Detecção de vírus da pólio no Pará tem relação com falta de vacinação?

Vírus da doença foi detectado em fezes de criança de 3 anos que apresentou esquema vacinal incompleto e sintomas.

Em um contexto em que a cobertura vacinal no Brasil se mostra inadequada e as campanhas de vacinação estão tendo dificuldades em alcançar suas metas, a preocupação com a reintrodução de doenças já controladas no território nacional cresce entre as autoridades de vigilância. 

A poliomielite é uma doença viral que, embora tenha o último caso reportado no país em 1989, tem risco de reintrodução e recirculação no território nacional, uma vez que ainda é endêmica em alguns países do mundo. Recentemente, relatos de detecção viral em Israel e nos Estados Unidos chamaram a atenção para a possibilidade de recrudescência da doença.

Crianças são imunizadas na tenda de vacinação instalada na Quinta da Boa Vista para a campanha contra a poliomielite

Notificação obrigatória

Como parte das ações de vigilância, todos os casos de paralisia flácida aguda (PFA) devem ser notificados obrigatoriamente ao SINAN para que haja investigação epidemiológica adequada. Em 05 de outubro de 2022, o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Pará (CIEVS-PA) publicou uma Comunicação de Risco descrevendo o isolamento de Poliovírus em material de fezes em um caso de PFA notificado no estado. 

Caso investigado no Pará 

Trata-se de um menino de 3 anos, que iniciou sintomas de mialgia, febre e paralisia flácida aguda com comprometimento de membros inferiores com progressão de 24h após administração das vacinas tríplice viral e pólio oral (VOP). Como parte da investigação epidemiológica, realizou-se coleta de fezes, com detecção de Poliovírus. 

Segundo o comunicado do CIEVS-PA, a criança apresentava esquema vacinal incompleto e sem doses da formulação injetável da vacina contra poliomielite (VIP) e com duas doses de VOP, o que não está de acordo com o preconizado pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). 

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O Ministério da Saúde informou não se tratar de poliomielite. De acordo com a pasta, o caso é de “paralisia flácida aguda” por causa de uma reação da vacinação inadequada.

Esquema de vacinação

Atualmente, o PNI orienta a vacinação de crianças com 3 doses de VIP – aos 2, 4 e 6 meses – e com 2 doses de reforço com VOP, aos 15 meses e com 4 anos de idade. Enquanto a VIP contém os tipos 1, 2 e 3 do Poliovírus, a VOP contém apenas os tipos 1 e 3, já que o tipo 2 atenuado está associado à ocorrência de doença vacinal.

Baixas coberturas vacinais já foram associadas à ocorrência de surtos, como os vistos com sarampo. A vacinação adequada é a melhor estratégia de prevenção e controle de doenças, sendo necessária para evitar a reintrodução de condições já controladas no país, mas não erradicadas no mundo. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Secretaria de Saúde Pública. CIEVS-PA. Comunicação de Risco. Assunto: Detecção do vírus da poliomielite (SABIN LIKE 3) no estado do Pará. 05 de Outubro de 2022.   Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Vacinação 2022 – Criança. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-vacinacao/calendario-vacinal-2022/calendario-nacional-de-vacinacao-2022-crianca/view