias nocivas para a saúde. Os locais com mais bactérias localizadas foram o bolso, onde o risco de contaminação era de 51%, e na região do abdômen, com 43%.

Uma segunda pesquisa realizada, desta vez pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), detectou a presença de bactérias em 95,8% dos jalecos médicos analisados. Dentre elas, estava a bactéria Staphylococcus aureus, principal responsável pelas infecções hospitalares.

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Um estudo realizado pelo Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou que alguns tipos de bactérias se mantêm por até dois meses no jaleco e, pelos menos, 90% delas resistem no tecido durante 12 horas. Os próprios estudos confirmam que os jalecos são transmissores potenciais de organismos multirresistentes.

Essa taxa elevada de contaminação pode estar relacionada ao contato direto com os pacientes, aliada ao fato de os micro-organismos poderem permanecer entre 10 e 98 dias em tecidos, como algodão e poliéster. Diante dos resultados obtidos em todas as pesquisas e estudos mencionados, sugere-se um maior investimento em programas de educação permanente voltados para os aspectos de biossegurança, a higienização das mãos, a prevenção e o controle da resistência bacteriana.

Recomendações importantes

A recomendação para os profissionais de saúde é nunca sair do centro cirúrgico, das unidades de terapia intensiva e das áreas de isolamento utilizando vestimentas de proteção individual. O profissional deve acomodar os jalecos em locais apropriados, que são disponibilizadas na saída de cada unidade. Conforme a OMS, os jalecos, se bem utilizados, previnem a contaminação das roupas, protegendo a pele da exposição a sangue e fluidos corpóreos, respingos e derramamentos de material infectado.

Dicas para o uso correto do jaleco:

  • Use o jaleco somente nas áreas de trabalho;
  • Retire o jaleco para ir ao refeitório, banheiro, áreas administrativas do local de trabalho e áreas externas;
  • Os jalecos nunca devem ser colocados no armário onde são guardados objetos pessoais;
  • Não guarde as vestimentas usadas junto com as limpas;
  • Escolha jalecos que sejam do seu tamanho, nem grande ou pequeno demais;
  • Use sempre jaleco de manga longa e nunca a suba para ventilação ou conforto para proteger os braços;
  • Compre jalecos com os punhos justos com elástico para evitar que a manga entre em contato com contaminantes.

O ideal seria que cada local de trabalho fosse responsável por recolher, descontaminar e lavar os jalecos para garantir a sua higienização correta. No entanto, como nem todo hospital ou clínica tem lavanderia, é necessário separar o jaleco do restante das peças do vestuário em casa. Além disso, recomenda-se passar com ferro em temperatura branda.

Além dos jalecos, o uso de máscaras, luvas, gorros, aventais e roupas específicas para o centro cirúrgico deve ser controlado de forma eficaz e segura.

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