Crianças internadas com pneumonia: é realmente eficaz associar macrolídeo ao tratamento com beta-lactâmico?

A pneumonia é uma das doenças mais comuns na infância, estando entre os principais motivos de internação pediátrica.

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A pneumonia é uma das doenças mais comuns na infância, estando entre os principais motivos de internação pediátrica.

A Sociedade de Doenças Infecciosas Pediátricas / Doenças Infecciosas da América do Norte lançou uma diretriz recomendando o uso de beta-lactâmicos como ampicilina e amoxicilina para os casos de pneumonia em crianças nos ambientes ambulatoriais, já que esses medicamentos são altamente eficazes contra os patógenos mais comuns de pneumonia bacteriana, incluindo Streptococcus pneumoniae.

Entretanto, não possuem atividade contra bactérias atípicas, como Mycoplasma pneumoniae, que geralmente causam pneumonia em crianças em idade escolar e adultos jovens. Baseados nesse fato é que alguns médicos utilizam os macrolídeos nesse tipo de tratamento, mesmo havendo poucos estudos clínicos que demonstrem sua eficácia em crianças.

Muitos serviços usam tanto a monoterapia com beta-lactâmicos quanto a sua associação a macrolídeos como estratégia empírica para o tratamento de crianças hospitalizadas com pneumonia, mas há poucos estudos que comprovem a real eficácia dessas abordagens.

Mais da autora: ‘Uso de medicamentos em creches e escolas: o que levar em consideração?’

Com o intuito de avaliar se o tratamento com antibiótico beta-lactâmico em combinação com macrolídeo é mais eficaz do que a monoterapia com beta-lactâmico em crianças internadas com pneumonia, Williams et al fizeram um estudo de coorte prospectivo de mais de 1400 crianças hospitalizadas com pneumonia e publicaram no JAMA Pediatrics de 30 de outubro de 2017.

O estudo multicêntrico analisou dados de hospitalizações por pneumonia adquirida na comunidade realizadas de 1 de janeiro de 2010 a 30 de junho de 2012, em três hospitais pediátricos em Nashville, Tennessee; Memphis, Tennessee; e Salt Lake City, Utah, incluindo todas as crianças que foram hospitalizadas com pneumonia radiograficamente confirmada e que receberam monoterapia com beta-lactâmico ou este associado a macrolídeos. Foram excluídas crianças com hospitalização recente, imunossupressão grave, fibrose cística, traqueostomia ou um diagnóstico alternativo evidente.

A monoterapia com beta-lactâmico foi definida como o uso exclusivo de uma cefalosporina oral ou parenteral de segunda ou terceira geração, penicilina, ampicilina, ampicilina-sulbactam, amoxicilina ou amoxicilina-clavulanato. A associação de macrolídeo foi oral ou parenteral, com o uso de azitromicina ou claritromicina.

Não houve diferenças significativas no período de permanência, admissão de cuidados intensivos, re-hospitalizações ou recuperação no acompanhamento entre as crianças que receberam terapia de combinação de beta-lactâmco mais macrolídeo em comparação com beta-lactâmicos em monoterapia. Assim, os resultados deste estudo questionam o uso empírico de rotina da terapia combinada de macrolídeos nesta população e nos fazem repensar a sua larga utilização em nosso dia a dia.

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Referências:

  • Williams DJ, Edwards KM, Self WH, Zhu Y, Arnold SR, McCullers JA, Ampofo K, Pavia AT, Anderson EJ, Hicks LA, Bramley AM, Jain S, Grijalva CG. Eficácia da monoterapia com β-lactam versus terapia de combinação de macrólidos para crianças hospitalizadas com pneumonia. JAMA Pediatr. Publicado em 30 de outubro de 2017. doi: 10.1001 / jamapediatrics.2017.3225
    https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/fullarticle/2659321

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